O grupo quer reunir, na próxima segunda-feira (10), em Barcelona, um milhão de pessoas
Notícias ao Minuto Brasil
Os movimentos separatistas catalães querem reunir um milhão de pessoas em Barcelona na próxima segunda-feira (10), no Dia da Catalunha, para mostrarem que o objetivo de independência desta região espanhola está mais vivo do que nunca.
“Estamos à espera de um milhão de pessoas nas principais avenidas no centro de Barcelona que vão pedir a independência da Catalunha”, disse, nesta quarta-feira (5), em Madri, a presidente da Assembleia Nacional Catalã (ANC), Elisenda Paluzie, a um grupo de jornalistas estrangeiros.
A ANC é a mais importante organização cívica catalã que defende a autodeterminação da região e anualmente organiza uma grande manifestação, a 11 de setembro, na “Diada”, como é conhecido o dia que assinala a conquista de Barcelona pelo rei de Espanha Filipe V em 1714, depois de um cerco de 14 meses.
“Diada pela República” é tema deste ano da manifestação, utilizada anualmente para defender a causa da independência com imagens que passam em todas as televisões do mundo de uma concentração ordeira e de grandes dimensões. “Vamos regressar ao objetivo político de criação da República, depois de termos estado mais concentrados no pedido de libertação dos presos políticos”, explicou Elisenda Paluzie.
Os independentistas consideram que os detidos em prisões espanholas pelo seu envolvimento na tentativa de autodeterminação da Catalunha são “presos políticos”.
A presidente da ANC defendeu a necessidade de se “continuar avançando na via unilateral” e desvalorizou o atual diálogo bilateral entre o executivo regional (Generalitat) e o governo espanhol. “As atuais reuniões bilaterais são muito de fachada”, com “palavras vazias e propostas que não são realistas”, considerou Paluzie.
O atual primeiro-ministro espanhol, o socialista Pedro Sánchez, que chegou ao poder em junho passado, tem tido mais diálogo com os separatistas do que o seu antecessor, o conservador Mariano Rajoy.
Mas a sua proposta, feita no início desta semana, de organizar um referendo na Catalunha para aumentar os poderes autonômicos da região, já foi recusada pelos principais dirigentes separatistas, que continuam defendendo a realização de um referendo de autodeterminação.
“De momento não vemos alteração do discurso político” do estado espanhol, disse a presidente da ANC. Ela ainda acrescentou que “quanto ao tema central da libertação dos presos políticos, também não vemos avanços”.
Os independentistas pedem há muito tempo um referendo sobre a independência da Catalunha, em moldes semelhantes aos que foram realizados no Quebec (Canadá) ou na Escócia (Reino Unido).
O processo de independência da Catalunha foi interrompido em 27 de outubro de 2017, quando o Governo central espanhol decidiu intervir na Comunidade Autônoma após a realização de um referendo de autodeterminação organizado pelo executivo regional independentista em 1º de outubro do mesmo ano e que foi considerado ilegal.
As eleições regionais, que se realizaram no dia 21 de dezembro, voltaram a ser vencidas pelos partidos separatistas. Nove dirigentes separatistas estão presos à espera de julgamento por delitos de rebelião, sedição e/ou peculato pelo seu envolvimento na tentativa falhada em 2017 de separar a Catalunha da Espanha.
O principal líder independentista, o ex-presidente da Generalitat Carles Puigdemont, vive exilado na Bélgica, depois de a Justiça espanhola não ter conseguido a sua extradição da Alemanha, para ser julgado por crime de rebelião.
O conflito entre Madri e a região mais rica de Espanha, com cerca de 7,5 milhões de habitantes, uma dimensão de um terço da área de Portugal, uma língua e culturas próprias, arrasta-se há várias décadas.