Governo tunisiano quer diminuir a distância entre os dois países e receber doze vezes mais brasileiros com voos diretos
A Discover Tunisia, oficialmente Escritório Nacional do Turismo Tunisiano, órgão de promoção turística do país, participou pela primeira vez da WTM Latin America, feira do setor encerrada no dia 16, no Expo Center Norte, na capital paulista. Os participantes tunisianos buscam parcerias com operadores para dar continuidade da promoção da Tunísia e ampliar fluxo de visitantes do Brasil. O governo tunisiano e decidiu ampliar o esforço ativo para posicionar o país como destino turístico também acessível aos brasileiros.
O número de turistas brasileiros na Tunísia pode saltar dos atuais cinco mil visitantes por ano para pelo menos 60 mil em até três anos, com a criação de uma linha direta entre São Paulo e a capital Tunis. A avaliação é de Slim Fsili, CEO da Gold Experiences, empresa de receptiva turística tunisiana que há pelo menos uma década recebe viajantes brasileiros no país, enviados por operadores e agências de turismo de todo o Brasil.
“Se tiver voo direto, podemos subir para até 60 mil, como já acontece com a África do Sul, que recebe 80 mil brasileiros por ano. Se a gente fizer um trabalho sem voo direto [hoje se chega na Tunísia por conexão], pode chegar daqui a dois ou três anos a 20 mil brasileiros”, afirma Fsili, em participação na feira turística WTM Latin America, em São Paulo.
Já nas redes sociais e em português, a iniciativa procura mostrar em vídeos e materiais promocionais a Tunísia como destino marcado por influências árabes, mediterrâneas, africanas e europeias, com séculos de intercâmbio com as civilizações grega, romana, otomana e outras do Velho Continente, com herança diversa, a se refletir na arquitetura, cultura e no cotidiano do país.
A campanha também procura mostrar uma Tunísia onde é possível se desconectar e ter contato com pessoas e experiências de significado, conforme explica Leila Tekaia, diretora da Discover Tunisia para os mercados de Portugal, Espanha e Brasil. “Nas nossas pesquisas, identificamos que muitas pessoas querem desconectar nas férias. Então propomos que o viajante tire um tempo para si, que resgate as coisas simples da vida, que ‘Viva seu Tempo, Viva-o na Tunísia’, como é o mote da campanha”, explica a dirigente.
Ainda segundo Tekaia, a campanha mira diferentes viajantes, de pessoas com mais de 50 anos, que compõem o perfil predominante do turista estrangeiro no país, mas também famílias, jovens e grupos de amigos, retratados em experiências turísticas, detalhadas na landing page www.explore-tunisia.com
Nabil Lakhal, embaixador da Tunísia para o Brasil, que também fez questão de estar no estande da Discover Tunisia, promovendo o seu país junto com CEOs de duas empresas de receptivo que já têm parcerias com operadores brasileiros há pelo menos alguns anos. esteve na WTM Latin America. As opções vão de badaladas praias no Mediterrâneo, ao turismo de natureza nas montanhas, desertos e oásis do país, onde é possível, ainda, ter contato com a cultura árabe, além de experiências de alta gastronomia e lifestyle.
O embaixador, no entanto, destaca que o maior atrativo do país ainda é sua história.” São mais de três mil anos de civilizações documentadas, da fundação de Cartago até hoje”, afirma. ‘” O turista brasileiro, ao visitar a Tunísia, viverá uma experiência cultural marcante”. Além de divulgar as atrações do país, a participação teve o objetivo de estreitar relações entre receptivos tunisianos, empresas que acolhem turistas de todo o mundo enviados por operadores e agências de viagens, com parceiros do Brasil.
“Estamos buscando diversificar o mercado tunisino de turismo”, afirmou Lakhal, destacando que o país já recebe 10 milhões de turistas por ano. “Minha presença aqui é um sinal político para as autoridades brasileiras de que queremos reforçar as relações com o Brasil em todos os níveis, não só no comércio”, explicou.
Operadoras
Os operadores presentes na WTM Latin America estimam o número de turistas brasileiros na Tunísia em cerca de cinco mil por ano. Mesmo sendo poucos perto do total de visitantes, os brasileiros são muito bem-quistos por lá pela disposição de realizar gastos consideráveis durante a viagem.
Tanto que o objetivo da Discover Tunisia é triplicar a visitação de brasileiros em dez anos. A estratégia do órgão é intensificar a promoção do destino entre operadores brasileiros, a partir de ações, como a participação governamental na WTM Latin America, mas também com contatos fora da feira.
