Doze líderes separatistas estão sendo acusados de rebelião
Por France Presse
Duzentas mil pessoas, lideradas pelo presidente regional catalão Quim Torra, se manifestaram neste sábado (16) em Barcelona em protesto pelo julgamento iniciado nesta semana em Madri contra 12 líderes separatistas pela tentativa de separação em 2017 – segundo dados da polícia.
Do palco, a apresentadora do ato estimou em 500 mil pessoas a taxa de comparecimento. Por trás de um cartaz com o lema “Autodeterminação não é crime”, sustentado por dirigentes de partidos e associações separatistas, uma multidão de manifestantes lotou o centro de Barcelona, com várias bandeiras separatistas e cartazes pedindo “Liberdade para presos políticos”.
Milhares de espanhóis protestam em Madri contra atuação do governo na negociação com a Catalunha
“É muito triste o que está acontecendo. É um julgamento político, cheio de manipulações para lhes condenar por algo que não é nenhum crime”, afirma Jesús Rodríguez. “Querem apenas prendê-los e, como sabem que votar não é crime, inventam uma violência que não aconteceu”, garante um homem de 48 anos.
A existência ou ausência de violência na tentativa fracassada de separação é o eixo central do julgamento iniciado na terça-feira (12) no Supremo Tribunal de Madri contra 12 líderes do movimento separatista.
Nove deles são acusados de rebelião, que implica na existência de um “levante violento” para conseguir a separação da região.
A Procuradoria pede entre 16 e 25 anos de prisão para esses nove, que já estão presos preventivamente, entre eles o ex-vice-presidente catalão Oriol Junqueras.
Em depoimento à Justiça, Junqueras defendeu que o movimento – marcado por um referendo de autodeterminação em 1 de outubro de 2017 – “sempre foi cívico, pacífico” e “nunca, nunca, nunca” promoveu a violência.
Crise
A crise política envolvendo Madri e a Catalunha foi desencadeada pela realização de um referendo considerado ilegal pelo governo e pela Suprema Corte espanhóis. Nessa consulta popular ocorrida em outubro de 2017, 90% dos votantes foram a favor da independência (2 milhões de pessoas, ou 43% do eleitorado catalão).
Com o resultado favorável à separação, o presidente regional catalão, Carles Puigdemont, afirmou no Parlamento local que a região “ganhou direito de ser independente”.
O pronunciamento foi interpretado como uma declaração unilateral de independência da região e o governo espanhol, então dirigido pelo conservador Mariano Rajoy, destituiu o Executivo de Puigdemont, dissolveu o Parlamento catalão e suspendeu a autonomia da região.