Premiê britânica também alertou que, se os deputados britânicos rejeitarem o acordo novamente, o Reino Unido poderá jamais sair do bloco europeu
Por France Presse
Faltando apenas quatro dias para o Parlamento britânico votar novamente seu controverso acordo sobre o Brexit, a primeira-ministra Theresa May pediu nesta sexta-feira (8) aos dirigentes da União Europeia um incentivo maior que ajude na aprovação do texto. “É necessário um esforço suplementar”, insistiu May, em um momento em que as negociações de última hora com Bruxelas parecem em ponto morto.
A premiê britânica também alertou que, se os deputados britânicos rejeitarem o acordo novamente na próxima terça-feira, o Reino Unido poderá jamais sair da União Europeia.
Líderes britânicos e europeus realizaram nos últimos dias uma nova rodada de negociações que devem recomeçar neste fim de semana antes de uma segunda votação decisiva, na terça-feira (12) na Câmara dos Comuns, depois que, em janeiro, já rejeitou o texto acordado entre Londres e Londres e Bruxelas.
Se os deputados rejeitarem novamente o texto na terça, no dia seguinte deverão decidir se querem um Brexit sem acordo.
Se descartarem uma saída abrupta do bloco europeu, deverão se pronunciar em 14 de março sobre uma proposta de prorrogação “limitada” da data de saída, ideia que May acabou colocando sobre a mesa diante da pressão de alguns ministros.
Mas a três semanas da data prevista para o Brexit (29 de março), os contatos entre as duas partes, que o governo britânico classificou de difíceis, não permitiram, segundo a Comissão Europeia, identificar nenhuma solução para a questão mais delicada do acordo: a salvaguarda irlandesa.
Este mecanismo visa a impedir a reintrodução de uma fronteira física entre a República da Irlanda – país membro da UE – e a província britânica da Irlanda do Norte, para proteger o acordo de paz que em 1998 pôs fim a décadas de conflito sangrento em a região.
Os deputados britânicos eurocéticos temem que esta salvaguarda deixe o país indefinidamente preso em uma união aduaneira com a UE, dificultando negociar acordos comerciais com terceiros.
UE pressionada
Ante o aparente bloqueio nestas negociações de última hora, May decidiu aumentar a pressão sobre a UE com um discurso pronunciado na pequena cidade de Grimsby, nordeste da Inglaterra, um porto pesqueiro que votou 70% a favor do Brexit no referendo de junho de 2016.
“Temos dado duro durante mais de dois anos neste acordo que prevê uma saída ordenada da UE e que estabelece uma plataforma para uma relação ambiciosa no futuro”, afirmou.
Em Bruxelas, o porta-voz da Comissão Europeia, Alexander Winterstein, não quis comentar o discurso de May, mas também mencionou um trabalho intensivo do lado do bloco europeu. “A UE já ofereceu ideias sobre como dar mais garantias em relação à salvaguarda irlandesa”.
Podemos não sair
A primeira-ministra também aproveitou a oportunidade para alertar a opinião pública e, de quebra, os eurocéticos de seu Partido Conservador, que se o Parlamento rejeitar o texto na próxima semana, existe o risco de todo o processo ir a pique. “Poderemos jamais sair da UE”, alertou, recordando as caóticas consequências para as duas partes caso ocorra um Brexit sem acordo.
O Banco da Inglaterra alertou que um Brexit assim vai mergulhar o país em uma grave crise econômica, desencadeada pelo desemprego e inflação, colapso da libra e do preço da habitação e quase 10% de redução no PIB.
“Aos europeus interessa que o Reino Unido chegue a um acordo. Estamos trabalhando com eles, mas as decisões que a União Europeia tomar nos próximos dias terá um impacto significativo no resultado da votação de terça”, enfatizou.