Os números confirmam que impacto econômico da visitação aos parques e outras áreas naturais protegidas é muito grande — mas tem um potencial ainda maior
Por Márcia Hirota, diretora-executiva da Fundação SOS Mata Atlântica e Erika Guimarães gerente de áreas protegidas da Fundação SOS Mata Atlântica
A visitação aos parques nacionais é uma estratégia extremamente importante para engajar a sociedade e promover a sua reconexão com a natureza. Especialmente na Mata Atlântica, que abriga uma parcela significativa da população brasileira urbana, essas áreas são muitas vezes os últimos refúgios nos quais as pessoas podem desfrutar de práticas esportivas, recreativas e de lazer.
Não faltam estudos que evidenciam os efeitos positivos para a saúde física e emocional de se estar na natureza. O Japão é um dos países que mais têm investido no desenvolvimento de pesquisas nessa área. Cientistas da Universidade de Chiba (Tóquio) demonstraram, por exemplo, que um passeio em um ambiente natural pode relaxar e melhorar alguns aspectos da saúde, como a redução da concentração de cortisol no sangue — o chamado hormônio do estresse — e da pressão arterial; o fortalecimento do sistema imunológico; o aumento da capacidade de concentração e a melhora em quadros de depressão. Lá, os chamados “banhos de floresta” têm sido considerados uma prática de saúde pública.
Medidas semelhantes ganham cada vez mais importância em países como a Austrália e os Estados Unidos, reforçando a grande contribuição da visitação nas áreas protegidas para a saúde e o bem-estar.
Se bem implantados, o turismo e a visitação podem ser grandes aliados para promover a conservação das áreas protegidas e o engajamento da sociedade. E podem ainda ter um impacto relevante no desenvolvimento econômico dos municípios que ficam no entorno dessas áreas.
Os números confirmam que o impacto econômico da visitação aos parques e outras áreas naturais protegidas é muito grande — mas tem um potencial ainda maior. Um estudo realizado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) mostrou que a visitação em 2015 teve um impacto econômico de R$ 1 bilhão e gerou mais de 43 mil empregos, sendo que cada real investido na gestão dessas unidades produziu outros sete reais em benefícios econômicos diretos para o país.
Para isso, é preciso adotar medidas com o objetivo de garantir a abertura à visitação e a estruturação de todos os parques nacionais brasileiros, em especial naqueles que estão mais próximos dos centros urbanos. Isso deve ser feito de maneira organizada, lançando mão de uma agenda e parcerias com empresas ligadas ao setor do turismo e com as comunidades do entorno das unidades de conservação, por meio das concessões de serviços, permissões e outros instrumentos.
Essa agenda contribui não só para que as unidades de proteção cumpram os objetivos para os quais foram criadas, mas também funcionem como um polo indutor para alavancar o turismo e movimentar as economias locais nas regiões em que estão inseridas.
Receber bem e ampliar a oferta de atrativos é condição fundamental para garantir uma melhor experiência dos visitantes e contribuir para um desafio ainda maior: engajar pessoas para se tornarem aliadas da causa ambiental.