Milhares de imigrantes sem documentos aguardavam com preocupação neste domingo (14) a anunciada operação que, segundo o presidente Donald Trump, levará a uma onda de deportações nos Estados Unidos, mas ainda não há sinais de que a operação já teve início.
Veículos de comunicação locais, como CNN e Fox News, indicaram por volta do meio-dia que agentes do Serviço de Imigração e Controle Alfandegário (ICE, sigla em inglês) estavam atuando de acordo com o previsto, citando fontes não identificadas desta força. Mas não houve notícias de nenhuma operação significativa nas ruas.
Foi anunciado que cerca de 2 mil imigrantes sem documentos seriam detidos em pelo menos uma dezena de cidades. Ativistas patrulharam várias cidades neste domingo para documentar qualquer prisão e oferecer assistência aos possíveis detidos.
O prefeito de Nova York, Bill de Blasio, afirmou durante a tarde: “Ainda não há atividade. É muito difícil organizar a vida em torno dos anúncios de Donald Trump”, disse o pré-candidato democrata às eleições presidenciais de 2020.
Na Flórida, agentes do ICE foram vistos perto do aeroporto internacional e de uma comunidade de imigrantes, segundo o “Los Angeles Times”. Não houve notícias de prisões. “The Washington Post” e “Baltimore Sun” deram conta de pouca evidência de operações.
O subdiretor do ICE, Matthew Albence, não quis dar detalhes sobre a operação, em entrevista neste domingo ao “Fox News Sunday”.
O alcance da operação parece mais modesto do que os “milhões” que Trump prometeu que seriam detidos e expulsos quando mencionou pela primeira vez, no mês passado, a ofensiva, adiada posteriormente. Mas isso não aliviou a angústia daqueles que temem ser alvos.
Segundo a imprensa, os agentes do ICE estão preparados para prender não apenas aqueles com ordens de expulsão, mas também outros migrantes sem documentação que possam encontrar. Isso poderia incluir migrantes que estão no país há anos, com empregos e filhos que são cidadãos americanos. “Essa incerteza, esse medo, está causando estragos”, disse a prefeita de Chicago, Lori Lightfoot, à CNN. “Está traumatizando as pessoas”.
Trump insistiu na sexta-feira (12) que “a maioria dos prefeitos” quer esta operação. Mas vários prefeitos expressaram preocupação com a operação federal.
O prefeito de Miami, Francis Suarez, disse que em 2018, seu primeiro ano no cargo, sua cidade experimentou sua “menor taxa de homicídios em 51 anos”. “Então eu não entendo o motivo de escolher Miami”, acrescentou.
Algumas autoridades municipais, bem como grupos pró-migrantes e de direitos civis, tentaram instruir aqueles que poderiam ser alvos sobre seus direitos.
“Estamos pedindo às pessoas, se tiverem medo de deportação, que fiquem em casa no domingo, que andem em grupos”, disse Keisha Bottoms, prefeita de Atlanta, à CNN. “Se alguém bater em sua porta, por favor, não a abra a menos que tenha um mandado”.
O prefeito de Nova York, Bill de Blasio, disse à MSNBC que vê esta ofensiva como “um ato político para convencer muitas pessoas nos Estados Unidos de que os imigrantes são o problema”.
Há mais de um ano, os Estados Unidos enfrentam uma crise migratória na fronteira com o México, agravada, a cada mês, pelos milhares de centro-americanos que fogem da violência e da miséria em seus países.
O número de migrantes em situação ilegal detidos em junho – mais de de 100 mil – teve uma queda de 28% em relação a maio, mas a situação permanece “crítica”, anunciou o Departamento de Segurança Interna esta semana.