Francisco enviou carta a bispos dos EUA após escândalo
Notícias ao Minuto Brasil
Em carta destinada à Conferência Episcopal dos Estados Unidos, o papa Francisco pediu nesta quinta-feira (3) para os bispos mostrarem unidade para enfrentar a crise provocada pelos escândalos de abusos sexuais, que dizimaram a credibilidade da Igreja Católica.
Segundo Francisco, os bispos se concentraram mais em apontar dedos do que na busca por caminhos de reconciliação”.
“A credibilidade da Igreja tem sido seriamente enfraquecida e diminuída por esses pecados e crimes, mas ainda mais pelos esforços feitos para negar ou ocultar os mesmos”, diz o texto. O Pontífice ressalta que a comunidade católica do país foi “abalada” e “o povo fiel de Deus e a missão da Igreja continuam sofrendo muito como resultado de abusos de poder, consciência e abuso sexual e da maneira como foram administrados”.
“Sabemos que pecados e crimes foram cometidos e quais as suas repercussões ao nível eclesial, social e cultural”, acrescenta.
Para Jorge Bergoglio, a situação causou “grande perplexidade, preocupação e confusão” entre os fiéis e, por isso, os bispos são responsáveis de encontrar uma “abordagem renovada e resoluta” dentro da Igreja.
“A ferida na credibilidade exige uma abordagem particular, pois não se resolve por decretos voluntaristas ou simplesmente estabelecendo novas comissões ou melhorando organogramas de trabalho como se fossemos chefes de uma agência de recursos humanos”, explicou.
De acordo com o Santo Padre, “esta visão acaba reduzindo a missão do pastor e da Igreja a uma mera tarefa administrativa na empresa da evangelização”. “Deixemos claro, muitas destas coisas são necessárias, porém insuficientes”.
Ele ainda sustentou que a prioridade “é combater a cultura do abuso, a perda da credibilidade e o descrédito”.
A carta expressa as preocupações do Papa sobre propostas para combater os abusos sexuais do clero. Com isso, Francisco pede que os bispos norte-americanos assumam “uma nova presença” no mundo.
O líder da Igreja Católica se reunirá no próximo mês com bispos católicos de todo o mundo para debater medidas para proteger menores. Como preparação para o encontro, desde a quarta-feira (2), os religiosos participam de um retiro próximo a Chicago para rezar e refletir.
Em setembro de 2018, o Pontífice recebeu bispos dos Estados Unidos para discutir os escândalos de pedofilia no país e as acusações de um ex-núncio em Washington contra Francisco. A reunião aconteceu na esteira da divulgação de um relatório do Ministério Público da Pensilvânia que cita cerca de 300 membros da Igreja Católica envolvidos em abusos sexuais contra mais de mil vítimas nos últimos 70 anos. Além disso, em dezembro, quase 700 clérigos de Illinois também foram acusados de cometer pedofilia.