Redação Reuters
O Irã começará a enriquecer urânio em sua usina de Fordow e instalará novos equipamentos nucleares nas instalações em Natanz caso se retire do acordo nuclear com grandes potências mundiais, disse o porta-voz da Organização de Energia Atômica do Irã.
O destino do acordo nuclear de 2015 não está claro depois que os Estados Unidos se retiraram. Os outros países signatários —Rússia, China, Alemanha, Reino Unido e França— estão tentando preservar o acordo, que impôs limitações ao programa nuclear iraniano em troca de suspender algumas sanções econômicas.
O Irã tem duas grandes instalações de enriquecimento, em Natanz e em Fordow. Boa parte de Natanz é subterrânea e Fordow fica dentro de uma montanha.
O porta-voz da agência atômica iranina Behrouz Kamalvandi disse em uma entrevista publicada na quarta-feira que novos trabalhos começariam no programa nuclear sob as ordens do líder supremo, o aiatolá Ali Khamenei. Ele não especificou quais tipos de novos equipamentos podem ser instalados em Natanz.
“No momento o líder supremo ordenou que os programas continuem dentro dos parâmetros do acordo nuclear”, disse Kamalvandi ao Clube de Jovens Jornalistas em uma entrevista. “E quando ele der a ordem, anunciaremos os programas para operar fora do acordo nuclear para reviver Fordow”, acrescentou.
Ali Akbar Salehi, diretor do agência, anunciou na semana passada que o Irã havia começado a trabalhar em uma instalação para construir centrífugas avançadas em Natanz. O anúncio pareceu, pelo menos em parte, como uma tentativa de pressionar os demais signatários a preservarem o acordo de 2015.
Kamalvandi acusou os Estados Unidos e outros países ocidentais de estabelecerem padrões diferentes ao condenarem o programa nuclear do Irã, que segundo ele é puramente pacífico, enquanto aceitam o programa de armas nucleares do inimigo de Teerã, Israel.
“O Ocidente não critica o regime sionista e até o ajuda”, disse Kamalvandi na entrevista. “Sem ajuda do Ocidente e dos EUA este regime nunca poderia ter obtido armas nucleares”. Acredita-se amplamente que Israel seja a única potência nuclear do Oriente Médio. Israel nunca confirmou ou negou se tem mesmo um arsenal nuclear.