Na opinião dos embaixadores, com o atua contexto internacional, tornou-se fundamental o fortalecimento das relações com o país asiático
Em um evento que uniu diplomacia, cultura e simbolismo ambiental, embaixadores da América Latina e do Caribe reafirmaram em Pequim a importância do multilateralismo, da soberania dos países do Sul Global e da ampliação da cooperação com a China. As declarações foram dadas à Prensa Latina, que acompanhou as atividades realizadas na capital chinesa nesta sexta-feira (18).
Segundo a agência, os diplomatas participaram de um evento simbólico que combinou o plantio de árvores com celebrações culturais, marcando o lançamento da Floresta da Amizade para um Futuro Compartilhado, espaço dedicado ao fortalecimento dos laços entre a China e os países da Cela (Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos).
O embaixador do Uruguai, Fernando Lugris, foi um dos que mais enfatizaram a relevância da parceria estratégica entre a região e o gigante asiático. “As relações entre a América Latina e a China tiveram um crescimento significativo nos últimos 10 anos”, afirmou. Ele destacou que a China já se consolidou como o principal parceiro comercial da América do Sul e o segundo maior parceiro para o restante da América Latina e do Caribe.
Além do comércio, Lugris ressaltou a importância dos investimentos chineses: “Tornou-se um ator fundamental em financiamento e investimento, o que gerou desenvolvimento e prosperidade nos países da região”, disse.
O diplomata também celebrou a realização da próxima reunião ministerial China-Celac, prevista para ocorrer em breve na capital chinesa. Ele vê o fórum como uma “plataforma para discutir políticas de desenvolvimento e buscar pontos em comum que nos permitam avançar em uma agenda compartilhada entre a América Latina, o Caribe e esta grande potência global”.
Para ele, o atual contexto internacional, marcado por tensões geopolíticas e disputas comerciais, exige que os países do Sul Global reforcem a cooperação. “É fundamental construir pontes de aproximação e diálogo com atores como China, União Europeia e outros, para apoiar o multilateralismo e preservar o sistema de comércio internacional baseado em regras”, pontuou.
A embaixadora da Guiana na China, Anyin Choo, também deu destaque ao papel dos intercâmbios culturais e comerciais como forma de estreitar os vínculos bilaterais e regionais com o país asiático. Para ela, ainda que os países tenham posições distintas em certas questões políticas, é possível encontrar convergências.
“Os países são soberanos e independentes e nem sempre concordam em todas as questões políticas, mas é fundamental focar em áreas de interesse comum para fortalecer as relações bilaterais”, declarou Choo. A diplomata defendeu que os desafios devem ser enfrentados a partir de um espírito construtivo: “É essencial focar nos aspectos positivos e promover o entendimento mútuo entre os povos”.
Segundo ela, as trocas interpessoais são um dos pilares mais sólidos na construção da amizade entre os países. “Não podemos existir sozinhos neste mundo”, afirmou, sublinhando a importância de que “os países trabalhem juntos como vizinhos e desenvolvam suas relações bilaterais na região e com outras partes do mundo”.
Também presente no evento, o embaixador da Bolívia na China, Hugo José Siles, destacou que a aproximação entre os países latino-americanos e caribenhos com a China se fundamenta em uma confiança política crescente e em uma visão de mundo voltada para a cooperação entre nações do Sul Global.
“A crescente cooperação da região com a China é uma resposta à confiança política mútua e um exemplo de laços dentro do Sul Global”, afirmou Siles, em referência ao modelo de integração baseado no respeito à soberania e na busca de benefícios compartilhados.
A iniciativa de plantar árvores como símbolo da amizade e da colaboração sustentável foi elogiada pelos participantes como um gesto que traduz o espírito de longo prazo das relações com a China. As atividades culturais também deram o tom da celebração, aproximando tradições, valores e expectativas comuns entre os povos.
O evento, ao reunir diplomatas de diversas nações da América Latina e do Caribe com representantes chineses, reforça o papel da CELAC como um espaço estratégico para a articulação internacional dos países latino-americanos, especialmente em um cenário em que o multilateralismo ganha novo fôlego diante das disputas entre grandes potências.
Com o fortalecimento desses laços, os países da região esperam não apenas diversificar suas parcerias econômicas, mas também garantir maior protagonismo nas decisões globais e mais autonomia em suas estratégias de desenvolvimento.
Fonte: Brasil247