Relatório indicou que 58% de todos os assassinatos em 2017 foram cometidos por companheiros ou familiares
Notícias ao Minuto Brasil
Mais da metade das mulheres assassinadas no mundo em 2017 foram mortas pelo companheiro ou familiares, o que faz da própria casa “o lugar mais perigoso do mundo para uma mulher”, indica um estudo da Organização das Nações Unidas (ONU).
No levantamento, divulgado por ocasião do Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra as Mulheres, celebrado neste domingo, o gabinete da ONU sobre Drogas e Crime (UNODC) calculou que, de um total de 87 mil homicídios de mulheres registrados em todo o mundo, no ano passado, cerca de 50 mil (58%) foram cometidos por companheiros ou familiares.
Cerca de 30 mil (34%) homicídios foram praticados pelo parceiro da vítima. “Isto significa que cerca de seis mulheres são mortas a cada hora por alguém que elas conhecem”, observou o gabinete da ONU, com sede em Viena, na Áustria.
A grande maioria (cerca de 80%) das vítimas de homicídios no mundo são homens e “as mulheres continuam a pagar o preço mais elevado em termos de desigualdade entre homens e mulheres, de discriminação e de estereótipos negativos”, declarou o chefe do gabinete da ONU, Iuri Fedotov.
“Elas são também aquelas com mais probabilidade de serem mortas pelo companheiro ou familiares (…) o que faz do domicílio o local mais perigoso para uma mulher”, sublinhou.
“O fato de as mulheres continuarem a ser vítimas deste tipo de violências mais que os homens denota um desequilíbrio nas relações de poder entre homens e mulheres na esfera doméstica”, acrescentou.
De acordo com os cálculos do UNODC, a taxa global de mulheres vítimas de homicídio eleva-se a 1,3 vítimas por 100 mil mulheres.
A África e as Américas são as regiões do mundo onde as mulheres correm maior risco de serem mortas pelo companheiro ou familiar. Em África, a taxa é de 3,2 vítimas por 100 mil mulheres. Nas Américas, 1,6, na Oceânia 1,3 e na Ásia 0,9. A taxa mais baixa observa-se na Europa, onde é de 0,7.
A ONU acrescentou que “nenhum progresso tangível” para combater este crime foi conseguido nos últimos anos, “apesar das legislações e de programas desenvolvidos para erradicar a violência contra as mulheres”.
As conclusões do relatório “sublinham a necessidade de uma prevenção da criminalidade e de uma justiça penal eficazes para enfrentar a violência contra as mulheres”.
O documento defendeu também uma melhor coordenação entre a polícia e a justiça para que os autores da violência sejam responsabilizados pelos atos. O relatório sublinhou ainda a importância de implicar os homens nas soluções, nomeadamente através da educação nas idades mais jovens.