A embaixada da Geórgia, através da importadora de vinhos Lorangi, promoveu uma degustação técnica e guiada de vinhos elaborados em ânforas.
A Geórgia é hoje considerada o país com os remanescentes mais antigos de vinhos comprovados pelo arqueólogo e professor da Universidade da Pensilvânia, Dr. Patrick McGovern, que encontrou evidências biomoleculares de ácido tartárico (presente nas uvas e vinhos) em pedaços de jarros de barro. Esses achados estavam em dois sítios arqueológicos na Geórgia, ao sul do Cáucaso, datados do período neolítico (10.000 a.C. até 3.000 a.C.), provando, então, que essa civilização é a mais antiga na produção de vinhos.
Esses jarros de barro, são conhecidos por Kvevri. São grandes ânforas usadas tradicionalmente para elaborar vinhos. E para manter a temperatura mais amena (o que leva à lentidão da fermentação) são enterrados no chão. O processo de elaboração tradicional de vinhos funciona assim: os cachos de uvas inteiros com cascas, sementes e engaços, são colocados dentro dos Kvevris e em seguida são lacrados. Ali acontece a fermentação e os sólidos (bagaços) não são retirados. Assim os vinhos refletem a forma mais pura e autêntica do terroir e revelam as características particulares das uvas.
Embora na Geórgia hajam modernas instalações vitivinícolas, o método ancestral de elaborar vinhos em ânforas ainda é amplamente usado, passado de geração para geração, sendo considerado “identidade cultural das comunidades georgianas”; fato que em 2013, a Unesco declarou o “Kvevri” (ânfora de barro e o processo de elaborar vinho) como Patrimônio Cultural Intangível da Humanidade.
De fato, as famílias georgianas seguem a sua rica cultura tradicional de fazer vinhos em ânforas, mesmo fora da Geórgia. Na cidade de Formosa, próximo à Brasília, o Senhor Gocha Bikashvili produz o vinho Lorangi. O nome é uma derivação da grafia do vinho laranja. Foi o Senhor Gocha que conduziu a cerimônia da abertura de uma ânfora enterrada no jardim da Embaixada da Geórgia.
Nesse mesmo evento, o embaixador interino da Geórgia, Senhor Zurab Paijiani, falou da produção dos vinhos naquele país, o Conselheiro da embaixada, Senhor Nikoloz Sakhvadze, nos recebeu orgulhoso dos vinhos que seriam degustados e, também, a Sommelière Lorena Ferraz Gonçalves palestrou, com muita paixão, acerca de toda história da produção de vinhos desde a antiguidade. Neste evento foi servido diversos preparos típicos georgianos elaborados pelo Buffet Fenix da Ozaina Barros (61) 98161-9265. E lá foram apresentados os vinhos: Tinto Lorangi Blend e os vinhos de Kakheti: Tinto Saperavi Budeshuri, Âmbar Rkatsiteli e o vinho Laranja Rkatsiteli.
Baseados nas fichas técnicas, seguem as informações dos vinhos degustados, todos elaborados em ânforas de barro, seladas com cera de abelhas. São comercializados no Brasil pela importadora Lorangi Marani (61) 98147-8553.
Vinho Tinto Lorangi Blend, safra 2021/22, com 13,4% de álcool, elaborado 70% da variedade Tannah e 30% da variedade Syrah. Foi elaborado na Vinícola Lorangi em Formosa/GO, usando o conceito de intervenção mínima, gerando um vinho não padronizado, com muita personalidade e natureza vibrante, “o vinho que aquece a alma”.
Vinho Saperavi Budeshuri de Kakheti Reserva, safra 2019, com 13,8% de álcool. Sem aditivos, esse vinho é a máxima preservação das características do terroir Tibaani e da variedade Saperavi. É envelhecido por 3 anos nos próprios Kvevri.
Vinho âmbar Rkatsiteli de Kakheti, safra 2019, com 12,5% de álcool da casta autóctone georgiana Rkatsiteli, do terroir Khirsa. Por conta de sua vinificação nas ânforas de barro, apresenta-se com cor âmbar (laranja/amarelo), e sua indicação de harmonização é para acompanhar, dentre outros, queijos maturados.
Vinho laranja Rkatsiteli de Kakheti, safra 2019, com 13,7% de álcool é elaborado com uvas cultivadas no terroir Tibaani sem aditivos químicos. É envelhecido por 2,5 anos nos Kvevris, fermentados com as leveduras selvagens (aquelas presentes nas cascas das uvas) e a cor laranja e seus taninos foram produzidos naturalmente durante o processo da fermentação.
O “Vinho Laranja” ou “Vinho Âmbar” ou “Vinho Kvevri” são nomes que vêm do processo de vinificação em ânforas de barro da partir de uma uva branca, porém, vinificada como se fosse uva tinta, mantendo as cascas juntamente com o suco durante todo o processo da fermentação. São conhecidos por esses nomes porque sua coloração (amarelo e/ou laranja) se mistura com tons de amarelo ouro chegando à cor âmbar. São vinhos brancos com personalidade de vinhos tintos porque são complexos, carregados de elementos fenólicos, apresentam aromas mais intensos, são potentes e densos.
Então, como sugestão, apreciem os vinhos elaborados em ânforas compreendendo suas diversas nuances. São vinhos com estilo próprio que revelam uma arte humana iniciada há milhares de anos.
Tin-tin a esse legado!