[:pb]Embaixador da Eslovênia celebra os 25 anos da independência do país
Em entrevista, Alain Brian Bergant prega solidariedade entre nações e elogia o bloco
Gabriela Freire Valente- Correio Braziliense
Ambassador of Slovenia (photo) celebrate 25 years of independence, preaches for solidarity between nations and commends the block. It was with a referendum similar to that performed by the British in the last days that Europe witnessed the beginning of a major rupture process, one of the greatest in recent history. After 25 years – celebrated in June 25 –, the country has declared its independence and began the dissolution of Yugoslavia with the support of 88% of the population. Slovenia celebrates the anniversary of the emancipation with the desire to promote the region integration and the strengthening of the European Union. In times of doubt about the future of the block, Alain Brian Bergant, ambassador of Slovenia in Brazil, sees the European project as a way for the maintenance of peace and the economic success in the region.
How do you evaluate the evolution of the politic structure of Slovenia in the last 25 years?
We came from Yugoslavia and, because things were not going well, we wanted to be independent from it. It was good at the beginning because we have been united fighting for the desire of being a part of the Western Europe. Our main objective was to ingrate the European Union and NATO. That happened in 2004. In 2007, we were the first of the young countries to adopt the Euro, and, a year later, we became members of the Schergen Space. When I traveled as a student, I needed to show my passport and exchange currency at each one of the borders. Now, there is no borders and we can travel really fast. This is pretty good.
How do you see the increasing in the surveillance at the borders, with the crisis of the refugees?
We have struggled with this crisis on the last September. We noticed what happened in Lampedusa (Italy) and the immigrants started to come from another route. All of the sudden, they were at our border and we were not. Other countries decided to diminish the reception and, then, we should stop them at the border with Croatia, so we built a fence. Thank God we now have this agreement with Turkey, we decided that this – immigrants going from a country to another – could never happen again. Slovenia will receive this year 561 immigrants that already are at the Italian or Greek border and also other 270 immigrants from Turkey. The perspective for the next year is that we are going to receive one thousand people. We should definitely show solidarity with the countries that already have a great number of refugees. Even in Slovenia, not everybody is happy with the intense flux of people, specially when some of them associate this to the terrorist attacks. I don’t think this is the case. Anyway, we are a democratic country and we know how it is, because we are young, because we have experiencing a brief civil war after the dissolution of Yugoslavia, because we have been receiving refugees from the Bosnian War.
Can the experience with Bosnia help to deal with the current crisis?
The crisis in Bosnia is different from the Middle East. We have seven countries, now, and one of them, Kosovo, are not entirely recognized as a country. Our desire, such as Slovenia, is to unite all of the countries from the eastern region of the Balkans, such as Turkey, as soon as it has all the conditions to become part of the European Union. We are one of the countries that helped them to travel without a visa to the European Union.
What do you think about United Kingdom leaving the European Union?
This is theirs decision to make. My opinion is that it would be better for us and for them to have them stay in the European Union. The block and even Slovenia are stronger with the United Kingdom. We have some gray points on the Balkans, that are some of the countries that are still in negotiation with the European Union: Macedonia, Serbia and Montenegro, which has just become a member of NATO. Slovenia was one of the most vocal countries about the entering of Montenegro on NATO, because it stabilizes the region. When all the countries of the Balkans are part of the UE, there will be peace and stability, since UE was created with this objective, after the Second Great World War. Of course EU needs some changes, but that is why we need the discussions. I hope the UE is bigger next year, that we become a safer place and with a great commercial market.
Recent declarations of the president Borut Pahor about the independence of Kosovo have wakened the reaction of Serbia. Brazil still does not recognize the independence of Kosovo. What is the importance of that matter? The politics of Slovenia is to stabilize all the eastern part of the Balkans. We were one of the first countries to recognize the independence of Kosovo, in 2007. We have had a process of negotiation with Croatia and, with the knowledge we have now, we can help other countries to enter more easily in the EU and solve its problems. Kosovo is a reality, it declared its independence and we would like to help them to become a part of the EU.
What are the expectations of Slovenia about the agreement between Mercosur and EU?
The expectations are big, because some of our companies want to enter the Brazilian market and have had problems with the Mercosur protectionism. I hope we have an agreement for free trade, because it would increase our cooperation. Last year, our trade with Brazil have increased 22%, we are very happy with that. As Slovenia will be participating on the Olympic Games, we will have a lot of meetings about science and business during the games in Rio de Janeiro. A lot of Slovenian businessmen are coming, since the majority of the big companies supports sports. We are a very sportive nation, but the problem is that our main modality is ski. This year, we hope to get medals specially at judo.
Em defesa da União Europeia
Como o senhor avalia a evolução das estruturas políticas da Eslovênia nesses 25 anos?
