Autoridades eleitorais do Chile começaram a contar na noite deste domingo (25) os votos do plebiscito que decidirá se o país terá ou não uma nova Constituição. A previsão é de que o resultado saia ainda nas próximas horas.
Logo após o fechamento das urnas, centenas de manifestantes voltaram à Praça Itália, em Santiago. O local se tornou um símbolo dos protestos que tomaram o Chile em 2019 e que levaram à proposta de uma nova Constituição (leia mais sobre as manifestações no Chile no fim da reportagem).
No plebiscito, os eleitores responderam a duas perguntas:
“Você quer uma nova Constituição?”
“Que tipo de órgão deve redigir a nova Constituição?”
Pesquisas apontam que os chilenos querem, sim, uma nova Constituição para o país, e que o texto deve ser decidido por uma nova assembleia constitucional. O próprio presidente Sebástian Piñera admitiu que a vitória do “sim”.
“Eu acredito que a imensa maioria dos chilenos querem mudar, modificar nossa Constituição”, disse Piñera.A atual Constituição data da ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990), mas sofreu emendas e modificações que a tornam bem diferente do texto formatado pelos militares décadas atrás.
Protestos no Chile – A proposta de uma nova Constituição surgiu depois que protestos se espalharam por todo o Chile em outubro de 2019. Manifestações que começaram como um descontentamento pelo aumento no preço da passagem de metrô logo se transformaram em uma revolta generalizada com a classe política chilena.
Com os protestos e a violência policial, a popularidade de Piñera despencou. O presidente, então, propôs medidas paliativas para lidar com os manifestantes, até que os pedidos por uma nova Constituição tomaram corpo. Assim, com apoio do Parlamento, o Chile decidiu fazer um plebiscito para decidir se muda a Carta Magna.
A votação estava prevista para o primeiro semestre, mas a pandemia do novo coronavírus levou ao adiamento do pleito. Eleitores tiveram de usar máscaras e levar as próprias canetas para votar, como medidas de prevenção.
Mesmo com a pandemia e com a decisão de se fazer um plebiscito, os movimentos sociais no Chile não retrocederam — inclusive com cenas de violência e depredação. Na semana passada, o incêndio de uma igreja em Santiago causou revolta no país, mesmo entre apoiadores dos protestos e de uma nova Constituição