Por Rachel Alves Nariyoshi
Organizado por Renata Gonçalves e apresentado por Beto Duarte e Daniel Perches, a Masterclass Uruguay Wine – Brasília fez parte das ações do Instituto Nacional de Viticultura (INAVI) em comemoração aos 150 anos de vinhedos e vinhos no Uruguay.
O INAVI, cujo atual presidente é o Senhor Ricardo Cabrera foi criado em 1987 para regular toda a atividade vitivinícola do país. Seu objetivo, entre outros, é fortalecer a presença dos vinhos uruguaios no exterior e promover ações para o desenvolvimento do enoturismo. Criou o selo do Programa Viticultura Sustentável, promovendo boas práticas agrícolas que respeitem o ambiente e garantem a rastreabilidade do vinho.
O vinho chegou ao Uruguai na segunda metade do século XIX, com a ajuda de famílias imigrantes que levaram seus conhecimentos do Mediterrâneo e, vencido o inseto filoxera que assolou os parreirais de todo o mundo, o crescimento deste segmento no Uruguai fez com que fosse considerada um autêntico símbolo de progresso. Segundo o INAVI, tudo começou no século XVII com a chegada da vinha ao Uruguai vinda do sul da Península Ibérica. Seu cultivo popularizou-se em Montevidéu, Canelones, Colônia, Salto e Soriano.
Na década de 1870, dois vinhedos muito importantes se estabeleceram: o do basco francês Pascual Harriague, em San Antonio Chico (Salto), e a fazenda do catalão Francisco Vidiella, em Colón (Montevidéu). Estas famílias, pioneiras na viticultura, foram a base fundamental da herança vitivinícola, introduzindo novas cepas e demonstrando que o cultivo da vinha no Uruguai era possível.
Em 1871 foi fundada a Associação Rural do Uruguai (ARU) que representou um marco no desenvolvimento do setor agrícola e vitivinícola nacional, assumindo um firme compromisso com a promoção e desenvolvimento da viticultura.
Em 1874 marca o início da viticultura no Uruguai. Em 1883, foi realizada a primeira Festa Nacional da Colheita na fazenda de Francisco Vidiella. Desde então, esta festa, que celebra a colheita das uvas viníferas no país, tornou-se uma tradição anual na zona sudoeste de Canelones e Montevidéu.
Em 1895 marca a fundação da Comissão Nacional de Viticultura, criado com o objetivo de fiscalizar o processo de replantio pós filoxera.
Em 1898 a Associação Rural do Uruguai liderou o primeiro Censo Vitivinícola nacional e destacou a influência dos imigrantes europeus, especialmente dos italianos, que preservaram as tradições e práticas vitivinícolas dos seus pais, fortalecendo e moldando a produção vitivinícola no Uruguai.
Em 1900 aconteceu o Congresso de Viticultura, importante marco para o setor vitivinícola. Este evento significou o encerramento de uma fase de testes e a legitimação do setor vitivinícola.
Em 1918 é fundado o Sindicato dos Viticultores e Enólogos do Uruguai, promovendo a troca de experiências e de boas práticas nos vinhedos.
Em 1939 foi fundada a Escola Superior de Viticultura “Presidente Tomás Berreta” que forma, até hoje, técnicos especializados na produção de vinhos e tem sido fundamental para o desenvolvimento da viticultura nacional.
Em 1974 foi criado o Centro Regional de Experimentação Agrícola (CREA) de viticultura, que constitui um espaço para troca de conhecimentos e experiências entre os vitivinicultores.
Em 1995 aconteceu a primeira apresentação de vinhos uruguaios na embaixada do Uruguai na França. Este fato levou à abertura de portas de ação perante a Organização Internacional da Vinha e do Vinho.
Em 2018 marca Assembleia Geral e o Congresso Mundial da Uva e do Vinho da OIV em Punta del Este, atraindo especialistas internacionais e recebendo mais de 300 apresentações, destacando o papel e a contribuição do Uruguai em produção vitivinícola internacional.
Dados de 2023 informam que o Uruguai apresenta 162 Vinhedos em produção, totalizando 1.846 hectares plantados de 40 variedades.
A variedade Tannat continua sendo a principal cultivar do país, a uva que está conectada diretamente com a identidade uruguaia, é a uva emblemática do Uruguai. Seus benefícios foram demonstrados na prevenção do Alzheimer, na estimulação do sistema imunológico e na prevenção de doenças coronárias porque essa variedade apresenta 2,7 vezes mais resveratrol que outras. Os solos argilosos, aliados à brisa atlântica, oferecem condições excepcionais para esta variedade.
Na Masterclass, foram servidos vinhos de todas as regiões do país, destacando: vinhos brancos Single Vineryard Albariño safra 2022 da Bodega Garzon e o Chardonnay safra 2022 da Bouza; vinho rosé Reserve Collection Pinot Noir safra 2022 da Marichal e os vinhos tintos: Overground Cabernet Franc safra 2020 da Viña Progreso, Don Pascual Reserve Tannat safra 2022 do Establecimento Juanicó, Single Block Reserve Tannat safra 2020 da Bracco Bosca e o RPF Tannat safra 2020, da Pisano. Encerrando a degustação foi servido o Vermut Flores Rosado produzido por Basta Spirit com pontuação 94 no Wine Enthusiast Top 100 Spirits of the year 2022.Encerrando a degustação foi servido o Vermut Flores Rosado produzido por Basta Spirit com pontuação 94 no Wine Enthusiast Top 100 Spirits of the year 2022
Uruguai: 150 anos de vinhedos, bons vinhos e muita cultura vitivinícola. Parabéns!
@rachelalves.professoravinhos