Ana Cristina Dib
O fortalecimento das relações econômicas e o aprofundamento de uma agenda estratégica entre Mercosul e Japão são prioridade para a indústria brasileira. Em discurso na abertura da 21a Reunião do Comitê de Cooperação Econômica Brasil-Japão, em Tóquio, o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Braga de Andrade, analisou o cenário externo e os renovados esforços do Brasil e do Mercosul em aumentar sua integração ao mercado global. “Diante desse novo cenário, faz-se ainda mais necessário um salto nas relações entre Mercosul e Japão”, disse.
Sediado em 2018 pela Keidanren, principal entidade representativa do setor privado japonês, o encontro anual é o principal evento na agenda entre as indústrias dos dois países. Nesta edição, que ocorre até esta terça-feira (24), estão reunidos empresários e representantes industriais para discutir os próximos passo da agenda de comércio exterior e de investimentos, estruturada em 2015, com vistas para a celebração de um futuro Acordo de Parceria Econômica (EPA, na sigla em inglês), entre Mercosul e Japão.
Além dos temas relacionados às pautas de comércio e de investimentos, o Comitê Econômico Brasil-Japão também tem como prioridades, em 2018, a revisão do Acordo para Evitar a Dupla Tributação, em vigor desde 1967 e encontra-se defasado, para racionalizar a carga tributária sobre empresas que têm operações nos dois países; e a permanência do Acordo para Compartilhamento de Exames de Patentes, que está em fase de projeto piloto até 2020. ”A questão da propriedade intelectual é a base para a agenda de inovação e para setores intensivos em tecnologia, pesquisa e desenvolvimento”, afirmou Andrade.
Oportunidades
O presidente da CNI também destacou as oportunidades que o Brasil oferecerá, nos próximos anos, durante o processo de retomada do crescimento e para futuras rodadas de concessões e privatizações. Na área de infraestrutura de transportes, por exemplo, há necessidade de melhorias e da ampliação para que o país tenha um fluxo de mercadorias e um escoamento de sua produção mais eficientes. “Há grandes oportunidades de investimentos. Os recursos destinados, atualmente, representam, em média, 2% do PIB, quando deveriam ser de 5%”, observou.
Andrade lembrou que houve avanços institucionais importantes no Brasil, como a modernização das leis do trabalho e o aperfeiçoamento dos mecanismos de controle e regulação, em linha com os princípios do livre mercado e da livre iniciativa. Segundo ele, embora o crescimento da economia tenha sido moderado, as reformas em curso e o aperfeiçoamento de marcos legais contribuirão para taxas de expansão econômica mais robustas nos próximos anos.
“Após as eleições de outubro, esperamos ter um cenário mais promissor e de maior previsibilidade. Quem não investir no Brasil agora, perderá grandes oportunidades”, disse.
O Encontro
Durante dois dias, executivos de empresas e representantes do setor produtivo de Brasil e Japão participarão de painéis para debater as relações bilaterais, os cenários econômicos dos dois países e caminhos para o fortalecimento da relações comerciais. Além disso, também será discutida a segunda edição do relatório que traça um roteiro para a celebração de um EPA entre Mercosul e Japão, que será entregue aos representantes dos governos japonês e dos países do bloco sul-americano.