Luís Faro Ramos – Embaixador de Portugal no Brasil
A exposição Arte no Jardim apresenta, pela primeira vez no Brasil, uma mostra de 11 obras de artistas portugueses e brasileiros que refletem sobre causas e emoções que subjazem à Revolução dos Cravos.
O Brasil, país com o qual Portugal mantém uma relação em que o passado conta, o presente é de excelência e o futuro se anuncia auspicioso, será, este ano, o palco de um acontecimento inédito que irá certamente agradar ao público por meio de uma viagem no tempo que junta arte, cidadania e democracia nos jardins da belíssima embaixada de Portugal na capital federal.
Realizada em parceria com o Centro de Arte Moderna Gulbenkian, de Lisboa, e com o Instituto Camões em Brasília, a exposição Arte no Jardim apresenta, pela primeira vez no Brasil, uma mostra de 11 obras de artistas portugueses e brasileiros que refletem sobre causas e emoções que subjazem à Revolução dos Cravos.
A mostra tem início no interior da embaixada e expande-se pelos jardins, num convite a uma caminhada onde poderemos descobrir, em três movimentos, as tensões que marcaram uma longeva ditadura de 48 anos em Portugal, o desenrolar do dia 25 de abril de 1974 e os resultados e as aspirações do novo regime democrático.
Há 50 anos, o vento bafiento que contaminava Portugal e as colônias na África transformou-se em uma brisa fresca, que se espalhou e levou à rua, com o perfume dos cravos vermelhos que simbolizaram a estrada para a liberdade, milhares de pessoas que, finalmente, poderiam respirar sem ter medo de dizer o que pensavam.
É esse legado que importa sempre: preservar e lembrar. E é nesse contexto, por meio da arte aqui claramente associada aos valores da cidadania e da democracia em língua portuguesa, que, a partir desta semana até outubro, a Embaixada de Portugal no Brasil oferece a todos uma pequena contribuição para que essa memória permaneça e sirva de exemplo às novas gerações, mantendo vivo o espírito de abril.
É fundamental que todos valorizemos a liberdade e a democracia. Há dias, convidado para um jantar em que nos deu a honra de comparecer, na residência oficial em Brasília, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva falou da importância da Revolução dos Cravos para os movimentos democráticos no mundo e no amor do Brasil por Portugal.
Também Portugal ama o Brasil. E a Exposição Arte no jardim é uma das expressões desse sentimento mútuo, em que artistas portugueses e brasileiros dialogam sobre valores essenciais para as nossas sociedades e convidam para, juntos, celebrarmos abril sempre.
Assim, se cumpre um dos eventos mais relevantes da programação e da ação cultural externa de Portugal para 2024, sob a coordenação do Camões — Instituto da Cooperação e da Língua. Assim se celebra, também, a língua portuguesa, que está cada vez mais viva e diversa e que será, esperemos, um dia não muito longínquo, língua oficial das Nações Unidas.
Fonte: Correio Braziliense