O presidente da Rússia, Vladimir Putin, ordenou nesta segunda-feira, 21, o envio de “tropas de paz” para duas regiões separatistas no leste da Ucrânia depois de reconhecer Donetsk e Luhansk como repúblicas independentes. A medida, que ecoa os movimentos de Putin na Guerra da Geórgia em 2008, foi anunciada um dia depois dos esforços do presidente francês, Emmanuel Macron, de negociar uma saída diplomática para a crise.
O envio foi precedido de um duro discurso do líder russo contra autoridades ucranianas, ocidentais e a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), no qual Putin acusou seus rivais de planejar atacar a Rússia. Antes mesmo do anúncio do envio das tropas, a União Europeia e os Estados Unidos sinalizaram a aplicação de sanções contra a Rússia e os governos pró-Moscou de Donetsk e Luhansk.
A secretária de imprensa da Casa Branca, Jen Psaki, disse que o presidente Joe Biden emitirá uma ordem executiva proibindo o investimento e o comércio dos EUA nas regiões separatistas. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, chamou o reconhecimento de Putin dos territórios separatistas de uma “violação flagrante” da lei internacional e disse que o bloco “reagiria com unidade, firmeza e determinação em solidariedade com a Ucrânia”.
O presidente francês Emmanuel Macron chamou a declaração de “violação da soberania da Ucrânia” e convocou uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU. O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, sinalizou a disposição de adiar a imposição de sanções, mas disse que a medida de Putin é “um mau presságio e um sinal muito sombrio”. O chefe da Otan, Jens Stoltenberg, acusou Moscou de escalar o conflito e instou a Rússia a “escolher a diplomacia”.
O decreto do Kremlin, expresso em uma ordem assinada por Putin, não deixou claro quando, ou mesmo se, as tropas entrariam na Ucrânia. Mas alimentou ainda mais os temores de uma invasão iminente e destacou os grandes desafios que os EUA e as nações ocidentais enfrentam para evitar um conflito militar que consideram quase inevitável.
O conselheiro de segurança nacional de Biden, Jake Sullivan, foi pessimista em comentários à ABC News na manhã desta segunda-feira. “Nós nunca perdemos a esperança na diplomacia até que os mísseis voem ou os tanques rolem”, disse. Mas “a probabilidade de haver uma solução diplomática, dados os movimentos de tropas dos russos, está diminuindo a cada hora”.
O reconhecimento dos territórios viola o acordo de paz de Minsk de 2015, que foi desenvolvido para restaurar as regiões separatistas ao controle da Ucrânia, mas nunca foi implementado. Ainda não está claro se essas tropas permanecerão no território já controlado pelos rebeldes ou avançarão para locais dessas províncias sob controle do Exército ucraniano.