A província de Kivu do Norte notificou o Ministério da Saúde de “26 casos de febre com indicações hemorrágicas, dos quais 20 foram fatais”
Folhapress
A República Democrática do Congo anunciou nesta quarta-feira (1º) um novo surto de ebola no leste do país, com 20 mortos, cerca de uma semana depois de declarar o fim de uma epidemia na região noroeste.
A província de Kivu do Norte notificou o Ministério da Saúde de “26 casos de febre com indicações hemorrágicas, dos quais 20 foram fatais”, afirmou o ministro da Saúde, Oly Ilunga Kalenga, em um comunicado.
O surto ocorreu na região de Beni, em Kivu do Norte -bastião de uma milícia islamita ligada a Uganda chamada Forças Democráticas Aliadas (ADF). “Neste ponto, não há indicação de que essas duas epidemias, que estão a mais de 2.500 quilômetros de distância, estejam conectadas”, disse.
Seis amostras coletadas de pacientes hospitalizados chegaram a capital Kinshasa na terça-feira (31) para análise pelo Instituto Nacional de Pesquisas Biomédicas (INRB), acrescentou.
Das seis, quatro testaram positivo para a doença do vírus ebola. Doze especialistas do Ministério da Saúde chegaram a Beni nesta quinta-feira (2). Técnicos da Organização Mundial da Saúde (OMS), da ONU e do Banco Mundial também foram enviados ao país para ajudar no caso.
Em 24 de julho, o próprio Ilunga declarou o fim de um surto de 10 semanas que atingiu o noroeste da República Democrática do Congo, causando 33 mortes e provocando preocupação internacional.
Os casos surgiram na cidade de Mbandaka, nas margens do rio Congo, com uma população de mais de um milhão pessoas. Para muitos especialistas, a doença contagiosa em um ambiente urbano é muito mais difícil de conter do que no campo, especialmente em um país pobre com um sistema de saúde frágil.
A epidemia foi combatida com a ajuda da OMS, que apressou a ajuda de emergência, incluindo equipamentos de proteção, e desbloqueou US$ 2 milhões (R$ 7,55 milhões) em financiamento.
A OMS forneceu ainda uma vacina que provou ser altamente eficaz em testes durante a pandemia da África Ocidental. O último surto é o décimo registrado na República Democrática do Congo desde 1976, quando o vírus foi descoberto no norte do país, então chamado Zaire, e recebeu o nome de um rio próximo.
O ebola, uma das doenças mais temidas do mundo, é uma febre hemorrágica causada por vírus que, em casos extremos, causa sangramento fatal em órgãos internos, boca, olhos ou ouvidos.
O vírus tem um reservatório natural em uma espécie de morcego frugívoro tropical africano, a partir do qual acredita-se que salta para os humanos que matam os animais para alimentação.
A transmissão entre os humanos, então, ocorre através de contato próximo com o sangue, fluidos corporais, secreções ou órgãos de alguém que está infectado com ebola ou que morreu recentemente. A taxa de mortalidade média é de cerca de 50%, variando de 25% a 90%, segundo a OMS.
No pior surto de ebola, a doença atingiu Guiné, Libéria e Serra Leoa, na África Ocidental, entre 2013 e 2015, matando mais de 11.300 pessoas.