Reuters
O presidente da França, Emmanuel Macron, disse a parlamentares de seu partido nesta terça-feira que é o único responsável sobre o guarda-costas filmado agredindo manifestantes em 1º de Maio, um incidente que provocou a maior crise política de seu mandato.
Críticos dizem que o gabinete de Macron fracassou em punir apropriadamente o chefe de sua segurança, ou entregá-lo rapidamente para autoridades judiciais por conta do incidente. Eles dizem que a maneira que Macron lidou com o caso mostra que ele perdeu contato com pessoas comuns desde que assumiu, há 14 meses.
Imagens mostram o guarda-costas, Alexandre Benalla, agredindo um manifestante e arrastando uma mulher enquanto estava fora de serviço e vestindo um capacete da tropa de choque e identificação policial. “Eu sozinho tenho responsabilidade. Eles podem vir e me buscar. Eu respondo ao povo francês”, disse Macron a uma reunião de membros parlamentares de seu partido.
O presidente não havia falado em um fórum aberto sobre o incidente e o vídeo de seus comentários foi divulgado por seus apoiadores nas redes sociais. Macron disse não querer que qualquer outra pessoa assuma a culpa pela crise e que ninguém de seu gabinete jamais esteve acima da lei.
Em discussões acaloradas no Parlamento nesta terça-feira, o primeiro-ministro Édouard Philippe buscou defender o governo contra pedidos de conservadores da oposição por um voto de desconfiança.
“Um incidente isolado realizado por esta pessoa … não constitui um escândalo estatal”, disse após rebater diversos parlamentares sobre a questão.
“Eu entendo que podem haver perguntas sobre a possível proporcionalidade das decisões tomadas, mas a velocidade da decisão não é questionável”, disse, se referindo à suspensão inicial imposta pelo Eliseu sobre Benalla. “Nada foi escondido, nada foi deixado de fora”, acrescentou.
Macron sofreu ainda mais pressão na segunda-feira quando o ministro do Interior e o chefe da polícia disseram que a Presidência os avisou em maio que iria lidar com o guarda-costas.
Benalla foi inicialmente suspenso por 15 dias e foi então reintegrado à equipe de Macron. O líder francês o demitiu na sexta-feira, após a história ser relatada no jornal Le Monde, e Benalla foi colocado sob investigação no domingo.