Fotos: Claudia Godoy
Durante esta semana, Brasília recebeu os presidentes de África do Sul, China, Índia e Rússia para o encontro do Brics, bloco econômico que conta também com o Brasil. Neste ano, o presidente da África do Sul, Cyrill Ramaphosa, esteve na capital federal e ofereceu um almoço para os chefes de Missão Africanos sediados no Brasil.
O Embaixador da África do Sul Ntsiki Mashimbye, voltado ao presidente da África do Sul, citou o Dia da Consciência Negra, celebrado no Brasil no dia 20 de novembro, declarou que na data os brasileiros relembram sua herança africana e legado da escravidão, “além de ser um dia para celebrar a justiça e política social alcançada nos dias hoje, iniciada pela luta do líder quilombola Zumbi dos Palmares”, salientou Mashimbye.
O diplomata recomendou ao presidente conhecer e visitar o Brasil durante este mês de comemoração, citando a forte influência africana presente no Brasil. “Nós sabemos que no estado da Bahia, especialmente na capital Salvador, que é a cidade que mais possui negros no Brasil, celebra todo o mês de novembro com festivais, conferencias e reuniões sobre a consciência negra”.
Como presidente do Grupo de Chefes de Missão Africana, o embaixador de Camarões, Martin Agbor Mbeng agradeceu a oportunidade de dar boas-vindas ao presidente Ramaphosa no Brasil e citou o quanto a Embaixada da África do Sul tem contribuído com o grupo. “O grupo africano de embaixadores tem 36 países membros e o nosso foco principal é promover o continente africano no Brasil”, declarou.
Martin Agbor Mbeng salientou que ao longo dos anos, as relações entre África e Brasil foram crescendo, com uma série de missões ocorridas entre os dois países, além do comércio e investimento brasileiro no continente. Continuamos com esforços para buscar mais investimentos em agricultura, infraestrutura, saúde, educação e outros. Sempre que a África do Sul vence, a África toda vence”, frisou o embaixador.
Investimento e crescimento africano
Presidente da África do Sul Cyrill Ramaphosa discursou no evento agradecendo a enaltecendo a oportunidade de encontrar o grupo e convidados durante o encontro do Brics, que segundo ele “é onde nos encontramos e temos a oportunidade de interagir com outros líderes e países”, afirmou.
Ramaphosa frisou que alguns programas para o desenvolvimento do país estão em andamento e que antes de vir ao Brasil, participou de uma conferência de investimentos, que trouxe uma serie de investidores de todo mundo. “Juntos eles puderam ver as oportunidades que a África possui. Juntamente a isso, a África do Sul teve uma segunda conferência de investimentos que gerou 25 bilhões de dólares”.
Ao se dirigir os membros do Grupo de Chefes de Missão Africana, o presidente sul-africano declarou que eles estavam ali não só representando os seus interesses, mas os interesses de toda a África, e frisou seu compromisso na busca de elevação do continente. “Nós seguimos tentando concretizar e trazer mais investimentos e beneficiar a todos. Buscamos também o desenvolvimento nas áreas de infraestrutura e inovação”.
Bloco econômico
Durante o coquetel, Cyrill Ramaphosa ressaltou a consolidação do bloco de livre comércio African Continental Free Trade Area (Área de Livre Comércio Continental Africana), que abrange 54 dos 55 países da União Africana. A área de livre comércio é a maior do mundo em termos de países participantes desde a formação da Organização Mundial do Comércio.
“Essa é uma grande oportunidade para o continente africano que poderá fazer trocas comerciais entre seus países, expandir os horizontes e melhorar nosso território. Vamos diminuir barreiras e negociar com preços menores”, afirmou Ramaphosa.
O presidente reiterou que do lado político, o bloco também ajudará a consolidar o combate a possíveis conflitos. “No âmbito social, isso fará com que as cidades africanas sejam mais cosmopolitas, aumentando a circulação de pessoas entre os países de diversas nacionalidades, fazendo com que os países se conectem ainda mais”.
O fato de ser um bloco também facilitará o comércio com outros blocos econômicos e políticos espalhados pelo mundo, de acordo com o presidente, que alegou que a África tem um futuro brilhante e com democracia ficando cada vez mais forte. “Ainda temos uma série de desafios para superar, como a pobreza, a falta de serviços básicos e infraestrutura, serviços de saúde e educação decente, conflitos e instabilidade em vários países e regiões. Esses são desafios que estamos trabalhando para resolver”, declarou.
Ramaphosa finalizou afirmando que o Brics tem colaborado a enfrentar essas questões e que a” criação do banco do Brics irá nos ajudar a financiar projetos para implementamos inciativas para superar esses problemas”, salientou.