“O Governo da República Bolivariana da Venezuela condena a declaração emitida pelo Alto Representante da União Europeia, Josep Borrell, sobre as eleições parlamentares de 6 de dezembro na Venezuela. É lamentável que a UE persista na sua política intervencionista em relação à Venezuela, em franca não observância dos princípios mais elementares do Direito Internacional”, afirma um comunicado divulgado em Caracas.
O documento sublinha que “no entanto, apesar desta posição inercial da União Europeia e para além das reminiscências colonialistas contempladas na citada declaração, a Venezuela toma nota do interesse manifestado pelos Estados membros dessa organização em acompanhar e respeitar os processos inclusivos de diálogo político que se empreendam entre venezuelanos, a fim de superar as dificuldades da atual conjuntura”.
“O Governo da Venezuela reitera a ampla vontade de dialogar que tem demonstrado nos últimos anos com todos os setores da oposição venezuelana, incluindo tanto aqueles que participaram do processo eleitoral em 6 de dezembro, quanto os que decidiram não participar”, explica.
O comunicado diz ainda que o Presidente Nicolás Maduro “já anunciou a iminência de novos processos de encontro para os quais vão ser convocados os mais diversos atores políticos, sociais e económicos do país”.
“Com este propósito, a nova Assembleia Nacional, que deverá instalar-se no próximo 5 de janeiro de 2021, está chamada a ser o grande fórum de diálogo nacional em que todos os atores possam participar, sem restrições, para chegar aos acordos que o povo da Venezuela anseia e merece”, conclui.
O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, disse segunda-feira que a UE não reconhece os resultados das eleições venezuelanas de domingo por terem violado as regras internacionais e democráticas, e apelou a uma solução política urgente.
“As eleições venezuelanas para a Assembleia Nacional decorreram, lamentavelmente, sem um acordo nacional sobre as condições eleitorais e não cumpriram as normas internacionais mínimas para um processo credível e para mobilizar o povo venezuelano a participar”, afirma em comunicado.
Para Josep Borrell, “esta falta de respeito pelo pluralismo político e a desqualificação e perseguição dos líderes da oposição não permitem à UE reconhecer este processo eleitoral como credível, inclusivo ou transparente, e os seus resultados como representativos da vontade do povo venezuelano”.
O chefe da diplomacia europeia insiste, que “a Venezuela necessita urgentemente de uma solução política para pôr fim ao atual impasse e permitir a prestação da assistência humanitária urgentemente necessária ao seu povo”.
“A UE apela às autoridades e líderes venezuelanos a darem prioridade aos interesses do povo venezuelano e a unirem-se urgentemente para iniciar um processo de transição liderado pela Venezuela, a fim de encontrar uma solução pacífica, inclusiva e sustentável para a crise política, através de eleições presidenciais e legislativas credíveis, inclusivas e transparentes”, adianta Josep Borrell.
No domingo, a aliança de partidos que apoiam o Governo do Presidente venezuelano Nicolás Maduro venceu as eleições legislativas, com 67,6% dos votos, quando foram contados 82,35% dos boletins, anunciou o Conselho Nacional Eleitoral (CNE).
Uma aliança liderada pelos partidos tradicionais Ação Democrática (AD) e o Comité de Organização Política Eleitoral Independente (Copei) ficou em segundo lugar, com 944.665 votos (17,95%).
Tanto o AD como o Copei sofreram a intervenção do Supremo Tribunal de Justiça (STJ), que impôs como líderes de ambos os partidos antigos militantes que foram expulsos e acusados de corrupção pelos seus antigos colegas.
Em terceiro lugar ficou outra aliança liderada pelo Vontade Popular (VP), o partido de Leopoldo López e Guaidó, que também sofreu a ingerência do STJ, e que inclui ainda o Venezuela Unida (VU) e o Primeiro Venezuela (PV). Esta aliança obteve 220.502 votos, o que representa 4,19%.
O Partido Comunista Venezuelano teve 143.917 votos (2,73%), enquanto o resto das formações obtiveram 357.609 votos (6,79%).
A taxa de participação, de 31%, segundo o CNE.