Com o tema ‘preservação de oceanos e rios, e a luta contra os microplásticos’, a edição 2021 do FrancEcolab ofereceu a jovens de 18 a 26 anos a oportunidade tirar do papel projetos em defesa do meio ambiente. Os vencedores no Rio foram: Zé Alexandre dos Santos; Anna Carolina da Silva Fraga; e Yasmin Soares. Os três ficaram nas primeiras posições da categoria voltada para as iniciativas que favoreçam a despoluição da Baía de Guanabara. A entrega dos prêmios foi no último dia 06, na biblioteca do Consulado Geral da França no Rio de Janeiro.
Com a ajuda de mentores do programa, eles aprenderam a elaborar projetos com soluções reais para problemas do Rio de Janeiro. E o resultado será poder aplicar suas ideias em comunidades da capital fluminense. Além de receberem um fundo (de R$ 1 mil a R$ 5 mil) para colocar os projetos em prática, cada um deles terá o acompanhamento de especialistas para capacitação e pesquisa de campo.
O FrancEcolab Brasil é uma iniciativa da Embaixada da França e tem dois eixos de atuação. Um deles reúne mais de 3.500 estudantes, de 7 a 18 anos, de 50 escolas públicas e privadas de todo o Brasil, que participaram de oficinas, palestras e concursos ao longo do ano. O outro, chamado de LABJovens, oferece a jovens de 18 a 26 anos a oportunidade de se capacitarem e de receberem financiamentos para tirar do papel projetos de defesa do meio ambiente.
“Em um momento em que os países se reúnem em torno da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP26), em Glasgow, a iniciativa FrancEcolab Brasil pretende conscientizar as crianças em idade escolar e formar, entre os jovens, uma rede permanente de defensoras e defensores do meio ambiente”, afirma material divulgado pela embaixada da França, em Brasília. Segundo dados divulgados no documento, “70% da superfície de nosso planeta é coberta pelos oceanos que são responsáveis por, pelo menos, 50% do oxigênio produzido na Terra. Entretanto, 40% dos oceanos são considerados fortemente afetados pela atividade humana”.
Recicla Maré – Zé Alexandre Vania dos Santos, de 23 anos, foi o grande vencedor do ‘Prêmio L’Oréal Brasil – Baía de Guanabara’, com o projeto Recicla Maré. A ideia de Alexandre tem como objetivo ajudar catadores de materiais reciclados que atuam sem a ajuda do governo dentro do Complexo da Maré, um conjunto de 16 favelas na Zona Norte do Rio.
“Nessa ação vamos tentar fazer uma parceria entre os catadores e a Comlurb, implantando dois ganchos em cada casa. Um gancho será para a Comlurb com lixo orgânico, que não será aproveitado pelos catadores. Já o outro gancho será com o lixo separado que eles utilizam para tirarem a sua renda”, explicou Zé Alexandre.
O jovem contou ainda que a ideia surgiu ao ver como acontecia a coleta de lixo na rua onde mora, entre as comunidades Nova Holanda e a Baixa do Sapateiro. Segundo ele, o lixo lá fica espalhado no chão, os catadores precisavam revirar o material e acabam expostos a doenças. “O mais importante é a saúde dos catadores e a importância de uma coleta seletiva correta”, disse o jovem ambientalista.
Maré Sem Plástico – Na segunda colocação ficou outra moradora do Complexo da Maré, a estudante de biologia Anna Carolina da Silva Fraga, de 21 anos, autora do projeto Maré Sem Plástico. Integrante do coletivo Eco Maré, que ajudou na execução do projeto, Anna teve a ideia de disseminar a educação ambiental nas 16 favelas da região. Além disso, a iniciativa tem como objetivo incentivar a reutilização de garrafas PET.
“É de extrema importância iniciativas desse tipo, porque a consciência ambiental precisa chegar em todos os lugares. É uma pauta muito importante e as vezes não é abordada nas escolas, sendo mais difícil de ser abordado nas comunidades também. Esse projeto permite que as pessoas da comunidade da Maré fiquem mais cientes sobre os problemas e os impactos climáticos e também que tenham mais interesse pelo assunto. A gente espera despertar o ativismo ambiental nas pessoas para que elas continuem ou comecem a preservar o nosso meio ambiente”, contou Anna que pretende oferecer oficinas para alunos das escolas da região.
Projeto Bueiro Azul – A iniciativa de Yasmim Soares, de 19 anos, estudante de biomedicina da UFF, ficou com o terceiro prêmio da categoria. O projeto batizado de Bueiro Azul é focado em três eixos, segundo explicou a pesquisadora. São eles: o científico, que é a parte prática; o virtual, que é a divulgação do projeto pela página do Instagram; e o educacional, que é levar o projeto para as escolas da região.
A parte prática é a instalação de uma barreira, uma espécie de tela de aço, nos bueiros da Avenida dos Democráticos, na Zona Norte, via que corta as comunidades Manguinhos, Jacarezinho, Higienópolis e Bonsucesso. “A gente quer mitigar dois problemas, o acúmulo de resíduos nos bueiros e a passagem desses resíduos para o oceano, que é a nossa grande preocupação agora”, explicou Yasmim.
A tela do “Bueiro Azul” (foto) é feita de aço galvanizado, um material bem resistente. O objetivo é impedir a entrada de materiais feitos de plástico na rede pluvial, que acaba sendo despejado nos oceanos. “O plástico que a gente recolher, a gente está tentando fechar um jeito de mandar para as cooperativas, para dar um destino para esse resíduo. A preocupação também é com o futuro do planeta”, comentou.
“Precisamos construir um futuro positivo por todos e, para isso, engajar os jovens na sustentabilidade e conscientizá-los sobre os limites planetários é essencial. Dentro do nosso programa L’Oréal para o Futuro, buscamos empoderar comunidades e dar oportunidades aos jovens talentos para construir soluções locais de impacto social e ambiental, como vemos, hoje, no LABJovens. A sustentabilidade é uma urgência para todos nós, e precisamos unir forças para alcançarmos a transformação que queremos ver no mundo”, disse Maya Colombani, diretora de sustentabilidade da L’Oréal Brasil, uma das parceiras do programa.
Jovens ambientalistas em todo Brasil
O FrancEcolab Brasil, iniciativa da Embaixada da França, foi dividido em algumas categorias. Além do prêmio voltado para projetos de despoluição da Baia de Guanabara, o programa também destinou apoio às inciativas de preservação dos rios da Amazônia.
Nessa categoria, os premiados foram:
Vitoria Pinheiro Galvão, de Manaus, com o projeto “Epicentro Jornalismo”;
Yano Rodrigues da Silva, de Boa Vista, com o projeto “Preserva minha Lagoa”;
e Victor Soares Martins, de Belém, com o projeto “AguaPET”.
Outras duas categorias também tiveram seus vencedores divulgados.
Prêmio Embaixada da França:
Ananda Marieta Silva Teles – “(A)ratu”, Acarajú, SE;
Pedro Alace Lameira dos Santos – “Ei Manx, cuida do teu rio!”, Castanhal, PA
Prêmio Delegação da União Europeia:
Camila Verrone da Silva – “Projeto Nimue”, Tietê, SP
Vitor Barreto Ribeiro – “Jequi Vivo”, Jequitinhonha, MG