Apex Brasil
As raízes da floresta Amazônica foram a inspiração da bandeja idealizada pelo designer Paulo Alves para que o time de chefs brasileiros apresentasse o prato preparado para disputar o maior concurso da alta gastronomia mundial: o Bocuse d’Or, que aconteceu em Lyon (França), de 29 a 30 de janeiro. O Brasil esteve entre os 24 participantes da competição, representado pelos chefs Luiz Filipe Souza, Vinicius Pires, Renato Carioni e Giovanna Grossi. Todos os países precisavam fazer uma releitura do chartreuse de vegetais e um carré de vitelo. A carne brasileira foi preparada com ingredientes típicos do norte e nordeste do país como tucupi preto, puxuri, tapioca hidratada e granulada, leite de coco e raiz de coentro. Uma das inspirações para a apresentação do prato foi a tatuagem Yanomami de Vinícius, cumim do chef Luiz Filipe, que disputava a competição pelo Brasil. Carioni fez o papel de técnico, cronometrando e marcando cada detalhe para que Luiz Filipe cozinhasse e montasse o prato corretamente dentro das 5 horas e 35 minutos destinados pelas regras para que o prato fosse então degustado pelo Júri. Cada país também tinha um chef como jurado. Giovanna Grossi, que disputou a última competição pelo Brasil, foi a jurada verde-amarela.
Ao mesmo tempo em que os chefs participavam da competição, a poucos metros de onde a equipe comandava facas e panelas, dez empresas brasileiras mostravam o diferencial dos nossos ingredientes para a alta gastronomia aos cerca de oito mil compradores internacionais que passavam pelo Sirha, evento em que as melhores companhias do mundo disputam a atenção de quem passa olhando os estandes. Para demonstrar que os sabores brasileiros podem agradar diferentes tipos de paladar, os cozinheiros da equipe brasileira e um time estrelado e renomado elaboraram receitas inéditas e interagiram com o público. Os chefs Thomás Troisgros, Ivan Ralston, Guga Rocha, Victor Vasconcelos, Onildo Rocha, Andrews Valentim, Tiago Barbosa, Luciana Berry e Julio Ketteley desenvolveram pratos e coquetéis com polpas de frutas, açaí, tapioca, molhos de pimenta brasileiros, alimentos prontos embalados a vácuo sem conservantes, cachaça, café, geleias, entre outros.
Com sucesso de público em cada show dos chefs, as empresas estimam que os contatos de negócios feitos no evento devam render cerca de US$ 4,5 milhões nos próximos 12 meses.
“O mais importante é fazermos os contatos. A cada evento, os clientes vão provando, conhecendo as diversas formas de usar os produtos, e se encantando aos poucos com os ingredientes que oferecemos”, explica Fernando Arruda, gerente de Exportação da Da Terrinha, que levou pra o Sirha a tapioca hidratada, um dos produtos mais requisitados por quem buscava novidades, junto com o açaí, as polpas de frutas e os alimentos cozidos e embalados a vácuo.
“O Brasil já é um grande exportador de alimentos, mas queremos aumentar as vendas internacionais de produtos com valor agregado. Ações de promoção para públicos especializados como essa são uma excelente forma de mostrar não apenas a técnica da gastronomia brasileira, mas também que nossos ingredientes podem transformar pratos tradicionais, como a mousseline francesa, em algo único e diferenciado quando preparado com mandioquinha, como fizemos”, explica Camila Meyer, analista de Negócios da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil). A Agência apoiou os chefs que representaram o Brasil no concurso e organizou a participação das empresas brasileiras no Sirha.
“A diversidade de clima e biomas que o Brasil possui faz com que nós, cozinheiros, possamos contar com um manancial fantástico de produtos diferenciados para que o Brasil leve às mesas do mundo inteiro, por meio da gastronomia, essa riqueza de sabores que temos a oferecer”, disse Guga Rocha, que preparou um prato de mandioquinha com feijão, castanha de caju, salada de folhas e um toque de vinagre aromatizado com frutas amazônicas junto com Ivan Ralston no estande do Brasil.