A Ásia se nos apresenta como uma das frentes mais promissoras de atuação diplomática no Século XXI, pelo seu dinamismo, riqueza de culturas, etnias, religiões e instituições sócio-políticas. O perfil do Brasil na Ásia se apresenta bastante sólido e consistente, assim como no Brasil, com um importante contingente populacional de origem asiática, relacionamentos densos e harmoniosos, e o desejo de estreitar crescentemente os laços com um número cada vez maior de parceiros da região. Em que pesem esses desenvolvimentos auspiciosos, há, ainda, em certos aspectos, uma significativa ausência de conhecimento e compreensão entre o Brasil e aquela região que necessita ser superada.
Como marco histórico, ressalte-se a união e cooperação entre o Brasil e a Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN – Association of Southeast Asian Nations), que se consolida num processo de economias emergentes, globalização, consolidação de novos blocos econômicos e atores estatais de integração regional. Diversas são as diferenças culturais entre ambas regiões: história, religião, gastronomia e economia. No entanto, o capitalismo globalizado, norteado pela abertura de novos mercados, propriedade intelectual e transferência de tecnologia para inovação, especialmente em produção e produtividade, nos impulsiona a padrões eficientes de gerenciamento econômico.
Criada em 8 de agosto de 1967, a ASEAN (Associação das Nações do Sudeste Asiático) surgiu de um acordo entre Cingapura, Indonésia, Filipinas, Malásia e Tailândia, para assegurar o desenvolvimento econômico e a estabilidade política da região. Atualmente, os países integrantes da ASEAN são: Brunei Darussalam, Camboja, Cingapura, Filipinas, Indonésia, Laos, Malásia, Mianmar, Tailândia e Vietnã.
Os principais objetivos dessa associação são acelerar o crescimento econômico, o progresso social, o desenvolvimento cultural na região, e promover a paz e a estabilidade através do respeito e justiça entre os países integrantes.
Os países membros da ASEAN adotaram durante a conferência de 1976 o Tratado de Amizade e Cooperação, que apresenta os seguintes princípios fundamentais: o respeito mútuo pela independência, soberania, igualdade, integridade territorial, identidade nacional; o direito de cada Estado para conduzir a sua existência nacional, livre de interferências externas; não ingerência nos assuntos internos de outro país; a renúncia à ameaça ou uso da força; cooperação eficaz entre si.
Os países membros da ASEAN fundamentam suas relações na cooperação, não importa se esta seja política, econômica ou funcional. Dentro da flexibilidade desse processo, o mais importante é a validação do consenso na tomada de decisões, que se baseia na solidariedade e no exercício permanente da reciprocidade negociada. Os pontos centrais da cooperação se situam nas áreas do comércio e da indústria. Os Acordos de Comercialização Preferenciais compreendem, principalmente, preferências alfandegárias, que permitam intercâmbios mais rápidos entre as nações, mas que possam também estender-se aos aspectos não-alfandegários, isto é, as compras do setor público, os contratos a longo prazo sobre produtos básicos e o financiamento do comércio a taxas de juros mais baixas. Em nível industrial, os chamados projetos industriais se referem a novas produções que são desenvolvidas com recursos de cada um dos países, enquanto os programas de complementação visam a promover interrelações entre as indústrias existentes.
Em 1992 foi criada a zona de livre comércio, sendo implantada gradativamente até 2008. Outros projetos estão sendo formulados com o intuito de facilitar a circulação de pessoas, de negócios, fortalecer as instituições da ASEAN e acelerar a integração regional nos setores prioritários (viagens aéreas, produtos eletrônicos, pescas, saúde, produtos à base de borracha, têxteis e confecções, turismo e produtos de madeira).
A Associação das Nações do Sudeste Asiático busca a integração econômica entre os países membros, pretendendo obter o desenvolvimento econômico com equidade e redução da pobreza e desigualdade socioeconômicas até o final de 2020.
No que se refere às relações entre a Ásia e a América Latina, a cooperação tem sido profícua, com o estreitamento das relações comerciais, especialmente no que tange ao Brasil, com acordos de comércio, energias renováveis, e indústria.