Viemos da Iugoslávia e, porque as coisas não iam bem, quisemos a independência. O que foi bom, no início, é que estivemos unidos, lutando todos pelo desejo de ser parte da Europa Ocidental. Nosso principal objetivo era integrar a UE e a Otan. Em 2004, isso aconteceu. Em 2007, fomos o primeiro dos jovens países a adotar o euro e, um ano depois, nos tornamos membros do Espaço Schengen. Quando eu viajava como estudante, precisava mostrar o passaporte e trocar de moeda em cada uma das fronteiras. Agora, não há fronteiras e podemos viajar muito rápido. Isso é muito bom.
Como vê o aumento da fiscalização em fronteiras, com a crise dos refugiados?
Nós enfrentamos essa crise no último mês de setembro. Observávamos o que acontecia em Lampeduza (Itália) e os imigrantes passaram a vir por outra rota. De repente, estavam na nossa fronteira e nós não estávamos. Outros países decidiram diminuir o acolhimento e, então, nós deveríamos pará-los na divisa com a Croácia, e construímos uma cerca na fronteira. Graças a Deus, temos agora esse acordo com a Turquia e decidimos que isso — imigrantes caminhando de um país para o outro — nunca deve se repetir. A Eslovênia receberá neste ano 567 imigrantes que já estão na Itália ou na Grécia e 270 imigrantes da Turquia. A perspectiva para o ano que vem é de que recebamos mil pessoas. Devemos, definitivamente, mostrar solidariedade com os países que já têm um número alto de refugiados. Mesmo na Eslovênia, nem todo mundo está feliz com o que o fluxo de pessoas, especialmente quando alguns associam isso aos ataques terroristas. Não acho que seja o caso. De qualquer forma, somos um país democrático e sabemos como é, por sermos jovens, por termos experimentando uma breve guerra após a dissolução da Iugoslávia, por termos recebido refugiados da Guerra da Bósnia.
A experiência da Bósnia pode ajudar a lidar com crises atuais?
A crise na Bósnia é diferente do Oriente Médio. Temos sete países, agora, e um deles, o Kosovo, ainda não é reconhecido plenamente. Nosso desejo, como Eslovênia, é unir todos os países da região ocidental dos Bálcãs, assim como a Turquia, assim que ela cumprir todas as condições para se tornar parte da UE. Somos um dos países que os ajudaram a poder viajar sem visto para a UE.
O que o senhor pensa sobre a saída do Reino Unido da UE?
Isso é decisão deles. Minha opinião é de que seria melhor para nós e para eles permanecer na UE. O bloco e até a Eslovênia se fortalecem com o Reino Unido. Temos alguns pontos cinzentos nos Bálcãs, que são alguns países que ainda estão em negociação com a UE: Macedônia, Sérvia e Montenegro, que acaba de se tornar membro da Otan. A Eslovênia foi um dos países mais vocais sobre a entrada de Montenegro na Otan, porque isso estabiliza a região. Quando todos os países dos Bálcãs se tornarem parte da UE, isso significará paz e estabilidade, pois a UE foi criada para isso, após a Segunda Guerra Mundial. Claro que a UE precisa de algumas mudanças, mas é por isso que precisamos discutir. Espero que a UE seja maior no próximo ano, que nos tornemos um lugar mais seguro e com um grande mercado comercial.
Declarações recentes do presidente Borut Pahor sobre a independência do Kosovo despertaram a reação da Sérvia. O Brasil ainda não reconhece a independência do Kosovo. Qual é a importância dessa questão?
A política da Eslovênia é estabilizar toda a parte ocidental dos Bálcãs. Fomos um dos primeiros países a reconhecer a independência do Kosovo, em 2007. Tivemos um processo de negociação com a Croácia e, com o conhecimento que temos agora, podemos ajudar outros países a entrar com mais facilidade na UE e solucionar seus problemas. O Kosovo é uma realidade, declarou independência, e gostaríamos de ajudá-los a tornar-se parte da UE.
Quais são as expectativas da Eslovênia sobre um acordo entre Mercosul e UE?
As expectativas são grandes, porque algumas de nossas empresas querem entrar no mercado brasileiro e tiveram problemas com o protecionismo do Mercosul. Espero que tenhamos um acordo de livre comércio, pois isso aumentaria nossa cooperação. No ano passado, nossas trocas com o Brasil aumentaram 22%, estamos muito felizes. Como a Eslovênia participará das Olimpíadas, teremos muitas reuniões sobre ciência e negócios durante os jogos do Rio de Janeiro. Muitos empresários eslovenos estão vindo, já que a maioria das grandes companhias apoia os esportes. Somos uma nação muito esportiva, mas o problema é que nossa principal modalidade é o esqui. Neste ano, esperamos medalhas especialmente no judô.
Foi com um plebiscito similar ao realizado pelos britânicos que a Europa testemunhou o início de um dos mais importantes processos de ruptura da história recente. Passados 25 anos — comemorados no último dia 25 — desde que declarou a independência e deu início à dissolução da Iugoslávia, com o apoio de 88% da população, a Eslovênia celebra o aniversário da emancipação com o desejo de promover a integração regional e o fortalecimento da União Europeia. Em tempos de dúvidas sobre o futuro do bloco, Alain Brian Bergant, embaixador da Eslovênia no Brasil, vê o projeto europeu como o caminho para a manutenção da paz e do sucesso econômico na região.
