[:pb]
Por: Anaïs Fléchet e Olivier Compagnon
Durante muito tempo, o estudo das relações internacionais foi concebido sob o prisma das relações políticas, diplomáticas e militares entre nações, especialmente durante períodos de conflito. A partir dos anos 80, essa área da historiografia conheceu profundas transformações e hoje se destaca como um campo de pesquisa promissor.
Após a Segunda Guerra Mundial, com a publicação de Introdução à história das relações internacionais (Difel, esgotado), em 1953, o historiador francês Pierre Renouvin foi o primeiro a ressaltar a importância do estudo das “forças profundas” no âmbito geográfico, econômico e mental da diplomacia. Contudo, o aspecto cultural das relações internacionais continuou pouco analisado até os anos 80, quando as pesquisas sobre história cultural começaram a florescer em vários países, como descreve o historiador inglês Peter Burke em seu livro O que é história cultural (Jorge Zahar, 2005).
O desenvolvimento da história cultural influenciou a maneira de pensar as relações entre os Estados: as sensibilidades e representações culturais foram reconhecidas como objetos históricos legítimos e a difusão e a recepção das práticas e produções culturais passaram a ser discutidas em profundidade. Num artigo que impressionou a comunidade científica internacional, “Le monde comme représentation” (O mundo como representação, publicado em 1989, na Annales), o pesquisador francês Roger Chartier propôs o estudo da história das apropriações.
A nova abordagem colocava em foco a complexidade dos processos de circulação cultural e permitiu romper alguns dos paradigmas que estruturavam o campo historiográfico. Conceitos como “influência” e “modelo” não davam conta da dimensão cultural das relações internacionais, pois pressupunham a existência de relações de dominação entre as áreas culturais. Além disso, noções como “diplomacia cultural” ou “política cultural” limitavam o estudo da circulação cultural aos atores institucionais.
Baseando-se na idéia de “transferências culturais”, desenvolvida por dois pesquisadores das relações literárias franco-alemãs – Michel Espagne e Michael Werner -, a nova história cultural das relações internacionais permite compreender as lógicas de apropriação e as práticas de mediadores, como viajantes, exilados, turistas, tradutores ou marchands, constituindo um novo corpus de fontes.
A reconstituição das trajetórias pessoais desses atores também mostra que a circulação de objetos e práticas culturais raramente responde a lógicas bilaterais tradicionais. Exemplo disso é a bossa nova, que chegou à Europa nos anos 60, graças aos jazzmen americanos, assim como a filosofia alemã do século XIX foi divulgada na França por meio de pensadores russos.
Dar conta desses “desvios”, bem como das idas e vindas culturais, abre o caminho para novas interpretações da lógica cultural das relações internacionais.
The new diplomacy
For a long time, the study of international relations has been designed from the perspective of political, diplomatic and military relations between nations, especially during times of conflict. From the 80s, this area of historiography has undergone profound changes and today stands out as a promising field of research.
After World War II, with the introduction of publishing the history of international relations (Difel, exhausted), in 1953, the French historian Pierre Renouvin was the first to emphasize the importance of studying the “deep forces” in geographical scope, economic and mental diplomacy. However, the cultural aspect of international relations continued under-analyzed until the 80s, when research on cultural history began to flourish in various countries, as described by the British historian Peter Burke in his book What is cultural history (Jorge Zahar, 2005) .
The development of cultural history influenced the way of thinking about the relations between states: the sensitivities and cultural representations were recognized as legitimate historical objects and the diffusion and reception of cultural practices and productions began to be discussed in depth. In an article that impressed the international scientific community, “Le monde comme représentation” (The world as representation, published in 1989 in the Annales), the French researcher Roger Chartier proposed the study of the history of appropriation.
The new approach put into focus the complexity of cultural circulation processes and allowed to break some of the paradigms that structured the historiographical field. Concepts such as “influence” and “model” could not handle the cultural dimension of international relations, they presupposed the existence of dominance relations between cultural areas. In addition, notions such as “cultural diplomacy” or “cultural policy” limited the study of cultural circulation to institutional actors.
