Relatório enviado ao regime de Nicolás Maduro nesta quinta-feira aponta que mais de 94% dos venezuelanos viveram na pobreza em 2018. ONU pede solução para a crise
Por G1
Quase um quarto da população da Venezuela precisa de ajuda humanitária urgente, apontou relatório da Organização das Nações Unidas enviado nesta quinta-feira (28) ao regime de Nicolás Maduro. De acordo com o estudo, cerca de 7 milhões de venezuelanos têm “necessidades prioritárias urgentes de assistência e proteção”.
O informe também apontou uma série de dados alarmantes sobre o colapso econômico e humanitário na Venezuela, segundo as agências Reuters e France Presse. Veja abaixo:
- Em 2018, mais de 94% da população venezuelana vivia na pobreza – 60% na pobreza extrema;
- O número de pessoas subnutridas na Venezuela chegou a 3,7 milhões – o triplo do registrado entre 2010 e 2012;
- Ao menos 22% das crianças menores de 5 anos sofrem de desnutrição crônica;
- Aproximadamente 300 mil pessoas estão sob risco porque não conseguem acesso a remédios e medicamento para doenças como câncer e diabetes ou para controle do HIV;
- O acesso a água, saneamento e higiene está prejudicado a cerca de 4,3 milhões de venezuelanos;
- Cerca de 5 mil pessoas abandonam a Venezuela todos os dias. Cerca de 10% da população (3,4 milhões) vivem como imigrantes ou refugiados em países vizinhos;
- A Unicef aponta que 48% das crianças e adolescentes matriculados nas escolas correm o risco de abandonar os estudos porque não conseguem frequentar as aulas com regularidade.
ONU pede resposta
A ONU espera que o regime de Nicolás Maduro dê alguma resposta aos números apontados pelos observadores da organização. Entretanto, o governo chavista diz que a crise é resultado das sanções impostas pelos Estados Unidos e o autoproclamado presidente interino Juan Guaidó.
Em fevereiro, o regime Maduro bloqueou a ajuda humanitária enviada à Venezuela em uma coalizão liderada pelos Estados Unidos e seguida principalmente por Brasil e Colômbia. O governo chavista fechou as fronteiras venezuelanas, e, no “Dia D” da entrega dos carregamentos com comida e remédios, houve tumulto nas cidades fronteiriças – inclusive com relatos de mortes.
Maduro, em contrapartida, aceitou ajuda enviada pela Rússia. O governo russo, inclusive, manifestou apoio ao presidente chavista e enviou recentemente guarnições militares à Venezuela – movimento criticado por Guaidó, pelos EUA e pelo governo brasileiro.
O documento da ONU enviado a Maduro nesta quinta-feira, porém, pede pressa em uma solução ao colapso humanitário.
“A politização da ajuda humanitária no contexto de crise torna mais difícil a entrega da assistência conforme os princípios de neutralidade, imparcialidade e independência”, criticou o documento da ONU.