O embaixador da Palestina, Ibrahim Alzeben, afirmou que o depósito pelo Brasil da ratificação do acordo de livre comércio Mercosul-Palestina incentiva os demais países do bloco ao mesmo e ajuda no processo de paz. Ele destaca a importância política da ação brasileira.
O depósito da ratificação pelo Brasil do acordo de livre comércio entre o Mercosul e a Palestina tem muita importância política para o país do Oriente Médio e há expectativa de que a ação brasileira possa incentivar que os demais países do bloco sul-americano também ratifiquem o tratado, segundo entrevista do embaixador da Palestina no Brasil, Ibrahim Alzeben, à ANBA.
O Mercosul assinou acordo de livre comércio com a Palestina em dezembro de 2011, mas não havia previsão de entrada em vigor. A Palestina, no entanto, depositou sua ratificação do acordo em abril deste ano e o Brasil o fez no dia 05 de julho, na então presidência rotativa do bloco do Paraguai, viabilizando assim o início da vigência para Brasil e Palestina em 30 dias, ou seja, nos primeiros dias de agosto. A validade para os outros países do Mercosul depende dos depósitos da carta de ratificação por cada um deles.
“É muito importante, para nós, (o Brasil) ter assinado e ter depositado esse acordo para poder incentivar os outros países do Mercosul, Bolívia, Paraguai, Uruguai e Argentina, que também façam o mesmo”, afirmou Alzeben. “Para nós tem mais importância política do que econômica e comercial devido à ocupação israelense, que faz com que tudo tenha que ser através dos portos e aeroportos israelenses porque todo o território está sob ocupação”, afirmou para a ANBA.
O diplomata relatou as dificuldades econômicas, de exportar e receber taxas, o que enfrenta a Palestina decorrente da ocupação. Ele afirma que a Palestina tem muitos produtos que pode fornecer ao Brasil, como as pedras naturais e o azeite de oliva, mas lembra que os produtos comercializados com o exterior passam por Israel para chegar até a Palestina e que a atual situação de guerra tem tido seus reflexos também na economia nacional.
“Essa situação de guerra, sem dúvida também tem sua nefasta influência, não somente no comércio, tem consequências negativas em toda a vida nacional. Esperamos que essa guerra termine e que um processo de paz possa ser reiniciado entre Israel e Palestina, que essa ocupação chegue ao seu fim”, disse Alzeben. A ocupação, segundo ele, prejudica a competitividade palestina.
Palestina: apoio para a paz
Apesar da preocupação com a economia, o embaixador afirma que a prioridade agora na Palestina é pôr fim à guerra que cobra milhares de vidas e já destruiu 80% da Faixa de Gaza. Ela afirma que a ratificação do acordo de livre comércio com o Mercosul pelo Brasil ajuda no processo de paz e o diplomata tem expectativa de uma medida assim por parte dos demais países do bloco. “É o que poderia ajudar nesse processo de paz e uma paz também na parte econômica”, disse Alzeben.
O embaixador afirma que a Palestina poder exportar seus produtos e importar livremente é a esperança de uma vida normal, que é o que os palestinos procuram, longe da guerra. Ele agradeceu ao governo brasileiro e ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva por impulsionar o acordo e torná-lo uma realidade. Alzeben acredita que a ratificação do acordo é apenas o início de um processo com o Brasil e que delegações devem vir ao País para oferecer produtos e procurar novos produtos brasileiros dos quais a Palestina precisa.
Fonte: ANBA