Based on the idea of ”cultural transfers”, developed by two researchers from the Franco-German literary relations – Michel Espagne and Michael Werner – the new cultural history of international relations allows us to understand the logic of appropriation and practices of mediators, as travelers , expats, tourists, translators or dealers, creating a new corpus of sources.
Reconstitution of personal trajectories of these actors also shows that the movement of cultural objects and practices rarely responds to traditional bilateral logical. An example is the bossa nova, which arrived in Europe in the 60s, thanks to American jazzmen, as well as the German philosophy of the nineteenth century was published in France by Russian thinkers.
Realizing these “deviations” as well as cultural comings and goings, opens the way to new interpretations of the cultural logic of international relations.
La nueva diplomacia
Durante mucho tiempo, el estudio de las relaciones internacionales ha sido diseñado desde la perspectiva de las relaciones políticas, diplomáticas y militares entre las naciones, especialmente en tiempos de conflicto. Desde los años 80, esta zona de la historiografía ha experimentado profundos cambios y hoy se destaca como un prometedor campo de investigación.
Después de la Segunda Guerra Mundial, con la introducción de la publicación de la historia de las relaciones internacionales (DIFEL, agotado), en 1953, el historiador francés Pierre Renouvin fue el primero en destacar la importancia del estudio de las “fuerzas profundas” en alcance geográfico, económico y diplomacia mental. Sin embargo, el aspecto cultural de las relaciones internacionales continuó bajo analizado, hasta los 80, cuando la investigación sobre la historia cultural comenzó a florecer en distintos países, según lo descrito por el historiador británico Peter Burke en su libro ¿Qué es la historia cultural (Jorge Zahar, 2005) .
El desarrollo de la historia cultural influyó en la forma de pensar sobre las relaciones entre estados: las sensibilidades y representaciones culturales fueron reconocidos como objetos históricos legítimos y la difusión y recepción de las prácticas culturales y producciones comenzó a ser discutido en profundidad. En un artículo que impresionó a la comunidad científica internacional, “Le monde comme representación” (El mundo como representación, publicado en 1989, en los Annales), el investigador francés Roger Chartier propuso el estudio de la historia de la apropiación.
El nuevo enfoque pone de relieve la complejidad de los procesos de circulación culturales y permitió romper algunos de los paradigmas que estructuran el campo historiográfico. Conceptos como “influencia” y “modelo” no podía manejar la dimensión cultural de las relaciones internacionales, que presupone la existencia de relaciones de dominación entre las áreas culturales. Además, nociones tales como “diplomacia cultural” o “política cultural” limitan el estudio de la circulación cultural para los actores institucionales.
Basado en la idea de “transferencias culturales”, desarrollada por dos investigadores de las relaciones literarias franco-alemanes – Michel Espagne y Michael Werner – la nueva historia cultural de las relaciones internacionales nos permite comprender la lógica de la apropiación y prácticas de los mediadores, como viajeros , expatriados, turistas, traductores o distribuidores, la creación de un nuevo corpus de fuentes.
Reconstitución de trayectorias personales de estos actores también muestra que el movimiento de los objetos y prácticas culturales rara vez responde a lógica bilateral tradicional. Un ejemplo es la bossa nova, que llegó a Europa en los años 60, gracias a músicos de jazz estadounidenses, así como la filosofía alemana del siglo XIX fue publicado en Francia por pensadores rusos.
Al darse cuenta de estas “desviaciones”, así como culturales idas y venidas, se abre el camino a nuevas interpretaciones de la lógica cultural de las relaciones internacionales.[:en]
Por: Anaïs Fléchet e Olivier Compagnon –
Durante muito tempo, o estudo das relações internacionais foi concebido sob o prisma das relações políticas, diplomáticas e militares entre nações, especialmente durante períodos de conflito. A partir dos anos 80, essa área da historiografia conheceu profundas transformações e hoje se destaca como um campo de pesquisa promissor.
