Músico brasileiro fundou uma Orquestra de Jovens que deverá vir a Brasília. Em maio, os artistas equatorianos se apresentarão em Paris e Genebra.
Súsan Faria
O violoncelista Diego Carneiro se apresenta nesta quarta-feira, 11, às 11h, na Embaixada do Equador em Brasília somente para convidados, oportunidade em que executará composições de Villa-Lobos, Lendas da Amazônia e Pasillos, um gênero musical equatoriano. Antes da apresentação, o músico deu uma entrevista exclusiva para a revista Embassy Brasília.
Diego, 34 anos, paraense de Belém, é diretor da Orquestra Jovem do Equador, país onde vive na cidade de Quito. A Orquestra se apresentará dia 24 de maio próximo, em Paris, França, durante a Semana da América Latina, apoiada pelo governo francês. Depois, em 29 de maio, tocará em Genebra, Suíça, durante encontro da ONU.
Em Brasília, o músico tem agendas com representantes de organismos internacionais, como os encarregados culturais das Embaixadas da França, Reino Unido, e da Casa da Cultura da América Latina, dentre outros, para viabilizar a vinda este ano a Brasília da Orquestra Jovem do Equador a Brasília, que já recebeu convite para se exibir em Santos (SP), em dezembro próximo. Parte da orquestra fez vários concertos em agosto último, no Rio de Janeiro, a maioria na capital – houve desde apresentações para diplomatas no Cristo Redentor até na comunidade do Complexo do Alemão – e dois concertos na igreja Santa Rita, em Paraty. Coincidentemente, nessa ocasião, pude assistir ao primeiro concerto, aplaudido em pé por todos que estavam na igreja, lotada, em Paraty. Na ocasião, a orquestra tocou “As quatro estações”, de Vivaldi; um baião de Guerra Peixe e outras composições com as quais o público se emocionou, pela qualidade das interpretações dos músicos e dedicação e envolvimento do maestro.
A Embaixada do Equador está apoiando Diego e a orquestra que fundou em 2016 para ajudar jovens que vivem na pobreza e exclusão social e incentivá-los a crescer musicalmente. A orquestra tem hoje 24 membros: jovens talentos de 10 a 26 anos de idade, dos quais 20 equatorianos, quatro de países próximos como Brasil, Venezuela, Colômbia e Cuba.
A encarregada de Negócios da Embaixada, Susana Fuentes, gostou dos vídeos que recebeu de apresentações da Orquestra, no Teatro Sucre, em Quito. “É um diretor muito reconhecido e está com uma obra fantástica no Equador, que queremos apoiar em toda a América Latina”, disse. Destacou que a música é uma linguagem universal e que Diego é um profissional jovem com muita visão de mundo, amor e coragem.
Filho de pai gaúcho e mãe paraense, Diego começou a carreira artística aos 11 anos de idade, tocando piano e depois violoncelo. Aos 13 fez concerto solo no Theatro da Paz, em Belém, com grande repercussão e convites para apresentações fora do Pará, principalmente em festivais de música. Aos 15 anos, se apresentou e foi estudar música clássica no exterior. Viveu nos Estados Unidos, São Paulo, Rio de Janeiro e Alemanha. Permaneceu 11 anos em Londres e dois na Suíça. Hoje, casado com uma equatoriana, vive em Quito nos Andes equatorianos, cidade de 2 milhões de habitantes, a mais de 2.800 metros de altura.
“Para mim, a música é mais do que profissão, é um caminho, um estilo de vida, em que você se entrega ou não funciona. É uma relação de amor também com o público”. A seu ver, é importante promover esse Brasil amazônico e fazer esse intercâmbio musical com o Equador. Quando tinha 18 anos, Diego fez um documentário com músicos da Amazônia, exibido na BBC de Londres, mostrando também as lendas, os sabores e os encantos da região. “Muitas pessoas quiseram ajudar. Ganhamos instrumentos, bolsas de estudos…”. Com esse apoio, Diego fortaleceu projetos sociais e músicos da Ilha de Combu e da cidade de Bragança, no Pará. Em 1998, criou a Amazonart, organização sem fins lucrativos que realiza projetos musicais e sociais nas regiões andina e amazônica, e que conta com a participação de músicos de todo o mundo.
Diego Carneiro tem um CD de músicas, estudou Hipnoses clínicas, tocou em asilos e hospitais brasileiros (levado pelos pais) e se apresentou em vários teatros da Europa, Equador e Estados Unidos. No início de março, volta com a Orquestra Jovem Equatoriana a Paraty e em breve será a vez dos brasilienses verem o diretor e seus músicos se apresentarem na cidade. Aguardemos!