Por Rachel Alves Nariyoshi
O Instituto de Gestão, Planejamento e Desenvolvimento da Vitivinicultura do Estado do Rio Grande do Sul (Consevitis-RS) organizou o “Simpósio Vinho e Saúde” na cidade de Garibaldi/RS que aconteceu no dia 21 de novembro de 2023. Participaram do evento a biotecnologista Dra. Fernanda Spinelli que palestrou sobre “Panorama da composição fenólica dos vinhos”, o cardiologista Dr. Protásio Lemos da Luz que palestrou sobre “Efeitos do vinho tinto sobre o sistema cardiovascular”, o cardiologista Dr. Jairo Monson de Souza Filho que palestrou sobre “Controvérsias em vinho e saúde” e a Auditora Fiscal Agropecuária do Ministério da Agricultura, Alinne Barcellos Bernd que palestrou, remotamente, sobre “Segurança e saúde: trabalhos em andamento na Organização Internacional da Vinha e do Vinho (OIV)”.
O consumo moderado de vinho tem sido objeto de estudos e debates entre especialistas da área da saúde, e as descobertas ressaltam sua associação com benefícios significativos para o bem-estar humano, segundo artigo publicado pelo Consevitis-RS. Eu participei desse evento na modalidade on-line e lembrei-me aqui de uma das falas do Dr. Protásio: “um paciente disse-me: Doutor faço dieta, faço exercício, não fumo e não bebo … Ele respondeu: “Não fumar e fazer exercícios é uma grande virtude. Mas, não beber vinho … o senhor não sabe o que está perdendo…”. Dr. Protásio há mais de 40 anos conduz as pesquisas relacionadas ao vinho x saúde. É membro titular da Academia Brasileira de Ciências na área de Ciências da Saúde e pesquisador do Instituto do Coração (InCor-USP). No III Simpósio Internacional Vinho e Saúde, cujo tema foi “Os Benefícios da Uva e Seus Derivados”, que aconteceu na Fundação Casa das Artes em Bento Gonçalves/RS, em 2017, participei presencialmente e naquela ocasião Dr. Protásio, mostrou o kit vinho que o InCor-USP distribui aos pacientes/voluntários com doença arterial coronariana que participam do estudo. São garrafinhas de 250 ml de vinho tinto fino seco, com 12% de álcool, elaborados a partir da variedade Merlot cultivado em diferentes vinhedos do estado do Rio Grande do Sul.
Segundo Dr. Protásio, “uma dieta adequada se associa à redução de risco de morte em aproximadamente 25%, percentual semelhante ao que o consumo moderado de álcool, incluindo o vinho, também é capaz de proporcionar. Os benefícios à saúde estão associados estritamente ao consumo moderado de vinho. O consumo do vinho é similar à administração de um remédio. Se prescrever uma dose excessiva, pode fazer mal”. Dr. Protásio enfatiza a importância da moderação, destaca que “o vinho possui antioxidantes que vão além da Vitamina E em importância, reforçando seu potencial na promoção da saúde. Estudos indicam que o vinho pode contribuir para a dilatação das artérias, favorecendo a circulação sanguínea. Essa capacidade de dilatar os vasos sanguíneos pode ter um papel relevante na saúde cardiovascular, ajudando a manter um fluxo sanguíneo adequado e saudável.”
A presença de antioxidantes no vinho, como o resveratrol, além de outros compostos polifenólicos, é apontada como um dos elementos primordiais nos benefícios associados ao consumo moderado de vinho. Esses compostos desempenham papel protetor contra danos oxidativos e inflamações, fatores-chave em diversas doenças cardiovasculares.
O entendimento do vinho como alimento ou complemento alimentar ganha destaque nas palavras do cardiologista Dr. Jairo Monson, que defende a inclusão do vinho na dieta para que as pessoas possam usufruir plenamente dos benefícios associados ao seu consumo. Segundo o médico, o vinho, biologicamente, preenche todos os critérios para ser considerado um alimento devido à sua composição única de micro e macronutrientes. Diz ainda que “Por conter álcool, o vinho é também classificado como uma bebida alcoólica, mas isso não lhe retira o direito de ser considerado alimento“. Essa perspectiva destaca a complexidade nutricional do vinho, sugerindo que seu papel vai além do simples prazer em degustá-lo.
Ao reconhecer o vinho como alimento, abre-se espaço para uma compreensão mais abrangente de seu potencial na promoção da saúde. Contudo, o apelo à moderação é essencial, especialmente ao incorporar o vinho como parte regular da dieta que deve ser cuidadosamente indicada por um profissional de saúde, garantindo os potenciais benefícios e possíveis riscos do seu consumo.
Sabemos então que, embora alcoólico, o vinho, quando consumido com moderação, oferece não apenas um prazer sensorial, mas também contribuições valiosas para a saúde humana.
Tim-tim!
@rachelalves.professoravinhos