País da cerveja e da Vodka, agora se delicia com o Glögi, versão finlandesa do vinho quente consumido em outras nações escandinavas
Por Rachel Alves Nariyoshi
O Dia da Independência da Finlândia Império Russo em 1917 foi comemorado no último dia 06. Uma das celebrações mais inspiradoras, com mais destaque, o Baile da Independência, evento de gala em Helsinque. Afinal, a Finlândia foi um Grão-ducado no Império Russo durante 108 anos, e antes disso, havia pertencido ao Reino da Suécia.
Um quarto do território finlandês está no Círculo Polar Ártico e é considerada a terra do Papai Noel, da neve, do sol da meia-noite, da aurora boreal e da felicidade. Isso mesmo, a Finlândia encabeça o ranking do Relatório Mundial da Felicidade, segundo a World Happiness Report, da ONU. Eles relacionam a felicidade com o sentido de conforto e bem estar social, onde a prioridade do estado é o bem estar social, em conjunto com uma economia livre de mercado, baseados em cinco critérios: saúde, dinamismo econômico, educação, ambiente político e qualidade de vida. Além disso, tem ainda o sistema educacional que é o melhor do mundo e não há, sequer, um único analfabeto naquelas terras.
País do café que tem o consumo médio per capita de 9,6 kg, país da cerveja e da vodca que seguem sendo as bebidas nacionais. A cerveja corresponde a 50% de todo o álcool consumido. E a vodka é feita com águas cristalinas provenientes da filtragem natural ocorrida em rochas da era glacial, essa água é tão pura que não é necessário nenhum tipo de filtragem ou remoção de componentes, o que lhe confere altos índices de pureza. No processo de fabricação da vodka são utilizados somente grãos de cevada com os menores teores de gordura que existem. No capo, eles são especialmente agraciados pela ocorrência do “sol da meia-noite”, beneficiando-os com mais nutrientes. A vodka finlandesa foi eleita pelos russos, em uma pesquisa realizada nos EUA (“Russian Life”), como a melhor vodka entre as dezesseis principais do mundo.
E o vinho? Como anda no país da felicidade?
É uma indústria que tem crescido, considerando que há, hoje em dia, poucos viticultores. Observa-se um crescimento lento, mas segundo a revista ADEGA, os países nórdicos (Finlândia, Noruega e Suécia) são principal ponto de crescimento vinícola na Europa, de acordo com pesquisa realizada pela Wine Intelligence. O resultado mostra que nove entre 10 adultos bebem vinho nesses países, o equivalente a 13 milhões de adultos.
O mais apreciado é o vinho Glögi, versão finlandesa do vinho quente consumido em outros países escandinavos. Os poucos vitivinicultores defendem que a neve é a “arma secreta do vinho finlandês” porque ela isola, protege os ramos e os impede de se congelar quando a temperatura cai a -36º C no inverno. E o sol? No ponto mais setentrional da Finlândia, o sol não se põe durante 73 dias no verão e não nasce durante 51 dias no inverno.
Lá se cultivam, além das vitis viníferas por nós conhecidas, as variedades Madeleine Angevine, Gewurztraminer. A empresa pública Alko, administra a produção e a venda de bebidas alcoólicas no país e, infelizmente, a Finlândia não figura na lista de regiões produtoras de vinho estabelecida pela União Europeia.
A vinícola Ainoa Winery foi fundada pelos imigrantes norte-americanos, os Cohens, que usam as florestas para tirar sua matéria-prima para os “vinhos”. Isso mesmo, plantam parreiras, mas fazem vinhos de frutas nativas como morangos, framboesas, amoras, espinheiro e mirtilos. Fundaram a vinícola em 2014 que fica a 90 km ao norte da capital Helsinque.
A Ainoa Winery cria vinhos que expressam o terroir da Finlândia e combinam na perfeição com a cozinha nórdica e ainda como aperitivos. Seus produtos são:
· Suven Taika – Vinho de Morango
- Aho – Sauvignon Blanc, Semillon e Morango
- Havu – Vinho da floresta de primavera com especiarias de lingonberry
- Ilta – o Merlot e framboesa: é um vinho tinto macio, mas encorpado, com apenas um toque de framboesa para destacar sua alma finlandesa. As uvas utilizadas em Ilta são colhidas manualmente e fermentadas em aço inoxidável.
- Kaamos – Vinho da Floresta de Inverno de Lingonberry Temperado
- Casta – Vinho da Floresta de Verão Espumante com Especiarias de Lingonberry
- Kuningatar – Vinho de Sobremesa Mirtilo-Framboesa
- Sametti – Vinho de sobremesa de mirtilo
- Silkki – Vinho seco de mirtilo
- Vaapukka – Vinho de sobremesa de framboesa
- Valokki – Vinho de sobremesa de amora silvestre
- Elo – Vinho de beterraba exclusivo
- Sointu – Vinho espumante extra seco e vinho de amoras silvestres
Na elaboração de vinhos, geralmente, é fermentado com as películas e o mosto (suco da uva). O contato com a pele na produção de vinho tinto permite que os compostos de cor, sabor e textura sejam integrados ao suco, enquanto a levedura Saccaromices Serevisae converte o açúcar em álcool. As cascas contêm a maior parte das coisas boas que dão cor ao vinho tinto. Os vinhos brancos são prensados antes da fermentação, separando o suco das películas.
Além do reconhecimento de vinhos individuais com prêmios conquistados em todo o mundo, a Ainoa Winery foi nomeada Embla Nordic Food Artisan em 2019 em Reykjavík por preencher uma lacuna que existia na culinária nórdica para vinhos nórdicos de alta qualidade. Seus fundadores receberam o Prêmio do Fundo de Cultura Alimentar Finlandês em 2018 por suas contribuições para o avanço da cultura alimentar finlandesa.
A vinícola Teiskon Vini foi fundada em 1998. Elabora vinhos tintos, brancos e rosés, além de espumantes e licores e, ao exemplo da Ainoa Winery, usam as frutas mirtilo, espinheiro-marítimo, amora silvestre, morango, groselha branca e tomate especial.
Vinho Teiskon Sunshine: foi o primeiro vinho elaborado em 1998. É caracterizado pelo sabor levemente picante da groselha branca e pela doçura do mel. Este vinho semi-seco e naturalmente fácil de lidar ostenta uma combinação de sabores fresca, encorpada e até picante. Virou um dos pilares da vinificação artesanal finlandesa. É o vinho The Best que sugere-se harmonizá-lo com peixe ou queijo.