Reuters
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, rejeitou a proposta do presidente da Rússia, Vladimir Putin, para que autoridades russas tivessem permissão de interrogar cidadãos norte-americanos, informou a Casa Branca nesta quinta-feira, após a oferta gerar fortes críticas nos EUA.
O presidente republicano então pediu ao seu assessor de segurança nacional, John Bolton, que convide o presidente russo para visitar Washington no outono, disse a Casa Branca, quatro dias após a reunião com Putin em Helsinque.
“O presidente Trump pediu a @Ambjohnbolton para convidar o presidente Putin a Washington no outono e essas discussões já estão em andamento”, disse Sarah Sanders, porta-voz da Casa Branca, no Twitter.
Após a cúpula entre os líderes na segunda-feira em Helsinque, Putin descreveu a proposta quando foi perguntado sobre a possível extradição de 12 autoridades da inteligência russa indiciadas na sexta-feira nos EUA por acusações de envolvimento na eleição presidencial norte-americana de 2016.
A oferta que Putin descreveu era para permitir que autoridades dos EUA observassem interrogatórios feitos por autoridades russas dos russos indiciados, em troca de permitir que investigadores russos questionassem norte-americanos sobre outros assuntos, especificamente mencionando um caso envolvendo o investidor sediado em Londres Bill Browder, no passado investidor na Rússia.
“Esta é uma proposta que foi feita com sinceridade pelo presidente Putin, mas o presidente Trump discorda dela”, disse em comunicado a porta-voz da Casa Branca. “É esperado que o presidente Putin faça os 12 russos identificados virem aos EUA para provarem inocência ou culpa”.
Trump chamou a ideia na segunda-feira de “uma oferta incrível”. A Casa Branca informou na quarta-feira que Trump estava considerando a proposta, gerando amplas críticas de colegas republicanos, assim como de democratas.
A Casa Branca fez o anúncio enquanto o Senado dos EUA se preparava nesta quinta-feira para votar uma resolução colocando o Congresso em oposição a permitir que quaisquer autoridades norte-americanas fossem interrogadas pela Rússia. O Senado – controlado pelos republicanos de Trump – aprovou por unanimidade a resolução.
Esta é a turbulência mais recente na Casa Branca, num momento em que o governo luta para silenciar polêmicas por conta do fracasso de Trump em confrontar Putin sobre envolvimento russo na eleição norte-americana de 2016.
Trump disse na terça-feira ter se expressado mal em uma entrevista coletiva em Helsinque, quando afirmou não ver motivo pelo qual a Rússia se envolveria na eleição. Na quarta-feira, Trump respondeu “não” para a pergunta de um repórter sobre se a Rússia ainda está mirando os EUA. Sanders disse horas depois que ele falou “não” para responder perguntas – e não para a pergunta em si.
Na quarta-feira, o escritório do procurador-geral da Rússia listou norte-americanos que deseja interrogar por “atividades ilegais”, incluindo Michael McFaul, que foi embaixador dos EUA na Rússia durante o governo Obama.
“Isto não vai acontecer”, disse o secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, à CBN News nesta quinta-feira.
“Eu acho que não há nenhum membro do Congresso, de qualquer um dos lados, que acredite que é remotamente inteligente exigir que nosso ex-embaixador, o sr. Browder, ou qualquer outra pessoa se submeta a interrogatórios pelo governo Putin”, disse o senador republicano Lindsey Graham. “Porque não há estado de direito, como eu disse, na Rússia. Há somente o estado de Putin”.
SEGUNDO ENCONTRO
Mais cedo nesta quinta-feira, tanto Trump quanto Putin culparam forças dentro dos EUA por estragos ao que chamaram de sucesso da primeira cúpula, com Trump dizendo estar ansioso para o segundo encontro.
O presidente republicano acusou a mídia de distorcer comentários nos quais deu crédito às negações de Putin de intromissão eleitoral, apesar das conclusões da comunidade de inteligência norte-americana sobre a conduta de Moscou.
“A cúpula com a Rússia foi um grande sucesso, exceto com o verdadeiro inimigo do povo, a mídia fake news”, tuitou Trump.
“Aguardo nossa segunda reunião para que possamos começar a implementar algumas das muitas coisas debatidas, inclusive deter o terrorismo, segurança para Israel, proliferação nuclear, ataques cibernéticos, comércio, Ucrânia, a paz no Oriente Médio, a Coreia do Norte e mais”, acrescentou.
Em Moscou, Putin acusou forças “poderosas” dos EUA de tentarem minar o sucesso de sua primeira cúpula com Trump, mas disse que os dois líderes conseguiram começar a melhorar os laços bilaterais apesar disso.