O vice-presidente Hamilton Mourão afirmou hoje (14) que o governo brasileiro deve analisar de forma crítica e cautelosa o acirramento da disputa comercial entre os Estados Unidos e a China, justificando que o contencioso “pode não ser definitivo”, pois entre os dois países existe “um comércio intenso, são duas economias complementares”
Segundo Mourão, “vocês olham que os Estados Unidos importam muito da China, ao mesmo tempo a China tem uma grande parcela dos títulos do Tesouro americano na mão deles, por isso eles são complementares. A gente tem que ter cautela”, explicou.
Na última sexta-feira (10), o presidente americano, Donald Trump, elevou para 25% as taxas alfandegárias sobre o equivalente a 200 bilhões de dólares de bens importados da China, atingindo mais de 5 mil itens.
Ontem (13), em resposta, a China decidiu aumentar de 5% para 25% as tarifas sobre mais de 5 mil produtos americanos com valor equivalente a 60 bilhões de dólares e que vão de baterias a espinafre e café. A medida deve entrar em vigor em 1º de junho. Uma tarifa adicional de 25% será imposta sobre mais de 2.400 produtos, incluindo gás natural liquefeito, e outra de 20% sobre cerca de mil produtos.
As novas tarifas devem prejudicar exportadores de ambos os países, assim como empresas europeias e asiáticas que comercializam produtos entre os Estados Unidos e a China ou fornecem componente e matérias-primas para que os bens sejam fabricados.
O vice-presidente disse também que o governo brasileiro tem expectativa de receber uma proposta da China para participar do programa de investimentos chineses que tem sido chamado de “nova rota da seda”. Mourão viaja na quinta-feira (16) para a China para participar da reunião da Comissão Sino-brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação (Cosban).
“Ficaremos na expectativa sobre a propostas que os chineses irão apresentar. Só depois, quando o presidente [Jair Bolsonaro] for em agosto [para a China], é que poderá ter uma decisão sobre nossa participação”, explicou Mourão, ao deixar seu gabinete no Palácio do Planalto, em Brasília.
Para o vice-presidente, o acordo e os investimentos precisam abranger áreas de interesse para o Brasil. “O investimento tem que vir aonde nós queremos e tem que ser um investimento que contrate brasileiros e não chineses”.
A Cosban é uma instância de cooperação e diálogo regular de alto nível entre Brasil e China, mas as reuniões não acontecem desde 2015. No Brasil, a missão é presidida pelo vice-presidente da República. Além de compromissos no âmbito da Cosban, na China, Mourão também se encontra com o presidente Xi Jinping.
O vice-presidente destacou o interesse do governo brasileiro em iniciar um relacionamento de confiança com os chineses. “Que os chineses entendam que nós os temos como um parceiro estratégico, são nosso maior fluxo comercial. Nós sabemos a importância da China que hoje tem mais de um terço do PIB [Produto Interno Bruto] do mundo, num curto e médio prazo pode chegar até mais da metade, e a gente tem que se colocar bem nisso aí”, explicou.
Antes de desembarcar na China, Mourão fará uma escala no Líbano, onde será recebido pelo presidente Michel Aoun na sexta-feira (17). No sábado pela manhã (18), o vice-presidente visita a força naval brasileira que atua na missão de paz das Nações Unidas no país. A previsão de retorno do vice-presidente ao país é dia 26.
Com informações da Agência Brasil