Embaixador do Marrocos, Nabil Adghoghi, tem expectativa de que a retomada da linha da Royal Air Maroc em 7 de dezembro aumente as viagens de turistas brasileiros ao Marrocos e vice-versa. Chanceleres dos países estipularam recentemente próximos passos da parceria bilateral.
A retomada do voo direto entre Casablanca e São Paulo pela companhia marroquina Royal Air Maroc a partir do próximo 7 de dezembro gera a expectativa de um incremento no fluxo de turismo entre os dois países. O embaixador do Marrocos no Brasil, Nabil Adghoghi, acredita num aumento nas duas vias, de viagens de brasileiros ao país árabe e nas chegadas de marroquinos ao Brasil.
O Marrocos, que tem forte atividade turística, recebe entre 40 mil e 45 mil visitantes brasileiros por ano. “A meta é chegar a 100 mil turistas por ano”, afirmou Adghoghi para a reportagem da ANBA. Os marroquinos também viajam a turismo ao Brasil, em um fluxo que era de cerca de oito mil a nove mil pessoas por ano antes da pandemia. “Com essa retomada, com certeza esse número vai aumentar”, afirma.
O voo direto da Royal Air Maroc ao Brasil foi suspenso durante a pandemia de covid-19, junto com a interrupção do tráfego aéreo mundial. A linha volta com três conexões por semana entre o Aeroporto Internacional Mohammed V, em Casablanca, e o Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos. As passagens aéreas já estão sendo comercializadas.
Adghoghi acredita que haverá demanda tanto para o turismo direto entre os países quanto de conexões. Brasileiros poderão fazer conexões no Marrocos para viagens a cidades europeias ou mesmo unir os dois destinos, ficando alguns dias no Marrocos e outros na Europa. O embaixador relata que Casablanca se tornou um hub de aviação na África Ocidental, Oriente Médio, além de Europa.
O diplomata lembra que o Marrocos abriu representação do Gabinete Nacional de Turismo de Marrocos (ONMT) em São Paulo no começo deste ano. “Esses dois esforços vão se agregar para justamente promover o fluxo turístico entre os dois países”, diz. Somado a isso, há um alto índice de satisfação entre brasileiros que visitam o Marrocos. “Quanto mais gosta do destino, mais o turista volta”, diz.
Adghoghi falou à ANBA após reunião na Câmara de Comércio Árabe Brasileira com o vice-presidente de Relações Internacionais e secretário-geral, Mohamad Mourad, e a diretora de Relações Institucionais, Fernanda Baltazar, na qual discutiram ações para fomentar as relações econômicas entre o Brasil e o Marrocos, inclusive a realização de missão empresarial ao país árabe. Os detalhes estão sendo acertados.
Próximos passos
Os governos do Brasil e o Marrocos realizaram em maio deste ano, em Brasília, uma Reunião do Mecanismo de Consultas Políticas. Logo após, em junho, o chanceler brasileiro Mauro Vieira foi ao Marrocos e traçou com o ministro das Relações Exteriores, da Cooperação Africana e dos Marroquinos Residentes do país árabe, Nasser Bourita, um planejamento para a parceria entre os dois países.
Entre as recomendações oriundas do encontro estão a parceria em questões envolvendo o Atlântico Sul, já que os dois países têm grandes extensões de costas nesse oceano – a nomenclatura se refere à área do Atlântico entre América do Sul e África. O comunicado conjunto posterior inclui também o interesse em segurança alimentar. “O Marrocos é um dos maiores provedores de fertilizantes da agricultura brasileira e também importa commodities em grande escala do Brasil, como açúcar, milho, café”, disse Adghoghi.
A realização de um fórum empresarial entre os dois países, tema das conversas do embaixador Adghoghi na Câmara Árabe, foi uma das recomendações do encontro dos chanceleres. Segundo o documento divulgado na época, ele servirá para fortalecer as relações comerciais, promover sinergias entre atores públicos e privado e reforçar a complementariedade dos setores produtivos do Brasil e do Marrocos.
O embaixador Adghoghi enxerga que o momento econômico mundial é de parceiras entre setores, como industrial, de logística e serviços. Ele lembra que Brasil e Marrocos são, por exemplo, produtores de veículos. “Pode ter uma complementariedade entre as montadoras”, afirma, listando ainda outros segmentos a serem explorados nestas parcerias, como o aeronáutico e o hidrogênio verde.
Fonte: ANBA