Os receptivos tunisianos presentes na WTM Latin America afirmam que pelo menos 150 operadores brasileiros atuantes com os mais diversos perfis de viajantes já vendem pacotes para a Tunísia. Eles, aliás, integram um pool formado há dois anos por iniciativa de operadores atuantes no Mediterrâneo para negociar melhores condições de preços de assentos ou voos charter junto às aéreas.
Voo direto
Outro esforço de promoção em curso é estruturar uma ligação aérea direta entre Brasil e Tunísia. Hoje, a rota mais competitiva para se chegar ao país é um voo da italiana ITA Airways, com saída de São Paulo e conexão em Roma, até a capital tunisiana, Tunis. Mas enquanto o volume de turistas não permite voos diretos, o governo tunisiano busca, pelo menos, ampliar as opções de conexão.
“Ao menos cinco companhias poderiam ter interesse em desenvolver conexões: a própria ITA Airways, a Royal Air Maroc, a Lufthansa, a Air France e a Iberia. O turista que visita a Tunísia já se dirige aos principais destinos dessas companhias. E podem encontrar nelas uma ligação para Túnis”, afirma Leila Tekaia, diretora da Discover Tunisia para os mercados de Portugal, Espanha e Brasil.
Tekaia argumenta, ainda, que o cliente brasileiro costuma viajar ao destino no inverno do Hemisfério Norte. Intensificar sua presença na Tunísia poderia, portanto, prolongar a alta temporada nos países do Mediterrâneo.
O Governo da Tunísia também discute com receptivos, operadores e aéreas a criação de um mecanismo de compartilhamento de riscos associados a assentos não vendidos. O dispositivo ainda está em fase de estruturação.
“Se tivermos uma linha direta, vamos ter um incremento grande de turistas brasileiros”, afirma Lakhal, citando o exemplo do aumento de turistas canadenses com a criação de uma linha entre Montreal e Túnis pela Tunisair em 2016. “A criação de uma ligação direta vai ser uma obrigação para nós, e vamos trabalhar nesse sentido”, afirma o embaixador
Enquanto não há voos diretos, os receptivos atuantes na Tunísia aproveitam o alto investimento do viajante no aéreo para combinar o país com outros destinos. É o que faz, por exemplo, Hamdi Ben Zaaline, da New Space Travel, também na WTM Latin America. “Temos roteiros em Portugal e Espanha conjugados com a Tunísia para públicos premium muito competitivos para operadores”.
Opções
Além das opções mais populares que associam Tunísia com Espanha, Portugal e Itália, a Gold Experiences, de Slim, também combina o destino com a Argélia e Malta. No futuro, a empresa quer oferecer aos operadores brasileiros opções incluindo a Líbia, que antes da pandemia agradava bastante o turista europeu.
A previsão de Slim considera, ainda, a continuidade da promoção da Tunísia junto aos operadores brasileiros. Esse esforço já ocorre há pelo menos dois anos, quando receptivos do Mediterrâneo agregaram operadores brasileiros em um pool, que viabilizou junto à ITA Airways a rota mais competitiva hoje de São Paulo a Tunis, via conexão em Roma.
Segundo conta Slim, esse pool segue crescendo. No primeiro ano da iniciativa, sua empresa recebia turistas de apenas oito operadores. Dois anos depois, já existem cerca de 150 operadores e agências de viagens brasileiras comercializando pacotes para a Tunísia, dos quais a Gold Experiences passou a atender a maioria, cerca de 100.
O executivo conta ainda que sua empresa está avançando para conquistar maior capilaridade no Brasil. No ano passado, por exemplo, ele levou aproximadamente 200 agentes de viagens das principais cidades brasileiras para conhecer a Tunísia e o destino que vendem.
“Isso fez a gente crescer 40% de um ano para outro [em número de turistas]”, afirma Slim Sfili. “Atendemos todos os públicos, do turista [classe] B até o AAA”, seguiu. “A gente está trabalhando para diversificar”, afirmou.
A Gold Experiences também investiu em guias que falam português. Segundo Slim, o turista brasileiro que procura o país já conhece vários destinos no exterior, é exigente, prefere ser atendido no seu idioma e por alguém que compartilha da sua cultura. “Isso dá um conforto para os operadores, que sabem que o cliente dele vai ser bem atendido [na Tunísia] e na língua dele”, afirma o CEO
Fonte; Discover Tunisia