Por José Zeferino Pedrozo, presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de SC (Faesc) e do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar/SC)
O Brasil precisa aumentar seu protagonismo na conjuntura mundial. A economia brasileira é uma das dez maiores do planeta, mas sua participação no comércio mundial não passa de 2%. A nova Administração Federal precisa debruçar-se, de forma prioritária, sobre essa questão.
A agricultura e o agronegócio assumiram forte centralidade na economia brasileira. Apesar da vocação exportadora do setor primário, o país deve enfrentar novos obstáculos em face do protecionismo e do nacionalismo. O mercado mundial não está plenamente aberto aos produtos brasileiros, assim como o Brasil ainda é pouco aberto às importações.
O mercado global de carne é um exemplo da necessidade de aperfeiçoar o sistema de defesa comercial. As vendas externas de carnes renderam 15 bilhões de dólares em 2017, desempenho já afetado pelos efeitos da Operação Carne Fraca. Neste ano de 2018, o volume de embarques de carnes de frango cai 3% e de carne suína despenca entre 10% a 12%.
Perderam-se os mercados da carne bovina in natura para EUA e das carnes bovinas e suínas para Rússia, reabrindo apenas para quatro plantas no Rio Grande do Sul. A China interpôs antidumping à carne de frango do Brasil. A União Europeia vetou 20 frigoríficos após a operação Trapaça. Ou seja, caiu a presença brasileira nos grandes mercados da China, Rússia Europa e Estados Unidos.
A contextura internacional é frágil, volátil e delicada. A guerra comercial que o presidente norte-americano iniciou contra a China afetará negativamente o crescimento dos dois países e terá repercussões mundiais. Apesar dos intensos esforços do Ministério da Agricultura para recuperar e conquistar mercados, falta mais agressividade ao governo brasileiro.
Por exemplo, ainda não há previsão de vinda dos auditores europeus ao Brasil, medida necessária para a reabertura daquele continente – situação que exige atuação estatal.
Os analistas insistem que o Brasil deve se tornar um ator global mais enérgico. O País participa ativamente, porém ainda não é membro pleno da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). É membro do Mercosul, mas esse bloco criado em 1991 nunca evoluiu para se tornar de fato um mercado comum e o processo de integração se arrasta lentamente.
É necessário promover uma nova dinâmica para o Mercosul, com ênfase em uma maior integração do bloco com parceiros externos, principalmente com a Aliança do Pacífico, formada por Chile, Peru, Colômbia e México.
Existe um grande potencial de ganhos ao se desenvolver uma estratégia que combine integração global e regional, explorando as complementaridades entre os blocos e que aumente a capacidade de alcançar mercados extrarregionais, como defende a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).
O Brasil integra o G-20 e precisa obter os necessários benefícios de pertencer a este grupo de parceiros. Por outro lado, há expectativa com 2019, ano em que o Brasil assumirá a presidência do Brics. Importante decidir qual a pauta de prioridades que perseguirá.
Uma maior presença no mercado internacional é uma exigência para superar o anêmico desempenho da economia verde-amarela, paralelamente às medidas duras e corajosas que devem ser implementadas para o ajuste fiscal, que incluem a reforma da Previdência, a redução do tamanho do Estado brasileiro e uma gestão pública eficiente.