Argentino Marcelo Pelleriti visita Brasília para divulgar rótulos que levam sua assinatura e fala sobre a queda no consumo mundial de bebida
Julyerme Darverson –
Profissionais do mundo todo estudam as melhores maneiras de como produzir o vinho e fazer dele um produto cada vez mais especial para o paladar. Um desses especialistas é Marcelo Pelleriti, de 48 anos, um argentino que é referência mundial na enologia, a ciência que estuda tudo o que está relacionado com a produção e conservação de vinho, desde o plantio, escolha do solo, produção e envelhecimento até o engarrafamento e venda. Dono de um estilo irreverente e simpático, Pelleriti é um apaixonado por vinhos desde a infância: “Ingressei nesse mundo por causa do meu avô paterno, que era imigrante italiano. Mesmo ele não tendo uma adega, desde muito pequeno, com 5 anos de idade, eu o ajudava a fazer o seu vinho caseiro. Depois estudei tecnologia da agricultura e fiz especializações, mas tudo voltado para vinhos”, diz o enólogo.
Pelleriti precisou fazer alguns esforços para alcançar o sonho e se tornar um dos principais nomes do setor. “Sempre quis ter uma empresa de vinhos. Durante muitos anos, todo o dinheiro que eu ganhava era para comprar uvas e fazer vinhos”, explica. Atualmente, o enólogo se divide entre Argentina e França. Inclusive, foi no país europeu que conquistou a pontuação 100 na escala Parker, o número máximo da principal avaliação internacional de vinhos. A conquista foi alcançada com o vinho Château La Violette 2010, um merlot produzido na região francesa de Pomerol. “Obviamente, como argentino que sou, eu me senti muito feliz e orgulhoso por ter conquistado essa avaliação pelo principal crítico mundial de vinhos, Robert Parker. Isso não se deve só a mim, mas também ao grande enólogo argentino Roberto De La Mota e à vinicultura do meu país”, afirma Pelleriti.
Sobre a produção brasileira, o enólogo destaca os espumantes, que, segundo ele, são alguns dos melhores do mundo. “Tenho provado muitos espumantes brasileiros que são de primeira qualidade, e eu gosto muito. Os vinhos tintos também estão indo muito bem”, diz. Embora a produção por aqui seja crescente, o especialista diz que o país precisa tomar algumas medidas a fim de entrar de vez para o ranking dos melhores produtores da bebida. “Para ter um vinho de melhor qualidade, é preciso ter um trabalho melhor, procurando sempre ter melhores enólogos, viticultores, vinícolas, melhores plantas e frutos, além de investir para ter resultado para muitos anos. Investir a curto e médio prazos, casualmente, não surte efeito. Sem esses investimentos, não é possível figurar entre os grandes”, explica.
Segundo Pelleriti, apesar do crescimento do consumo e produção da bebida no Brasil, em outras partes do mundo houve uma queda no consumo. “O consumo tem caído no mundo todo, não só na Argentina, mas também na Europa. Do meu ponto de vista, é algo cultural. As pessoas têm de começar a inserir o vinho em outras coisas, como a coquetelaria. Estão vendendo o vinho mais caro, e isso também impactou no volume de consumo”, diz.
Para os jovens que pretendem seguir a carreira, o enólogo lembra que é preciso muito esforço, além de orgulho de produzir algo que seja o diferencial do mercado. “Se faço algo de que gosto, sinto-me orgulhoso. Para mim, a indústria de vinho é cultura. Falo muito para a juventude que é preciso ter alguma identidade, um diferencial”, afirma. “O mundo dos vinhos está tão globalizado que ter uma identidade pode ser a alternativa para se destacar na profissão”.
Essa é a quarta passagem do enólogo pela capital federal, que ele considera “uma cidade encantadora”. “Gosto muito de Brasília, principalmente da gastronomia, que me surpreendeu. Eu me identifico muito com a cidade, pois Mendoza, minha terra, é um lugar muito próspero, e isso vejo muito em Brasília. Os próximos passos do enólogo são consolidar ainda mais os rótulos que levam sua assinatura e dar continuidade aos projetos já em andamento. “Sempre tenho novas coisas para lançar, muitas ideias e muitos projetos. Como estamos sempre cercados pela natureza, mas sempre retirando recursos dela, os meus projetos têm foco na sustentabilidade”, diz.
CINCO RÓTULOS POR MARCELO PELLERITI
Vinhos da região do Valle de Uco, em Mendonza, na Argentina, assinados pelo enólogo
Sol fa Soul
Rosado com finas e delicadas borbulhas. No nariz, predominam aromas de frutas vermelhas e tropicais. Na boca, apresenta taninos ligeiros, elegantes e um sabor frutado e fresco com uma boa persistência. Espumante vibrante, jovem e muito agradável. Ideal para beber em qualquer situação ou acompanhado de peixes, frutos do mar e sobremesas.
Uvas: cabernet sauvignon e malbec
Octava Alta
Seu aroma apresenta pêssego e casca de laranja. Na boca, desfruta-se de uma viva acidez. É um vinho elegante e equilibrado. Ideal com grelhados, pescados e carnes brancas e queijos leves.
Uvas: 60% chardonnay e 40% torrontés
Malacara Cabernet Sauvignon
Cor intensa e brilhante vermelho com reflexos cor rubi. Aromas de frutas negras como amora e leve toque de especiarias. Na boca aparecem notas de ameixas secas e ginjas negras, sobre um fundo de taninos firmes e bem estruturados. Excelente para carnes vermelhas e queijos maturados.
Uvas: 100% cabernet sauvignon
Sol fa Soul Malbec
De cor vermelho intenso com toques violáceos, destaca-se pela doçura que remete a cereja, ameixa e leves toques de framboesa. Um vinho potente na boca, denso e bem equilibrado, com taninos finos e acidez presente, porém correta. Excelente para carnes mais pesadas, como churrasco, carnes condimentadas e costela.
Uvas: 100% malbec
Pelleriti Selection Blend of Terroir
De cor vermelho-púrpura com leves flashes violetas. Seu aroma é extremamente cativante, possui notas de frutas vermelhas e violetas. Na boca apresenta taninos redondos. Vinho suculento, equilibrado e elegante. Combina com carnes vermelhas, caça e assados.
Uva: 70% malbec; 20% petit verdot; 10% cabernet sauvignon