Como o senhor avalia a evolução das estruturas políticas da Eslovênia nesses 25 anos?
Viemos da Iugoslávia e, porque as coisas não iam bem, quisemos a independência. O que foi bom, no início, é que estivemos unidos, lutando todos pelo desejo de ser parte da Europa Ocidental. Nosso principal objetivo era integrar a UE e a Otan. Em 2004, isso aconteceu. Em 2007, fomos o primeiro dos jovens países a adotar o euro e, um ano depois, nos tornamos membros do Espaço Schengen. Quando eu viajava como estudante, precisava mostrar o passaporte e trocar de moeda em cada uma das fronteiras. Agora, não há fronteiras e podemos viajar muito rápido. Isso é muito bom.
Como vê o aumento da fiscalização em fronteiras, com a crise dos refugiados?
Nós enfrentamos essa crise no último mês de setembro. Observávamos o que acontecia em Lampeduza (Itália) e os imigrantes passaram a vir por outra rota. De repente, estavam na nossa fronteira e nós não estávamos. Outros países decidiram diminuir o acolhimento e, então, nós deveríamos pará-los na divisa com a Croácia, e construímos uma cerca na fronteira. Graças a Deus, temos agora esse acordo com a Turquia e decidimos que isso — imigrantes caminhando de um país para o outro — nunca deve se repetir. A Eslovênia receberá neste ano 567 imigrantes que já estão na Itália ou na Grécia e 270 imigrantes da Turquia. A perspectiva para o ano que vem é de que recebamos mil pessoas. Devemos, definitivamente, mostrar solidariedade com os países que já têm um número alto de refugiados. Mesmo na Eslovênia, nem todo mundo está feliz com o que o fluxo de pessoas, especialmente quando alguns associam isso aos ataques terroristas. Não acho que seja o caso. De qualquer forma, somos um país democrático e sabemos como é, por sermos jovens, por termos experimentando uma breve guerra após a dissolução da Iugoslávia, por termos recebido refugiados da Guerra da Bósnia.
A experiência da Bósnia pode ajudar a lidar com crises atuais?
A crise na Bósnia é diferente do Oriente Médio. Temos sete países, agora, e um deles, o Kosovo, ainda não é reconhecido plenamente. Nosso desejo, como Eslovênia, é unir todos os países da região ocidental dos Bálcãs, assim como a Turquia, assim que ela cumprir todas as condições para se tornar parte da UE. Somos um dos países que os ajudaram a poder viajar sem visto para a UE.
O que o senhor pensa sobre a saída do Reino Unido da UE?
Isso é decisão deles. Minha opinião é de que seria melhor para nós e para eles permanecer na UE. O bloco e até a Eslovênia se fortalecem com o Reino Unido. Temos alguns pontos cinzentos nos Bálcãs, que são alguns países que ainda estão em negociação com a UE: Macedônia, Sérvia e Montenegro, que acaba de se tornar membro da Otan. A Eslovênia foi um dos países mais vocais sobre a entrada de Montenegro na Otan, porque isso estabiliza a região. Quando todos os países dos Bálcãs se tornarem parte da UE, isso significará paz e estabilidade, pois a UE foi criada para isso, após a Segunda Guerra Mundial. Claro que a UE precisa de algumas mudanças, mas é por isso que precisamos discutir. Espero que a UE seja maior no próximo ano, que nos tornemos um lugar mais seguro e com um grande mercado comercial.
Declarações recentes do presidente Borut Pahor sobre a independência do Kosovo despertaram a reação da Sérvia. O Brasil ainda não reconhece a independência do Kosovo. Qual é a importância dessa questão?
A política da Eslovênia é estabilizar toda a parte ocidental dos Bálcãs. Fomos um dos primeiros países a reconhecer a independência do Kosovo, em 2007. Tivemos um processo de negociação com a Croácia e, com o conhecimento que temos agora, podemos ajudar outros países a entrar com mais facilidade na UE e solucionar seus problemas. O Kosovo é uma realidade, declarou independência, e gostaríamos de ajudá-los a tornar-se parte da UE.
Quais são as expectativas da Eslovênia sobre um acordo entre Mercosul e UE?
As expectativas são grandes, porque algumas de nossas empresas querem entrar no mercado brasileiro e tiveram problemas com o protecionismo do Mercosul. Espero que tenhamos um acordo de livre comércio, pois isso aumentaria nossa cooperação. No ano passado, nossas trocas com o Brasil aumentaram 22%, estamos muito felizes. Como a Eslovênia participará das Olimpíadas, teremos muitas reuniões sobre ciência e negócios durante os jogos do Rio de Janeiro. Muitos empresários eslovenos estão vindo, já que a maioria das grandes companhias apoia os esportes. Somos uma nação muito esportiva, mas o problema é que nossa principal modalidade é o esqui. Neste ano, esperamos medalhas especialmente no judô.
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