O evento faz parte da programação do Dia do Holocausto e do Heroísmo – Yom Hashoá VehaGvurá, data lembrada em vários países em memória aos cerca de 6 milhões de judeus exterminados pelo nazismo durante a Segunda Guerra Mundial.
O Senado Federal teve nesta terça-feira (18) uma sessão especial, às 9h. A realização da sessão, aprovada no dia 11 de abril, foi apresentada pelo senador Jaques Wagner em comum acordo com a Embaixada de Israel, segundo a Agência Senado. O evento faz parte da programação do Dia do Holocausto e do Heroísmo – Yom Hashoá VehaGvurá, data lembrada em vários países em memória aos cerca de 6 milhões de judeus exterminados pelo nazismo durante a Segunda Guerra Mundial e 5 milhões de outras minorias assassinadas.
A sessão teve a participação do embaixador de Israel no Brasil, Daniel Zohar Zonshine, do presidente do StandWithUs Brasil, André Lajst, e da coordenadora educacional do Memorial do Holocausto de São Paulo, Sarita Mucinic Sarue. Todos relataram experiências de familiares sobreviventes do Holocausto e ressaltaram a importância de cultivar a memória das vítimas e dos que lutaram contra o nazismo. Assim como combater o antissemitismo e outras formas de discriminação. A diretora-geral do Senado Federal, Ilana Trombka, que é judia, também discursou na sessão especial. Ela destacou o papel do Senado na luta contra a violência.
“Buscamos levar à reflexão das atuais e futuras gerações acerca do que representou um dos maiores genocídios de nossa história contemporânea, o Holocausto. Ao mesmo tempo, busca-se promover consciência crítica para que não mais se repitam crimes contra a humanidade e que se promova efetivamente uma cultura de paz, onde impere o respeito à diversidade e à tolerância, em todos os níveis e instâncias da sociedade”, disse o parlamentar, conforme publicação da Agência Senado.
A sessão tratou ainda dos 80 anos do Levante do Gueto de Varsóvia, na Polônia, episódio considerado um marco da resistência judaica. Em 19 abril de 1943, judeus entrincheirados em prédios e abrigos enfrentaram os soldados nazistas por quase um mês até a explosão da Grande Sinagoga de Varsóvia, em 16 de maio. A maioria dos sobreviventes foi levada para campos de concentração e extermínio.
A data foi escolhida pelo Knesset (Parlamento israelense) em 12 de abril de 1951. O nome completo tornou-se formal em uma lei promulgada pelo Knesset em 19 de agosto de 1953. Embora a data tenha sido estabelecida pelo governo israelense, tornou-se um dia comemorado por comunidades judaicas e indivíduos em todo o mundo. O dia que comemora as vítimas do Holocausto é “Yom Hashoah Ve-Hagevurah” – literalmente o “Dia da (Lembrança do) Holocausto e do Heroísmo”. É marcado no dia 27 do mês de abril – uma semana após o sétimo dia da Páscoa e uma semana antes de Yom Hazikaron (Dia da Memória dos soldados de Israel). O calendário hebraico é fixo para que o dia 27 nunca caia no próprio Shabat. OYom HaShoah 2023 começa na noite de segunda-feira, 17 de abril.
Um dos objetivos é fazer chegar aos jovens o ocorrido há 78 anos. É preciso sempre recontar essa história de tristeza, mas também de heroísmo, para que, imbuídos desse espírito de fraternidade e solidariedade, vocês possam merecer um Brasil e um mundo construído com base na valorização da vida humana e da convivência dos diferentes — afirmou Jaques Wagner, que também leu mensagem do presidente da Confederação Israelita do Brasil (Conib), Fernando Lottenberg.
Histórias de sobrevivência – Na sessão, foram ouvidos os relatos de dois sobreviventes do Holocausto, Gabriel Waldman e George Legmann, que falaram da tribuna do Senado. Waldman compartilhou no Plenário sua história de sobrevivência ao nazismo na Hungria, onde nasceu. Com apenas um ano de idade, no início da guerra, Waldman foi o único remanescente de sua família paterna, assassinada em 1944.
A estratégia era a seguinte: primeiro, liquidar o interior da Hungria, pois era mais fácil. A família do meu pai era toda do interior. Não sobrou ninguém, a não ser eu, que estava em Budapeste [capital da Hungria]. A nossa função como sobreviventes é arrancar essas vítimas do Holocausto do seu anonimato — disse Waldman, lembrando que o nazismo transformou rapidamente “antissemitas ditos civilizados” em assassinos seriais.
George Legmann, nascido em Dachau, campo de concentração na Alemanha, foi outro sobrevivente que participou da sessão. Após relatar fatos ocorridos com sua família nos campos de concentração, como o assassinato da avó e do tio, Legmann cobrou do Brasil cuidado com as ameaças à democracia. A democracia é que nem uma flor: se você não cuidar dela, ela murcha. Lá murchou… Aqui no Brasil, temos que cuidar da democracia para nunca mais acontecer o 8 de janeiro. Foi uma afronta ao povo brasileiro — disse Legmann. Sobrevivente de campo de concentração esteve presente na sessão; mais de 6 milhões de judeus morreram durante o regime
:Fotos: Agência Senado