Parte dos imigrantes latinos que chegou à cidade em uma caravana fazia uma manifestação pacífica para pedir aos EUA que acelerem o processo de concessão de asilo
Notícias ao Minuto Brasil
O Ministério de Relações Exteriores do México apresentou nesta segunda-feira (26) uma nota diplomática ao governo americano em que pede uma investigação completa do uso de gás lacrimogêneo, que considerou arma não letal, por agentes americanos contra imigrantes que estavam em solo mexicano.
O episódio ocorreu no domingo (25) em Tijuana, no lado mexicano da fronteira. Parte dos imigrantes latinos que chegou à cidade em uma caravana fazia uma manifestação pacífica para pedir aos EUA que acelerem o processo de concessão de asilo. As autoridades mexicanas intervieram na passeata para impedir que se aproximassem da fronteira, e parte dos imigrantes (cerca de 500, segundo o México, e cerca de 1.000, segundo os EUA) tentou atravessar correndo a grade divisória para a americana San Diego, na Califórnia.
Na versão das autoridades americanas, ao menos quatro agentes na fronteira foram atingidos por pedras lançadas por membros da caravana de imigrantes. As forças americanas reagiram, lançando gás lacrimogêneo. Mais de 40 foram presos nos EUA.
As imagens de mulheres com crianças pequenas fugindo da nuvem de fumaça circularam na imprensa e levaram a críticas ao modo como as forças americanas e o governo Trump lida com a caravana de imigrantes.
O grupo humanitário britânico Oxfam classificou o uso de gás lacrimogêneo de vergonhoso. “As imagens de crianças descalças se engasgando com o gás lacrimogêneo lançado por agentes da Patrulha de Fronteira dos EUA deveria nos chocar até a alma”, disse Vicki Gass, conselheira política de América Central da Oxfam.
O presidente americano, Donald Trump, defendeu nesta segunda-feira a ação dos agentes. Ele disse que o gás usado é uma fórmula bem mais leve do gás lacrimogêneo e “muito seguro”.
“Esse é o resumo: ninguém vai entrar em nosso país a não ser que entre de forma legal”, disse o presidente durante um evento no Mississippi.
Trump reconheceu que crianças foram atingidas pela substância, mas culpou os imigrantes pelo incidente. “Por que um pai está correndo com uma criança em uma área onde ele sabe que há gás lacrimogêneo?”
Ele acusou ainda as mulheres de serem sequestradoras que roubam crianças para aumentarem suas chances de conseguirem asilo em solo americano.
Trump alertou também que fechará o posto de travessia na região se os imigrantes continuarem tentando atravessar a fronteira ilegalmente. No domingo, após o confronto, o posto de San Ysidro foi fechado por diversas horas. “Nós vamos fechar e nós vamos mantê-lo fechado se tivermos problemas. Nós vamos mantê-lo fechado por um longo período”, disse Trump.
A secretária de Segurança Nacional dos EUA, Kirstjen Nielsen, disse em comunicado que a agência confirmou a existência de ao menos 600 criminosos condenados em meio à caravana e que as mulheres e crianças estão sendo usados como escudos humanos.
O chefe de polícia de Tijuana, Mario Martinez, disse a jornalistas nesta segunda-feira que 194 centro-americanos foram presos nos 15 dias em que a c aravana de imigrantes está na cidade.
O incidente de domingo elevou a tensão na região, enquanto um grupo estimado em cerca de 7.400 imigrantes de países da América Central aguardam em Tijuana e Mexicali pela aprovação do pedido de asilo aos EUA.
No sábado (24), Trump disse que os imigrantes teriam de esperar no México pela aprovação do pedido individual de asilo. Dois dias depois, disse que o México deveria enviá-los para casa e pediu ao Congresso que financie o polêmico projeto de construção de um muro na divisa entre os países.