Curso com 17 módulos oferece aulas sobre como lidar com problemas que podem aparecer após a separação
Por France Presse
Até pouco tempo atrás na Dinamarca, os casais podiam se divorciar em um piscar de olhos, sem ter que passar por um período de reflexão ou comparecer diante de um juiz. Agora, porém, as pessoas casadas com filhos no país precisam passar por um curso obrigatório antes de desfazer a união.
Uma nova lei sobre divórcio entrou em vigor em 1º de abril e estabelece que cada mãe ou pai precisa concluir um módulo de 30 minutos antes de validar o divórcio. Além disso, ambos precisam passar por um período de três meses para efetivar o processo.
Em 17 módulos gratuitos, as aulas abordam problemas que podem aparecer após o divórcio, como organização de aniversários e excursões escolares. Os pais podem acessar o curso por um site ou um aplicativo.
Para desenvolver o programa chamado “Cooperação depois do divórcio”, pesquisadores da Universidade de Copenhague criaram uma plataforma on-line aprovada pelos políticos dinamarqueses, que a consideraram “fundamental” para casais em processo de separação.
“O curso digital responde a algumas das perguntas mais essenciais que se apresentam durante um divórcio”, defende o ministro da Infância e Relações Sociais em uma declaração à AFP.
A plataforma também funcionará para pais não casados que queiram passar pelo curso. Estima-se que 54% das crianças dinamarquesas nascem fora do matrimônio formal.
Divórcios na Dinamarca
A Dinamarca registrou quase 15 mil divórcios em 2018, número correspondente a quase metade (46,5%) dos casamentos celebrados naquele ano. Dados locais mostram que 70% das crianças vivem com ambos os pais – em 1980, esse índice era de 85%.
Em caso de separação, a opção pela guarda compartilhada dobrou em menos de 10 anos. Em 2009, 16% dos pais fizeram essa opção, 33% em 2018, segundo dados do Centro de Análises e Pesquisas (Vive).
Assim, representantes da sociedade dinamarquesa celebraram a criação do curso para pais em processo de divórcio. “É um bom começo, uma decisão fácil e barata”, estimou Trine Schaldemose, subdiretora da Moedrehjaelpen, uma associação de apoio familiar.
O curso é útil “mas só se o nível de conflito [entre os pais] não for alto demais”, ponderou.