Embaixador de Israel participa de sessão solene na Câmara Legislativa
Súsan Faria
“A palavra Holocausto nos remete a um dos períodos mais bárbaros e sombrios da humanidade. Seis milhões de judeus, ao lado de outros inúmeros cidadãos, foram brutalmente assassinados. Um terço de nossa população foi aniquilada”. Disse, em seu discurso, o embaixador de Israel, Yossi Shelley, durante a sessão solene da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF), realizada na noite de quarta-feira, 28, em homenagem ao Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto.
O objetivo da solenidade foi destacar a importância do ensino do Holocausto para as gerações futuras e condenar toda e qualquer manifestação de incentivo à perseguição, ao ódio e a violência. “Apesar dos anos de perseguição, o povo judeu escolheu se levantar. Levantamos-nos e, em 1948, construímos o Estado de Israel”, afirmou o embaixador. “Também escolhemos lembrar, nunca esquecer e trabalhar para que a história nunca mais se repita. E para que isto aconteça, precisamos valorizar a Educação, falar constantemente sobre o holocausto e explicar sobre as atrocidades às futuras gerações”, prosseguiu.
O Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto, celebrado em 27 de janeiro, foi instituído pela resolução 60/7 da Assembleia Geral das Nações Unidas. A data marca a liberação do maior campo de extermínio nazista, Auschwitz-Birkenau, há 73 anos.
Yossi Shelley destacou que além de ouvir e entender sobre o trágico acontecimento é essencial questionar. “Manter vivas as lições do Holocausto não cabe apenas aos governos ao redor do mundo, mas a cada um de nós como cidadãos. Todos temos responsabilidades mútuas em uma escala global”, acredita.
Dentre os embaixadores e autoridades presentes à solenidade estava o Ministro de Ciência e Tecnologia de Israel, Ofir Akunis, que na ocasião disse que o Estado de Israel continuará a ser um testemunho vivo da vitória da humanidade sobre o regime nazista e continuará a luta com os aliados do mundo todo contra os que negam o Holocausto.
Já o presidente da Câmara Legislativa do DF, Joe Valle, disse que é inadmissível que pessoas morram por causa da intolerância religiosa, ódio e violência contra comunidades.
Velas – Durante a solenidade, foram acesas várias velas em homenagem às vítimas do Holocausto pelos embaixadores ou representantes das embaixadas em Brasília de Israel, Polônia, Canadá, Alemanha, Estados Unidos e França; pela filha do sobrevivente do Holocauto, Ruth Glatt, entre outras autoridades. Também estiveram presentes Hermano Wrobel, presidente da Associação Cultural Israelita de Brasília; Marlova Jovchelovitch, diretora da Unesco; a embaixatriz de Israel, Dina Shelley; e o embaixador Marcos Bezerra Abbot Galvão, ministro interino das Relações Exteriores.
Na ocasião, o maestro Thiago Francis Silvério executou uma das músicas do filme “A Lista de Schindler”, que conta como um empresário alemão, Oskar Schindler salvou a vida de mais de mil judeus. Também durante a solenidade foram feitas orações pelas vítimas do Holocausto.
Já o embaixador Marcos Galvão destacou que o ministro das Relações Exteriores, Aloísio Nunes Ferreira Filho, não compareceu à solenidade este ano por estar em Israel, onde também participou de cerimônias em homenagem às vítimas do Holocausto. Disse que há mais de 70 anos, homens e mulheres em todo o mundo questionam como o horror Holocausto pôde ocorrer. “Esse crime sem igual na história nos provoca tristeza profunda e até hoje indignação. A rememoração do Holocausto é fundamental para nos manter a vigilância diante do antissemitismo e de outras formas de discriminação que se manifestam hoje recicladas em não menos odiosas roupagens”, comentou.
“Ante o sofrimento e desespero das vítimas da perseguição nazista, Luís Martins e Aracy preferiram seguir suas consciências e não as normas burocráticas, assumindo riscos pessoais concederam vistos brasileiros a muitos perseguidos, permitindo-lhes sobreviver e a refazer suas vidas em outros continentes”, comentou o ministro interino das Relações Exteriores, Marcos Galvão.
Exposição – Logo após a solenidade, foi aberta no foyer do plenário a exposição “Além do Dever”, que homenageia diplomatas que tiveram participação ativa ajudando judeus a escaparem das forças nazistas durante a Segunda Guerra Mundial. Entre eles, os diplomatas brasileiros Luís Martins de Souza Dantas e Aracy Carvalho de Guimarães Rosa, ambos reconhecidos com o título de “Justos entre as Nações” pelo Yad Vashem, Museu de História do Holocausto. São exemplos de coragem e humanismo. A mostra pode ser vista até dia 28 deste mês.