Presidente Muhammadu Buhari, de 76 anos, e ex-vice-presidente Atiku Abubakar, de 72, são os favoritos. Votação deveria ter acontecido em 16 de fevereiro, mas foi adiada horas antes da abertura dos colégios eleitorais
Por Agência EFE
Milhões de eleitores nigerianos, em sua maioria menores de 35 anos, se preparam para comparecer às urnas e decidir neste sábado (23), com uma semana de atraso, se seguem confiando no atual presidente, Muhammadu Buhari.
A expectativa é pela participação de cerca de 73 milhões de pessoas credenciadas com seus títulos de eleitor (dentro de um censo total de 84 milhões) para escolher o chefe de Estado para os próximos quatro anos entre um número recorde de 73 candidatos.
Buhari, de 76 anos e líder do governante Congresso de Todos os Progressistas (APC), tem como principal adversário o ex-vice-presidente e empresário Atiku Abubakar, de 72 anos e à frente do Partido Democrático Popular (PDP).
A nação mais populosa da África e primeira economia do continente renovará também o Senado e a Câmara dos Representantes.
As eleições estavam previstas para o último dia 16 de fevereiro, mas a Comissão Eleitoral Independente da Nigéria (INEC, em inglês) anunciou sua suspensão apenas cinco horas antes da abertura dos colégios eleitorais.
A Comissão atribuiu a decisão às dificuldades técnicas para transportar o material eleitoral até os 120 mil postos distribuídos por todo o país. O anúncio causou grande indignação e decepção no país, o que alimentou a preocupação com um possível impacto negativo na taxa de participação.
Diante desse cenário, o Executivo e as autoridades eleitorais prometeram que os pleitos acontecerão neste sábado sem obstáculos e encorajaram a população a exercer seu direito ao voto. “Devemos pôr de lado as dúvidas e ter fé em que a INEC estará à altura da ocasião”, afirmou na sexta-feira Buhari em um discurso com o qual buscou afugentar os fantasmas do descontentamento.
“Poderão votar em uma atmosfera de abertura e paz, livres de medo por ameaças e intimidações”, acrescentou o atual presidente.
O governo declarou feriado na sexta-feira para que os trabalhadores que têm que votar longe possam viajar aos seus locais de votação. Alguns partidos estão inclusive proporcionando transporte gratuito ou com tarifas reduzidas saindo das grandes cidades.
“As estradas não estão congestionadas porque muita gente já começou a viajar ontem (quinta)”, explicou à Agência Efe Ehis Ogbeide, um advogado de Abuja que na sexta-feira estava percorrendo os quase 400 quilômetros que lhe separam da cidade de Ekpoma (no estado de Edo), onde deve votar.
A história recente da Nigéria está marcada por atrasos eleitorais. Entre eles estão os últimos pleitos de 2015, que deram a vitória a Buhari e aconteceram seis semanas depois da data prevista – embora a mudança tenha sido anunciada com uma semana de adiantamento -, segundo a INEC, por razões de segurança.
Além disso, os pleitos nigerianos se viram historicamente manchados por acusações de irregularidades como compra de votos, manipulação ou sequestro de urnas.
Estas eleições presidenciais são as quintas consecutivas no país desde que em 1999 se pôs fim a quase três décadas de ditadura militar, e acontecem depois da primeira alternância pacífica de poderes entre partidos, ocorrida em 2015.
Buhari chegou à presidência em 2015 com promessas de derrotar a insegurança, a corrupção e os problemas econômicos do país, que começava então a notar os efeitos da queda do preço do petróleo e um ano depois cairia em recessão.
Quatro anos depois, seu principal adversário, Abubakar, espera que os nigerianos ponham fim ao seu comando por não ter cumprido estas promessas e devolvam o poder ao PDP, o partido que governou o país entre 1999 e 2015.
Os colégios abrirão às 8h da manhã (4h de Brasília) e centenas de observadores locais e internacionais – incluindo missões da União Europeia, da ONU e da União Africana – vigiarão seu desenvolvimento.
Também se espera que as eleições aconteçam normalmente nos campos que acolhem os milhares de deslocados internos provocados pelo terrorismo do grupo jihadista Boko Haram, que começou a atuar no nordeste do país em 2009.
Para isso, o governo posicionou forças militares adicionais nessas áreas, da mesma forma que no noroeste nigeriano, afetado pela atuação violenta de grupos armados que roubam gado. Além disso, as fronteiras do país permanecerão fechadas durante a jornada eleitoral.