Representantes da Agência Brasileira de Cooperação do Ministério das Relações Exteriores (ABC/MRE) e da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura FAO decidiram renovar compromisso com países da Cooperação Sul-Sul. A decisão foi tomada após três dias de debates na 3ª Reunião do Comitê Consultivo do Programa de Cooperação Internacional Brasil-FAO, no Chile, na primeira quinzena de setembro. Além da renovação do programa de Cooperação Técnica, foi acordada a inserção de novos temas para aprofundamento da agenda, como o apoio à agricultura familiar, promoção do acesso à alimentação saudável (inclusive nas escolas), promoção da sustentabilidade e das políticas agroambientais, bem como inteligência e gestão territorial.
A reunião, realizada em Santiago do Chile, entre os dias 12 e 14 de setembro, teve como objetivo definir as prioridades estratégicas para os próximos cinco anos, aprimorar os mecanismos de governança compartilhada e analisar a fase atual de implementação de projetos. O diretor da ABC/MRE, embaixador Ruy Pereira, assegurou que a ABC/MRE “continuará unindo esforços e recursos para construir soluções inovadoras para as grandes dificuldades deste momento de recuperação da atividade econômica e social de alcance mundial após o impacto da COVID-19”. Ele ainda destacou que o fortalecimento da agricultura familiar e a luta contra a insegurança alimentar, são temas fundamentais para a cooperação Sul-Sul brasileira, ressaltando ainda
Já o representante do Escritório Regional da FAO para a América Latina e o Caribe, Mário Lubetkin, ressaltou a importância do trabalho conjunto “com o objetivo de erradicar a fome na região e avançar para o desenvolvimento rural sustentável, com base nas experiências bem-sucedidas do Brasil”. Lubetkin também avaliou o atual cenário, reconhecendo os duros efeitos da pandemia na região. “A desigualdade e a pobreza persistem e crescem novamente.”
Marco Programático
Durante três dias, foram realizadas apresentações sobre o Programa de Cooperação Técnica brasileira coordenado pela ABC/MRE, o novo marco programático da FAO e promovidos espaços de diálogos e de trabalhos em grupo, onde se discutiram lições aprendidas, riscos e fortalezas em comum, prioridades e perspectivas de futuro.
Como resultado, foram acordadas as linhas prioritárias para a nova fase (2023-2027) do Programa de Cooperação Internacional Brasil – FAO, que serão validadas entre todas as instituições cooperantes; as temáticas atualmente cobertas pelo Programa; e identificados os novos temas e iniciativas e potenciais instituições brasileiras como futuras cooperantes. Os temas do Programa de Cooperação Técnica acordados são: aprofundamento da agenda relacionada ao apoio à agricultura familiar; promoção do acesso à alimentação saudável, incluindo a alimentação escolar; promoção da sustentabilidade e das políticas agroambientais; e atuação no tema de inteligência e gestão territorial. Estas temáticas também estão alinhadas ao novo marco estratégico da FAO e suas quatro melhorias: melhor produção, melhor nutrição, melhor meio ambiente e melhor vida.
Destaques
O projeto Consolidação de Programas de Alimentação Escolar é um dos destaque e já implementou a metodologia de escolas sustentáveis em mais de 23 mil centros escolares de 12 países, alcançando 1,6 milhões de estudantes. Cinco países aprovaram marcos legais sobre alimentação escolar: Bolívia, Equador, Honduras, Guatemala e Paraguai. O projeto, executado por ABC/MRE, FNDE e FAO, também já apoiou as oportunidades de mercado para mais de 9,3 mil famílias agricultoras que passaram a vender a sua produção para programas de alimentação escolar da região. Também foi destacada a Rede de Alimentação Escolar Sustentável (RAES), criada em 2018, e que já conta com a participação de 22 países.
Executado pela ABC/MRE e a FAO,o projeto +Algodão também tem se destacado por apostar nas tecnologias sustentáveis, como o desenvolvimento da colheitadeira de algodão de uma linha junto com a Embrapa Algodão; as mochilas para colheita validadas no Peru e Equador; e a mini descaroçadora de algodão em uso no Equador. Cerca de 10 mil agricultores e agricultoras e três mil técnicos fortaleceram suas capacidades. A Bolívia aprovou o Programa Nacional do Algodão, já o Peru e a Colômbia aprovaram Planos Nacionais do Algodão, e o Paraguai reativou a mesa algodoeira.
Sem fome
Executado pela ABC/MRE e FAO, o projeto Iniciativa América Latina e o Caribe sem fome vem contribuindo para fortalecer a agricultura familiar na região. A primeira iniciativa – Semeando Capacidades – executada por dois anos junto com o Ministério da Agricultura e Desenvolvimento Rural (MADR) da Colômbia promoveu o intercâmbio de conhecimento por meio de uma série de ações que visavam desenvolver as capacidades técnicas e, ainda, contribuíram com recomendações para a formulação e melhoria de programas e políticas públicas para a agricultura familiar na Colômbia.
Outra ação do projeto Iniciativa América Latina e o Caribe sem fome, e que está em fase de elaboração, tem como objetivo contribuir para a mitigação dos efeitos das secas em países do Corredor Seco Centro-Americano (El Salvador, Honduras e Guatemala) e viabilizar a produção agropecuária, complementando os esforços do governo brasileiro e da FAO nas áreas de agricultura familiar e desenvolvimento rural.
*Informações do Centro de Imprensa das Nações Unidas no Brasil I Foto: IFAD/Pablo Corral Vega