No país árabe, presidentes do Brasil e do Egito formalizam protocolos nos setores de agricultura e ciência e tecnologia e discutem papel do Conselho de Segurança das Nações Unidas. Lula afirmou que Brasil vai ampliar repasses para Unrwa, agência da ONU que ajuda palestinos.
O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e o presidente do Egito, Abdel Fattah El-Sisi, anunciaram nesta quinta-feira (15), no Cairo, acordos nas áreas de agricultura e cooperação técnica. Em visita oficial ao país árabe, Lula também discutiu com Sisi o formato atual do Conselho de Segurança e voltou a criticar Israel pela forma como conduz o conflito na Faixa de Gaza (na imagem acima, os dois presidentes se cumprimentam).
Um dos acordos anunciados por Lula e Sisi é um protocolo sanitário que deverá facilitar a exportação brasileira de carnes bovina, suína e de frango ao Egito, o “Protocolo de Equivalência dos Sistemas de Inspeção de Carnes”, conhecido como “pré-listing”.
De acordo com informações do Palácio do Planalto, este protocolo agiliza a obtenção da habilitação de uma unidade produtora para exportar. Antes, era preciso que as plantas produtoras recebessem a visita de autoridades egípcias para que fossem habilitadas. A partir do protocolo, as plantas já certificadas pelo Brasil serão automaticamente aceitas pelo Egito, que, por sua vez, poderá enviar autoridades sanitárias ao Brasil a qualquer momento para verificar o cumprimento dos seus requisitos sanitários.
Um outro acordo, este um memorando de entendimentos (MoU), foi assinado pela ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, e pelo Ministério do Ensino Superior e Pesquisa Científica do Egito, no contexto da visita. Este memorando prevê “elevar a cooperação bilateral” técnica e científica e incentivar a colaboração entre empresas, universidades, institutos, projetos conjuntos de pesquisa, desenvolvimento de inovação, seminários e intercâmbios.
Em discurso na Liga dos Estados Árabes, Lula disse que o Brasil fará novos aportes de recursos para a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Oriente Médio (Unrwa). Ele também pediu que todos os países reforcem suas contribuições à agência. “No momento em que o povo palestino mais precisa de apoio, os países ricos decidem cortar ajuda humanitária”, disse Lula, em referência ao corte de repasse anunciado por diversos países após denúncias contra funcionários da Unrwa.
Mais cedo, Lula criticou o formato do Conselho de Segurança das Nações Unidas, que é formado por Estados Unidos, Rússia, China, França e Reino Unido, que têm poderes de veto sobre as decisões ali adotadas, e disse que o órgão precisa de mais nações, além de uma nova geopolítica nas Nações Unidas. Ele voltou a criticar Israel em razão das ações adotadas pelo país em território palestino.
Em sua passagem pela Liga Árabe, Lula se reuniu com o secretário-geral da instituição, Ahmed Aboul Gheit. A visita ao Egito também celebrou os 100 anos de relações diplomáticas entre os dois países. Além dos compromissos na Liga Árabe e com o presidente Sisi, Lula e a primeira-dama, Janja da Silva, visitaram as Pirâmides de Gizé, a Esfinge e o Grande Museu Egípcio. Lula segue para a Etiópia, onde participa, a convite, da 37ª Sessão Ordinária da Assembleia da União Africana.