Ação ocorreu uma semana depois de Humala e a mulher deixarem a prisão
Agência France-Presse
A Procuradoria peruana confiscou nessa segunda-feira (7/5) cinco imóveis e contas bancárias do ex-presidente Ollanta Humala e de sua esposa, Nadine Heredia, investigados por supostas contribuições de campanha da empreiteira Odebrecht, uma semana depois de deixarem a prisão.
“O procurador Germán Juárez da Procuradoria de Lavagem de Dinheiro dirige a diligência de apreensão após obter a autorização judicial de cinco imóveis do ex-presidente Ollanta Humala”, anunciou a Procuradoria em sua conta no Twitter.
Também explicou que os imóveis, todos situados em Lima ou nos arredores, serão entregues ao Programa Nacional de Bens Confiscados “devido ao fato de terem sido adquiridos supostamente com dinheiro ilícito”.
“A autorização judicial também ordena a apreensão de suas contas bancárias. Esta diligência não implica a busca de provas”, continuou a Procuradoria. A casa onde o ex-presidente mora com sua família, localizada em Surco, foi cercada por policiais enquanto a Procuradoria notificava sua apreensão nesta segunda.
Humala qualificou a ordem de “linchamento político” e pediu que o autorizem a continuar morando na casa com sua esposa e seus três filhos menores de idade, ainda que tenha que pagar um aluguel ao Estado.
“Não temos outra moradia. Essa é a nossa única casa familiar, nós não temos outra casa de família”, disse Humala à imprensa, do lado de fora da residência, acompanhado por sua esposa e dois advogados.
Os Humalas permaneciam na residência durante a madrugada, mais de quatro horas depois do prazo anunciado pelo juiz para que deixassem o local, informou a imprensa. Humala e a esposa permanecem na casa ao lado de um de seus advogados e com representantes do Ministério Público.
Mais cedo, o advogado de Humala, César Nakazaki, disse que “existe uma ordem de apreensão da casa de Ollanta e Nadine, e que eles a deixem, o que é um ato inconstitucional”.
Os outros imóveis confiscados são uma casa no luxuoso distrito de La Molina, um apartamento na zona central de Lima, outra casa em Surco (onde mora a sogra do ex-presidente) e um prédio rural em Lurín.
Alguns deles estão registrados em nome de outras pessoas, segundo a imprensa local. Um dos imóveis pertence a uma amiga da família.
“Casas de família não são qualificadas para uma apreensão, sobretudo existindo medidas menos drásticas que podiam assegurar que esses bens não pudessem ser transferidos, ocultados, ou desaparecidos”, disse à AFP o advogado e professor de Direito Roberto Pereira.
“Pode ter ocorrido um excesso, já que essa medida foi tomada por um juiz cuja decisão pela prisão preventiva (dos Humala) foi questionada pelo Tribunal Constitucional”, continuou.
Humala, de 55 anos, e sua esposa, de 41, ficaram presos por nove meses acusados de receber três milhões de dólares da Odebrecht para a campanha que o levou ao poder em 2011. Também enfrentam acusações de lavagem de dinheiro.