Michael Flynn é um general aposentado que serviu como um dos principais assessores para política externa na campanha do republicano às eleições presidenciais de 2016
Notícias ao Minuto Brasil
O procurador-especial Robert Mueller recomendou nessa terça-feira (4) que Michael Flynn, ex-conselheiro de Segurança Nacional do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, não seja sentenciado à prisão, após a “ajuda substancial” em várias investigações em curso.
Flynn é um general aposentado que serviu como um dos principais assessores para política externa na campanha do republicano às eleições presidenciais de 2016. No governo, foi convidado para ser conselheiro de Segurança Nacional.
Ele foi forçado a renunciar ao cargo em fevereiro de 2017 – 24 dias após assumir -, acusado pela Casa Branca de enganar as autoridades oficiais, incluindo o vice-presidente Mike Pence, sobre o contato que tinha com o embaixador russo em Washington, Sergei Kislyak.
O pedido de Mueller está em um documento judicial protocolado junto a um tribunal de Washington e que diz que Flynn foi um colaborador-chave e forneceu “ajuda substancial” nas investigações sobre a interferência russa nas eleições de 2016 desde que deixou o governo.
O ex-conselheiro teria se reunido 19 vezes com a equipe do procurador-especial e fornecido documentos e outras comunicações. Não é possível saber que tipo de ajuda Flynn deu às investigações. O memorando de recomendação de sentença tem vários trechos rasurados para impedir o vazamento de informações consideradas essenciais pelo procurador.
“Sua cooperação desde cedo foi particularmente valiosa porque ele foi uma das poucas pessoas com compreensão em primeira mão e de longo prazo” sobre o tema da investigação, disse Mueller.
Apesar dos poucos detalhes da colaboração, o fato de Mueller ter pedido que Flynn não cumpra tempo na cadeia gera especulações sobre o tipo de informação que ele teria oferecido -e que muitos acreditam que pode comprometer figuras importantes no governo.
No documento, Mueller afirmou que Flynn forneceu “informação de primeira mão sobre o conteúdo e contexto de interações entre a equipe de transição e oficiais do governo russo”, embora não seja possível identificar os detalhes, rasurados. “O que eu acho é que Flynn ofereceu informação que está permitindo a Mueller montar um caso criminal contra alguém”, afirmou Renato Mariotti, ex-procurador federal, à rede CNN.
A equipe de Mueller afirma no memorando que o ex-conselheiro de Trump pode ter levado outros a cooperarem com a investigação. “A decisão do réu de se declarar culpado e cooperar provavelmente afetou a decisão de testemunhas de primeira mão relacionadas de serem solícitas”, afirmaram os procuradores.
“O réu merece crédito por aceitar a responsabilidade em bom tempo e de ajudar substancialmente o governo”, escreveram. Advogados do presidente Trump não quiseram comentar a decisão de Mueller.
No memorando, há indícios de que Flynn colaborou também com outra investigação criminal diferente do caso envolvendo a interferência russa nas eleições. Flynn é um dos cinco assessores de Trump que se declarou culpado na investigação do procurador-especial.
Em dezembro de 2017, ele admitiu culpa em uma acusação de prestar falso testemunho e de ter mentido ao FBI (polícia federal americana). O procurador-especial tenta determinar se algum assessor de Trump teve algum tipo de coordenação com a Rússia ou buscou ajuda para a campanha do republicano.
O objetivo é saber se Trump pediu a Flynn para entrar em contato com o embaixador russo para sinalizar que a nova Casa Branca seria mais flexível com o governo russo.
Na semana passada, Mueller disse que Michael Cohen, ex-advogado de Trump, estava negociando a construção de uma Trump Tower em Moscou em junho de 2016, bem antes do resultado das eleições, contradizendo declarações do presidente de que ele não tinha negócios com a Rússia.
Com o pedido de sentença branda a Flynn, Mueller parece estar enviando uma mensagem para outras testemunhas de que podem ser recompensadas em caso de colaboração.
Por outro lado, aqueles que se recusam a ajudar o procurador correm risco de punição severa, como é o caso de Paul Manafort, acusado de mentir em contravenção de um acordo de cooperação. Nesta sexta (7), os procuradores da equipe de Mueller vão falar sobre como Manafort violou o acordo, e também devem esboçar a extensão da colaboração de Cohen nas investigações.