O casal de brasileiros Catia e Ricardo Ramos se juntou ao descendente de libaneses Hassan Ali Abdullah para abrir a Ono Boutique de Carnes Halal. O espaço fica na zona Leste da capital paulista e oferece alimentos, voltados para o consumidor árabe e muçulmano.
Diariamente, Catia Ramos, de 53 anos, atende os clientes que chegam na Ono Boutique de Carnes Halal. Localizado no bairro da Mooca, na região Leste da cidade de São Paulo, o espaço vende carnes bovina e de aves halal – que são aquelas produzidas segundo as regras do islamismo e podem ser consumidas por muçulmanos – e outros 600 itens alimentícios, boa parte deles típicos da culinária árabe.
“Além da carne bovina, que é angus, e a carne de frango, entre os principais produtos comprados por aqui estão o pão, pasta de alho, doces, esfihas e beringelas recheadas. Esses itens nós compramos de países árabes como o Líbano, Emirados Árabes Unidos e Palestina”, conta Catia.
Para atender todo o público interessado nos produtos a empresa faz entregas em todas as regiões da cidade e também em outros municípios do estado de São Paulo.
“Entregamos bastante em Guarulhos, São Bernardo do Campo e São Caetano do Sul, que são lugares onde há muita comunidade muçulmana, mas também já entregamos em outros estados, como Santa Catarina, Pará, Rio de Janeiro, Paraná e Minas Gerais”, explica a paulistana.
“Independentemente do valor do produto, nós fazemos a entrega. A única coisa que muda, e o cliente é avisado, é o frete, dependendo da distância. Focamos em fazer um atendimento diferenciado e personalizado para atender a todos.”
A exportação para outros países ainda não aconteceu, mas está nos planos, de acordo com Catia. Sem prazo para começar também está o aumento das vendas dos produtos da boutique para supermercados e restaurantes.
Além de Catia, o espaço, que foi inaugurado em agosto de 2024, é gerenciado por outros dois sócios: Ricardo Ramos, marido dela, e Hassan Ali Abdullah, um brasileiro descendente de libaneses. Ela já atuava há mais de 20 anos como açougueira quando conheceu Hassan.
“Eu e meu marido, que somos açougueiros, estávamos trabalhando no nosso negócio, quando conhecemos o Hassan. Ele já tinha experiência na comercialização de carnes halal e estava em busca de profissionais para trabalhar com ele em uma nova boutique voltada para atender consumidores de comida halal”, conta a sócia do negócio.
A ideia ganhou corpo no começo de 2023 e depois de encontrarem o local desejado para ser a sede da boutique, o trio se surpreendeu com o tamanho do espaço. “Para aproveitarmos todo o espaço do local aumentamos a quantidade de produtos vendidos e chegamos ao número de 600.”
Açougueira de profissão
Catia herdou a profissão do pai. Português, ele mudou-se para o Brasil, constituiu família e trabalhou a vida inteira como açougueiro. A paulistana, que até chegou a fazer faculdade de Design de Interiores e atuar na área, acabou se rendendo à profissão do genitor.
“Mesmo sendo herdada, gosto muito da minha profissão. Hoje em dia, atuando como sócia da boutique, acabo ficando mais no atendimento da loja do que cortando peças, mas sempre que necessário vou e faço os pedidos dos clientes.”
Com mais de duas décadas de profissão, a adaptação do trabalho da brasileira ao novo público foi feita de forma leve. “O que muda quando falamos de atender o público árabe são os nomes dos cortes das carnes, que são diferentes do que os brasileiros pedem, mas aprendi isso bem rápido. Já o atendimento ao público é igual aos outros lugares em que trabalhei”, explica a empresária.
Atendendo diariamente árabes, seus descendentes, muçulmanos e até alguns brasileiros que não são dessa religião e ou têm essa origem, mas que gostam de comida halal, a açougueira costuma fazer todos os atendimentos. Isso muda apenas quando aparecem clientes que só falam árabe. Quando o sócio Hassan não está presente ela recorre a duas funcionárias que dominam o idioma dos clientes.
Reportagem de Rebecca Vettore, em colaboração com a ANBA