A “diplomacia da vacina” conduzida por Moscou e Pequim é “acompanhada de esforços de desinformação e de manipulação visando minar a confiança nas vacinas fabricadas no Ocidente, nas instituições europeias e nas estratégias de vacinação europeias”, sustenta o texto da unidade de luta contra a desinformação.
Moscovo e Pequim “utilizam media controlados pelo Estado, redes de media próximos do poder e media sociais, incluindo as contas diplomáticas oficiais nas redes sociais, para atingir aqueles objetivos”, denunciam os autores do relatório.
“A conta oficial da Sputnik V (vacina russa contra a covid-19) no Twitter é usada desse modo”, precisam. “Desde o início de 2021, foram adicionados à base de dados EUvsDisinfo mais de 100 novos exemplos de casos de desinformação relativos à vacinação atribuíveis ao Kremlin”, indica o relatório.
Estas práticas visam “minar a confiança do público na Agência Europeia de Medicamentos (EMA) e levantar dúvidas sobre os seus procedimentos e imparcialidade política”, afirma. A EMA aprovou até agora quatro vacinas anti-covid: Pfizer-BioNTech, AstraZeneca, Moderna e Johnson & Johnson.
“Ao instilar desconfiança na Agência Europeia dos Medicamentos, os atores da desinformação visam minar e dividir a abordagem comum europeia para o fornecimento de vacinas, adianta. No mês passado, a EMA anunciou que ia avaliar a segurança da vacina russa e há duas semanas terá iniciado os testes clínicos da Sputnik V.
Segundo o relatório, os media pró-Kremlin tentam espalhar alegações de que a agência europeia está a adiar o estudo. A Hungria tornou-se em fevereiro o primeiro país da União a utilizar a Sputnik V e a vacina chinesa Sinopharm, que também não foi aprovada pela EMA.
No início do mês, o ministro da Saúde da Alemanha disse que Berlim planeia conversações com a Rússia sobre uma eventual compra da Sputnik. A falta de aprovação da EMA deixa qualquer governo mais exposto legalmente em caso de problemas com as vacinas.
O objetivo do relatório é “mostrar o que vemos, evidenciar práticas, documentá-las, para nos protegermos”, explicou uma fonte europeia, citada pela agência France Presse. “Mas não temos um instrumento mágico para combatê-las”, reconheceu. A fonte considerou que “a UE deve desenvolver instrumentos que imponham um custo a estas práticas de desinformação”, mas admitiu ser “mais fácil dizer do que fazer”.