Funcionários do governo temem lidar com trabalho acumulado e uma nova paralisação; Trump deu três semanas para Congresso chegar a acordo sobre fronteira
Por Agência EFE
Centenas de milhares de servidores federais que ficaram sem receber devido à paralisação parcial do governo dos Estados Unidos voltaram nesta segunda-feira (28) ao trabalho. No entanto, ainda há temores de que a situação se repita em três semanas – caso o Congresso não chegue a um acordo pedido pelo presidente Donald Trump para a segurança na fronteira com o México.
Após o fim do “shutdown” mais longo da história do país, o centro de Washington voltou ao normal. Dezenas de milhares de pessoas retornaram ao trabalho em escritórios e serviços de responsabilidade do governo norte-americano.
Funcionários do Instituto Smithsonian – que reúne quase 20 museus públicos na capital dos EUA – também voltaram ao trabalho. Pelo Twitter, o diretor do instituto, David Skorton, celebrou o retorno: “Bem-vindos outra vez. À medida que reabrimos, expresso minha admiração e agradecimento mais profundo a toda a família do Smithsonian pela coragem e paixão pelo serviço público”, tuitou.
Falta de salários e trabalho acumulado
Durante os 35 dias da paralisação, os servidores federais tiveram de fazer contas para lidar com a falta de salários. O chefe de gabinete interino da Casa Branca, Mick Mulvaney, disse à rede de televisão “ABC” que parte dos valores será quitada no início desta semana. Algumas pessoas podem, no entanto, receber o dinheiro só na sexta-feira.
Além da falta de dinheiro, os funcionários precisarão também lidar com a quantidade de trabalho acumulado. Algumas agências projetam demora para regularizar o ritmo de funcionamento do serviço público.
Medo de novo ‘shutdown’
Outra preocupação está no aspecto político. O projeto de lei assinado pelo presidente Donald Trump na última sexta-feira só garante financiamento para os órgãos afetados pela paralisação por três semanas. E não há perspectiva de acordo entre democratas e republicanos para aprovar um orçamento definitivo.
O novo limite para as negociações, portanto, é 15 de fevereiro. “É estúpido. Por que vamos abrir por três semanas e depois eles farão isso de novo?”, questionava Towanna Thompson, funcionária do Departamento de Interior, em entrevista à rádio pública “NPR”.
O próprio Trump é pessimista em conseguir até a nova data um acordo com os democratas, que se negam a incluir no orçamento os US$ 5,7 bilhões exigidos pelo presidente para construir um muro na fronteira com o México. “Pessoalmente acho que (a chance) é de menos de 50%”, afirmou Trump em entrevista ao “The Wall Street Journal”.
Pressionado pelos democratas e por protestos dos servidores contra a paralisação, Trump cedeu na semana passada e assinou um projeto de lei orçamentária para financiar o governo por três semanas. A proposta não inclui recursos para o muro.
Perdas na economia
A paralisação parcial do governo dos EUA provocou perdas de US$ 11 bilhões à economia americana, de acordo com um relatório divulgado nesta segunda-feira pelo Escritório de Orçamento do Congresso (CBO). Do valor, US$ 3 bilhões são considerados como “não recuperáveis”.
“Embora a maior parte do Produto Interno Bruto (PIB) real perdida durante o quarto trimestre de 2019 e o primeiro de 2019 possa ser recuperada, estimamos que US$ 3 bilhões não serão”, afirmou o diretor do CBO, Keith Hall, em comunicado.