Paralisação parcial do governo já dura mais de um mês. Plano de democratas não inclui verba para muro na fronteira; proposta de Trump é improvável de ser aprovada
Por Reuters
O Senado dos Estados Unidos deu um passo em direção a uma solução para a paralisação parcial do governo que já dura um mês, motivada pela falta de um acordo sobre o orçamento de algumas agências federais.
O líder da maioria republicana no Senado, Mitch McConnell, abriu caminho para votar na próxima quinta-feira (24) uma proposta democrata para financiar o governo durante três semanas. A proposta não inclui os US$ 5,7 bilhões exigidos pelo presidente Donald Trump para a construção de um muro na fronteira com o México, que os democratas vêem como ineficaz.
Trump já se opôs a qualquer legislação aprovada pela Câmara dos Deputados que não inclua a verba para o muro. Anteriormente, McConnell disse que não consideraria um projeto de lei orçamentário que Trump se recusasse a sancionar.
Norte-americanos têm amplamente culpado Trump pela paralisação, agora a mais longa da história dos EUA. Cerca de 800 mil funcionários federais estão em licença não remunerada, ou trabalhando sem receber.
Proposta de Trump
O líder do Senado disse que também colocará a voto na quinta-feira uma proposta de Trump para encerrar a paralisação. Essa proposta inclui os recursos para o muro e uma assistência temporária para os chamados “Dreamers”, jovens sem documentos que foram levados ilegalmente aos Estados Unidos quando crianças.
Trump propôs a manutenção por mais três anos a proteção à deportação aos Dreamers, que são cerca de 700 mil, como uma moeda de troca aos democratas para a aprovação da verba para o muro. No entanto, os líderes democratas no Senado, Chuck Schumer, e na Câmara, Nancy Pelosi, se opuseram.
Por isso, é improvável que o plano seja aprovado no Senado, e tem ainda menos chances na Câmara dos Deputados, controlada por democratas. Em 2017, Trump deu passos para encerrar o programa Daca, que prevê a proteção aos “Dreamers”, desencadeando uma briga jurídica. Mas em novembro de 2018 a Corte de Apelações dos EUA determinou que seu governo deveria manter o programa.
Estado da União
Por causa da paralisação, a presidente da Câmara, a líder democrata Nancy Pelosi, pediu que Trump adiasse o discurso de Estado da União no Congresso previsto para o dia 29 de janeiro.
O pedido parecia capaz de resultar em um novo confronto entre Trump e Nancy, dias antes de o presidente se recusar a deixar Nancy usar um avião militar dos EUA para fazer uma viagem, horas antes de ela embarcar.
Mas nesta terça uma fonte do governo Trump disse que o presidente ainda pretende realizar seu discurso em 29 de janeiro. Assessores de Nancy não responderam a pedidos por comentários sobre se o convite para Trump falar será válido.