Como o país organiza a maior eleição do mundo que começa hoje (11)
O pleito na índia é conhecido como a maior festa da democracia do planeta – mas como é preparar um evento gigantesco como este? Há mais de uma década, a cada eleição na Índia, oficiais de órgãos eleitorais entram na floresta de Gir, repleta de leões, para recolher o voto de um único homem. São cerca de cinco funcionários, acompanhados por dois policiais. Eles carregam todo o material de votação, incluindo a Máquina de Votação Eletrônica (EVM na sigla em inglês, como é conhecido o aparelho – eletrônico como no Brasil, mas diferente da nossa urna elerônica em aparência e funcionamento).
Depois de uma longa jornada, eles terminam de montar um guichê de votação para o guru Bharatdas Darshandas dentro de um raio de 2 km de sua residência, como mandam as regras. O eleitor solitário, agora com 60 e poucos anos, cuida de um templo dentro da floresta no Estado de Guzerate. “Havia 45 de nós no templo, morando aqui. Recebíamos um grande número de peregrinos. Até que as autoridades florestais começaram a dificultar as coisas. Então, todos eles partiram, e eu sou o último eleitor “, disse ele à BBC em 2009. Ele espera ver melhores estradas na selva para que mais peregrinos possam visitá-lo. “Mas eu me sinto bem que as autoridades venham aqui para coletar meu voto. Fico honrado.A história de Bharatdas oferece um vislumbre da complexidade da eleição geral da Índia.
Do Himalaia ao litoral – A Índia vai às urnas novamente para uma eleição geral. O processo é longo e as datas de votação vão desta quinta-feira (11) até 19 de maio – em alguns Estados, a eleição se dará por etapas. Com 900 milhões de eleitores, será o maior pleito que o mundo já viu. Mas como um país administra eleições para 12% da população mundial? Cerca de um milhão de pontos de voto são instalados para cobrir a vasta extensão de terra – e seus 29 estados e sete territórios da União. A área inclui “uma grande zona montanhosa no norte (o Himalaia), vastas planícies no norte e partes centrais, uma região desértica no oeste, florestas por toda parte e uma longa costa em torno da península no sul”, escreveu S. Y. Quraishi, ex-chefe da comissão eleitoral, em seu livro “Uma maravilha indocumentada: a grande eleição indiana” (tradução livre).
Com tantos obstáculos geográficos, garantir acesso às urnas a todos os eleitores pode ser um desafio. O local de votação considerado mais inacessível, no Estado de Himachal Pradesh, fica a 4.440 metros acima do nível do mar. Para caminhar os vários quilômetros até ali, funcionários carregam nas costas cilindros de oxigênio, sacos de dormir, comida e tochas, junto com as máquinas de votação.
“Todas as formas de transporte, do primitivo ao ultramoderno – elefantes, camelos, barcos, bicicletas, helicópteros, trens e aviões -, são usadas ??para alcançar os eleitores”, relata Quraishi. Cerca de 10 milhões de funcionários farão parte da organização das eleições deste ano – número de pessoas quase igual à população da Suécia. Estão aí incluídos militares, observadores, produtores de vídeo e autoridades eleitorais. Eles são destinados a diferentes localidades de forma aleatória, para evitar qualquer viés. Em campo, precisam lidar com realidades complexas.
Fonte: G1