Já falamos aqui que do vinho nasceu o costume de beijar.
Bem assim mesmo! Diz a história que na antiguidade o vinho era rigorosamente proibido às mulheres, era imoral porque associavam o vinho à menstruação. Séculos depois, na época do poderoso império romano, mulheres ainda não podiam, de forma nenhuma, beber vinhos. Por isso, o homem ao chegar em casa cheirava a boca da sua esposa para certificar-se, através de seu hálito, se ela havia ingerido vinho. Assim o beijo surgiu da ação de fiscalizar sua esposa. Hoje em dia dizemos que, quando tem vinho no meio, é beijo na certa, muito diferente desse tempo aqui descrito.
O que o vinho representa no amor? Acreditamos que o vinho tenha relação recíproca com o amor, a alegria de viver, o prazer hedônico, o relaxamento do corpo, o desprendimento da alma, o êxtase das sensações e o movimento dos sentidos, diz o poeta.
“Sabia que sua vida amorosa pode afetar seu gosto pelo vinho?” Sim! Sabemos!
Sabemos, inclusive, que o gosto de um mesmo vinho pode ser diferente, de acordo com a companhia, com o preparo gastronômico, com o ambiente (local, horário, iluminação, tipo de taça, conforto), enfim, o gosto pode ser alterado por esses e por muitos outros fatores. Mas, e daí? O que tem o vinho com o amor?
A revista Adega nº 201 traz uma pesquisa publicado no jornal de Ciência Comportamental Appetite, em que pesquisadores da Universidade de Wrocław da Polônia e TU Dresden da Alemanha, testaram as preferências de sabores e aromas de 100 casais cujos relacionamentos variavam entre três meses e 45 anos. Eles descobriram que quanto mais tempo um casal estava junto, mais semelhantes eram suas preferências de cheiro e gosto.
Nessa pesquisa, cada participante foi convidado a provar 38 amostras de aromas, que incluíam fragrâncias de eucalipto, butanol, toranja, carne defumada e caramelo e, ainda, foi pulverizado em suas línguas, amostras de cada um dos cinco gostos básicos: doce, ácido, salgado, amargo e umami. Eles avaliaram cada amostra com notas de 1 (gosto muito) a 5 (não gosto nada). No estudo foi analisado não só como as preferências poderiam ser afetadas pela longevidade de um relacionamento mas, como poderiam influenciar diretamente na felicidade do casal. E o resultado? “Parceiros tendem a se tornar mais semelhantes em várias características ao longo do tempo e as preferências de gosto e cheiro são mais parecidas em casais com maior duração do relacionamento”.
Em outra pesquisa, o Dr. Gregory G. Homish, epidemiologista psiquiátrico do Instituto Clínico e de Pesquisas da Universidade Estadual de Nova York em Buffalo, concluiu que “Casais que bebem vinhos juntos, ficam juntos e que indivíduos que gostam de vinhos se identificam melhor entre si pelo gosto ao vinho”. Foram estudados 600 casais, desde os tempos de noivado até sete anos após o casamento. Naturalmente, o casal que tem o hábito de beber vinhos juntos desenvolve maior intimidade e entendimento no relacionamento. Assim, casais que bebem vinhos juntos, na prática, se dão melhor que casais que não têm esse hábito ou que o fazem em separado. Outro dado a considerar na pesquisa é que “casais com diferentes hábitos de consumo alcoólico (cerveja, vodka, gin e outros) apresentaram maior índice de insatisfação do que aqueles casais que apreciam vinhos.”
Em mais uma pesquisa, agora na Universidade de Michigan, realizado por 6 anos com 2.767 casais que estavam juntos, em média, há 33 anos revelou que “casais que bebem vinhos juntos tendem a permanecerem junto. O saudável hábito de consumir vinhos juntos leva a um relacionamento mais feliz do que aqueles em que apenas um dos parceiros apreciava a bebida de Baco.” Como todos os outros estudos, esse envolvia entrevistas individuais, nas quais os indivíduos respondiam questões sobre a quantidade e a frequência de consumo de vinhos, sobre a qualidade do casamento e a opinião pessoal sobre o parceiro dentre outras questões. Bingo!
“Beije-me ele com os beijos da sua boca; porque melhor é o seu amor do que o vinho…” Salomão. Bíblia Sagrada. Cânticos 1:2.
Um brinde ao amor!
@rachelalves.professoravinhos