Após a Segunda Guerra Mundial, com a publicação de Introdução à história das relações internacionais (Difel, esgotado), em 1953, o historiador francês Pierre Renouvin foi o primeiro a ressaltar a importância do estudo das “forças profundas” no âmbito geográfico, econômico e mental da diplomacia. Contudo, o aspecto cultural das relações internacionais continuou pouco analisado até os anos 80, quando as pesquisas sobre história cultural começaram a florescer em vários países, como descreve o historiador inglês Peter Burke em seu livro O que é história cultural (Jorge Zahar, 2005).
O desenvolvimento da história cultural influenciou a maneira de pensar as relações entre os Estados: as sensibilidades e representações culturais foram reconhecidas como objetos históricos legítimos e a difusão e a recepção das práticas e produções culturais passaram a ser discutidas em profundidade. Num artigo que impressionou a comunidade científica internacional, “Le monde comme représentation” (O mundo como representação, publicado em 1989, na Annales), o pesquisador francês Roger Chartier propôs o estudo da história das apropriações.
A nova abordagem colocava em foco a complexidade dos processos de circulação cultural e permitiu romper alguns dos paradigmas que estruturavam o campo historiográfico. Conceitos como “influência” e “modelo” não davam conta da dimensão cultural das relações internacionais, pois pressupunham a existência de relações de dominação entre as áreas culturais. Além disso, noções como “diplomacia cultural” ou “política cultural” limitavam o estudo da circulação cultural aos atores institucionais.
Baseando-se na idéia de “transferências culturais”, desenvolvida por dois pesquisadores das relações literárias franco-alemãs – Michel Espagne e Michael Werner -, a nova história cultural das relações internacionais permite compreender as lógicas de apropriação e as práticas de mediadores, como viajantes, exilados, turistas, tradutores ou marchands, constituindo um novo corpus de fontes.
A reconstituição das trajetórias pessoais desses atores também mostra que a circulação de objetos e práticas culturais raramente responde a lógicas bilaterais tradicionais. Exemplo disso é a bossa nova, que chegou à Europa nos anos 60, graças aos jazzmen americanos, assim como a filosofia alemã do século XIX foi divulgada na França por meio de pensadores russos.
Dar conta desses “desvios”, bem como das idas e vindas culturais, abre o caminho para novas interpretações da lógica cultural das relações internacionais.
[:es]
Por: Anaïs Fléchet e Olivier Compagnon
Durante muito tempo, o estudo das relações internacionais foi concebido sob o prisma das relações políticas, diplomáticas e militares entre nações, especialmente durante períodos de conflito. A partir dos anos 80, essa área da historiografia conheceu profundas transformações e hoje se destaca como um campo de pesquisa promissor.
Após a Segunda Guerra Mundial, com a publicação de Introdução à história das relações internacionais (Difel, esgotado), em 1953, o historiador francês Pierre Renouvin foi o primeiro a ressaltar a importância do estudo das “forças profundas” no âmbito geográfico, econômico e mental da diplomacia. Contudo, o aspecto cultural das relações internacionais continuou pouco analisado até os anos 80, quando as pesquisas sobre história cultural começaram a florescer em vários países, como descreve o historiador inglês Peter Burke em seu livro O que é história cultural (Jorge Zahar, 2005).
O desenvolvimento da história cultural influenciou a maneira de pensar as relações entre os Estados: as sensibilidades e representações culturais foram reconhecidas como objetos históricos legítimos e a difusão e a recepção das práticas e produções culturais passaram a ser discutidas em profundidade. Num artigo que impressionou a comunidade científica internacional, “Le monde comme représentation” (O mundo como representação, publicado em 1989, na Annales), o pesquisador francês Roger Chartier propôs o estudo da história das apropriações.
A nova abordagem colocava em foco a complexidade dos processos de circulação cultural e permitiu romper alguns dos paradigmas que estruturavam o campo historiográfico. Conceitos como “influência” e “modelo” não davam conta da dimensão cultural das relações internacionais, pois pressupunham a existência de relações de dominação entre as áreas culturais. Além disso, noções como “diplomacia cultural” ou “política cultural” limitavam o estudo da circulação cultural aos atores institucionais.
Baseando-se na idéia de “transferências culturais”, desenvolvida por dois pesquisadores das relações literárias franco-alemãs – Michel Espagne e Michael Werner -, a nova história cultural das relações internacionais permite compreender as lógicas de apropriação e as práticas de mediadores, como viajantes, exilados, turistas, tradutores ou marchands, constituindo um novo corpus de fontes.
A reconstituição das trajetórias pessoais desses atores também mostra que a circulação de objetos e práticas culturais raramente responde a lógicas bilaterais tradicionais. Exemplo disso é a bossa nova, que chegou à Europa nos anos 60, graças aos jazzmen americanos, assim como a filosofia alemã do século XIX foi divulgada na França por meio de pensadores russos.
Dar conta desses “desvios”, bem como das idas e vindas culturais, abre o caminho para novas interpretações da lógica cultural das relações internacionais.
[:it]
Por: Anaïs Fléchet e Olivier Compagnon
Durante muito tempo, o estudo das relações internacionais foi concebido sob o prisma das relações políticas, diplomáticas e militares entre nações, especialmente durante períodos de conflito. A partir dos anos 80, essa área da historiografia conheceu profundas transformações e hoje se destaca como um campo de pesquisa promissor.
Após a Segunda Guerra Mundial, com a publicação de Introdução à história das relações internacionais (Difel, esgotado), em 1953, o historiador francês Pierre Renouvin foi o primeiro a ressaltar a importância do estudo das “forças profundas” no âmbito geográfico, econômico e mental da diplomacia. Contudo, o aspecto cultural das relações internacionais continuou pouco analisado até os anos 80, quando as pesquisas sobre história cultural começaram a florescer em vários países, como descreve o historiador inglês Peter Burke em seu livro O que é história cultural (Jorge Zahar, 2005).
O desenvolvimento da história cultural influenciou a maneira de pensar as relações entre os Estados: as sensibilidades e representações culturais foram reconhecidas como objetos históricos legítimos e a difusão e a recepção das práticas e produções culturais passaram a ser discutidas em profundidade. Num artigo que impressionou a comunidade científica internacional, “Le monde comme représentation” (O mundo como representação, publicado em 1989, na Annales), o pesquisador francês Roger Chartier propôs o estudo da história das apropriações.
A nova abordagem colocava em foco a complexidade dos processos de circulação cultural e permitiu romper alguns dos paradigmas que estruturavam o campo historiográfico. Conceitos como “influência” e “modelo” não davam conta da dimensão cultural das relações internacionais, pois pressupunham a existência de relações de dominação entre as áreas culturais. Além disso, noções como “diplomacia cultural” ou “política cultural” limitavam o estudo da circulação cultural aos atores institucionais.
Baseando-se na idéia de “transferências culturais”, desenvolvida por dois pesquisadores das relações literárias franco-alemãs – Michel Espagne e Michael Werner -, a nova história cultural das relações internacionais permite compreender as lógicas de apropriação e as práticas de mediadores, como viajantes, exilados, turistas, tradutores ou marchands, constituindo um novo corpus de fontes.
A reconstituição das trajetórias pessoais desses atores também mostra que a circulação de objetos e práticas culturais raramente responde a lógicas bilaterais tradicionais. Exemplo disso é a bossa nova, que chegou à Europa nos anos 60, graças aos jazzmen americanos, assim como a filosofia alemã do século XIX foi divulgada na França por meio de pensadores russos.
Dar conta desses “desvios”, bem como das idas e vindas culturais, abre o caminho para novas interpretações da lógica cultural das relações internacionais.
The new diplomacy
For a long time, the study of international relations has been designed from the perspective of political, diplomatic and military relations between nations, especially during times of conflict. From the 80s, this area of historiography has undergone profound changes and today stands out as a promising field of research.
After World War II, with the introduction of publishing the history of international relations (Difel, exhausted), in 1953, the French historian Pierre Renouvin was the first to emphasize the importance of studying the “deep forces” in geographical scope, economic and mental diplomacy. However, the cultural aspect of international relations continued under-analyzed until the 80s, when research on cultural history began to flourish in various countries, as described by the British historian Peter Burke in his book What is cultural history (Jorge Zahar, 2005) .
The development of cultural history influenced the way of thinking about the relations between states: the sensitivities and cultural representations were recognized as legitimate historical objects and the diffusion and reception of cultural practices and productions began to be discussed in depth. In an article that impressed the international scientific community, “Le monde comme représentation” (The world as representation, published in 1989 in the Annales), the French researcher Roger Chartier proposed the study of the history of appropriation.
The new approach put into focus the complexity of cultural circulation processes and allowed to break some of the paradigms that structured the historiographical field. Concepts such as “influence” and “model” could not handle the cultural dimension of international relations, they presupposed the existence of dominance relations between cultural areas. In addition, notions such as “cultural diplomacy” or “cultural policy” limited the study of cultural circulation to institutional actors.
Based on the idea of ”cultural transfers”, developed by two researchers from the Franco-German literary relations – Michel Espagne and Michael Werner – the new cultural history of international relations allows us to understand the logic of appropriation and practices of mediators, as travelers , expats, tourists, translators or dealers, creating a new corpus of sources.
Reconstitution of personal trajectories of these actors also shows that the movement of cultural objects and practices rarely responds to traditional bilateral logical. An example is the bossa nova, which arrived in Europe in the 60s, thanks to American jazzmen, as well as the German philosophy of the nineteenth century was published in France by Russian thinkers.
Realizing these “deviations” as well as cultural comings and goings, opens the way to new interpretations of the cultural logic of international relations.
La nueva diplomacia
Durante mucho tiempo, el estudio de las relaciones internacionales ha sido diseñado desde la perspectiva de las relaciones políticas, diplomáticas y militares entre las naciones, especialmente en tiempos de conflicto. Desde los años 80, esta zona de la historiografía ha experimentado profundos cambios y hoy se destaca como un prometedor campo de investigación.
Después de la Segunda Guerra Mundial, con la introducción de la publicación de la historia de las relaciones internacionales (DIFEL, agotado), en 1953, el historiador francés Pierre Renouvin fue el primero en destacar la importancia del estudio de las “fuerzas profundas” en alcance geográfico, económico y diplomacia mental. Sin embargo, el aspecto cultural de las relaciones internacionales continuó bajo analizado, hasta los 80, cuando la investigación sobre la historia cultural comenzó a florecer en distintos países, según lo descrito por el historiador británico Peter Burke en su libro ¿Qué es la historia cultural (Jorge Zahar, 2005) .
El desarrollo de la historia cultural influyó en la forma de pensar sobre las relaciones entre estados: las sensibilidades y representaciones culturales fueron reconocidos como objetos históricos legítimos y la difusión y recepción de las prácticas culturales y producciones comenzó a ser discutido en profundidad. En un artículo que impresionó a la comunidad científica internacional, “Le monde comme representación” (El mundo como representación, publicado en 1989, en los Annales), el investigador francés Roger Chartier propuso el estudio de la historia de la apropiación.
El nuevo enfoque pone de relieve la complejidad de los procesos de circulación culturales y permitió romper algunos de los paradigmas que estructuran el campo historiográfico. Conceptos como “influencia” y “modelo” no podía manejar la dimensión cultural de las relaciones internacionales, que presupone la existencia de relaciones de dominación entre las áreas culturales. Además, nociones tales como “diplomacia cultural” o “política cultural” limitan el estudio de la circulación cultural para los actores institucionales.
Basado en la idea de “transferencias culturales”, desarrollada por dos investigadores de las relaciones literarias franco-alemanes – Michel Espagne y Michael Werner – la nueva historia cultural de las relaciones internacionales nos permite comprender la lógica de la apropiación y prácticas de los mediadores, como viajeros , expatriados, turistas, traductores o distribuidores, la creación de un nuevo corpus de fuentes.
Reconstitución de trayectorias personales de estos actores también muestra que el movimiento de los objetos y prácticas culturales rara vez responde a lógica bilateral tradicional. Un ejemplo es la bossa nova, que llegó a Europa en los años 60, gracias a músicos de jazz estadounidenses, así como la filosofía alemana del siglo XIX fue publicado en Francia por pensadores rusos.
Al darse cuenta de estas “desviaciones”, así como culturales idas y venidas, se abre el camino a nuevas interpretaciones de la lógica cultural de las relaciones internacionales.[:]